GM mantém fábrica em Joinville, mas crise pode atrasar cronograma

Corporação americana está à beira de um colapso; e vendas da subsidiária brasileira têm forte recuo

Sergio Sestrem

A crise no setor automobilístico das principais montadoras sediadas nos Estados Unidos e com subsidiárias no Brasil pode afetar os planos de investimentos em ampliações ou instalações de novas unidades, inclusive a construção da fábrica de motores da GM em Joinville.

Sacudidos quase diariamente por notícias sombrias vindas dos Estados Unidos que põem em xeque o futuro da General Motors Corporation em solo americano, não há como dissociar os reflexos da cambaleante matriz americana sobre a subsidiária brasileira. Esta semana o presidente da divisão brasileira, Jaime Ardila, emitiu nota a imprensa na qual reafirma o momento delicado pelo qual passa a empresa.

“O mercado financeiro global atravessa a sua pior crise das últimas décadas com reflexos em todos os países tantos os desenvolvidos, como aqueles em desenvolvimento”. A nota também lembra o recuo nas vendas registrando o recuo de cerca de 3 milhões de veículos encalhados em depósitos.

Apesar desse quadro, segundo a nota, a empresa aponta crescimento em países em desenvolvimento como Brasil, Rússia, China e Índia, que estão sendo alvos de “agressivos planos de investimento e crescimento”. A nota sustenta ainda que a há dois anos as operações da GM no Brasil passaram a ser lucrativas e que as duas empresas - a sede americana e a subsidiária brasileira - possuem entidades jurídicas distintas. “Por essa razão os investimentos estão todos mantidos entre os quais a nova fábrica de motores em Joinville e um centro de distribuição em Porto Suape (PE)”, prossegue a mensagem.

Por outro lado a situação delicadíssima da empresa americana pode sim comprometer os investimentos em solo brasileiro. No início do mês, o presidente executivo da companhia, Rick Wagoner, veio a público negar a hipótese de falência da empresa “A GM Corporation tomará todas as medidas possíveis para evitar a falência”, afirmou, pouco depois de avisar que a companhia poderá ficar sem liquidez no primeiro semestre de 2009.

Esta semana as três grandes montadoras americanas [GM, Ford e Chrysler] foram pedir socorro adicional de U$ 25 bilhões para evitar falência e comprometer ainda mais a combalida economia americana. Porém, o pedido não foi bem recebido pelo senador Richard Shelby, que sugeriu que as empresas deveriam ter falência decretada por possuírem modelos fracassados. O fato é que o barco começa a fazer água também na subsidiária brasileira. Na edição do último dia 19, a Folha de S. Paulo repercutiu informação da coluna Radar On-line que postou que “não dá mais para esconder: a crise instalou-se na indústria automobilística brasileira”. Segundo a nota da Folha, o quadro sombrio foi revelado depois da divulgação da queda de 32% nas vendas nos primeiros 17 dias de novembro. A nota encerra afirmando que “a GM sofre mais”, com queda de quase 50%.

LIBERAÇÃO

Para tentar afastar riscos no país, o presidente Jaime Ardila pediu autorização da matriz para a liberação de US$ 1 bilhão em investimentos, quantia que também deve ser utilizada para viabilização da unidade de motores em solo catarinense. Segundo ele, a previsão de faturamento para 2008 foi revista para baixo: de US$ 11 bilhões para R$ 9,5 bilhões.

BNDES avalia financiamento

A construção da fábrica de motores da GM em Joinville também pode receber financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que está analisando a viabilidade da operação e ainda não tem data para emitir o parecer.

O banco, com sede no Rio de Janeiro, confirma o pedido de financiamento feito pela subsidiária da GM no Brasil. O assessor de imprensa do banco, Gustavo Henrique Costa, afirmou que o pedido ainda está em analise e sem previsão para divulgação.

A fábrica de motores da GM em Joinville terá investimentos previstos de R$ 350 milhoes. O projeto prevê 120 mil motores e 50 mil cabeçotes ao ano, com geração de 500 empregos diretos e 1,5 mil indiretos.

Para se instalar em Santa Catarina, a GM conseguiu do Estado dois tipos de incentivos fiscais,: Super-prodec e Pró-emprego. Eles postergam o recolhimento de ICMS para empresas que geram emprego e renda.
As obras de terraplenagem prosseguem em ritmo lento no terreno de 500 mil metros quadrados, no km 47 da BR-101, devido também às chuvas. Na primeira etapa, a área construída será de 60 mil metros quadrados, 180 mil metros quadrados de mata nativa serão conservados.

A fábrica da GM em Joinville

R$ 350 milhões de investimento

500 empregos diretos

1,5 mil empregos indiretos

120 mil motores 1.4 flex/ano

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