Para major Emerson Nery, prefeituras só lembram da Defesa Civil quando acontecem tragédias
Sergio Sestrem
A Defesa Civil dos municípios está preparada para atender com rapidez a tragédias climáticas como a ocorrida no último final e semana? O gerente da Defesa Civil do Estado, major Emerson Nery acredita que não. Ele responsabilizou os prefeitos pela indiferença com que tratam as defesas civis na maioria dos municípios catarinenses.
“O problema é que as defesas civis municipais não estão preparadas como deveriam. Nem todos os municípios catarinenses estavam preparados”, relatou.
“As prefeituras só lembram da Defesa Civil quando acontece um desastre”, critica.
O major ressaltou que o alerta na página oficial da Defesa Civil de Santa Catarina esteve atualizado constantemente e que todos os municípios do Estado tinham consciência do que estava por vir.
O gerente da Defesa Civil de Joinville, André Schmalz, afirmou que a realidade no município é diferente. “A situação é crítica, mas temos conseguido responder à maioria dos chamados”.
Porém, desde o último final de semana, são dezenas de ligações de moradores assustados principalmente com quedas de muros, deslizamentos e quedas de árvores. Na tarde da última terça-feira (25) um casal foi pessoalmente à sede da Defesa Civil. Ambos, moradores da rua Teresópolis, se mostravam apreensivos com a possibilidade de queda de um barranco próximo ao terreno.
“Eles disseram que estão com muitas ocorrências e não poderiam nos atender”, diz o homem, que preferiu o anonimato.
No bairro Anita Garibaldi, moradores do Condomínio Villa Fiori reclamam descaso do poder público para solucionar um problema que põe em risco centenas de pessoas.
Uma obra embargada desde 2006 no alto de um morro em frente ao condomínio é o motivo da preocupação. No sábado de manhã duas árvores caíram sobre o muro do condomínio.
Segundo uma moradora, “as árvores tiveram de ser cortadas e retiradas pelos próprios moradores, já que a Defesa Civil não atendeu ao chamado, afirma”.
Horas depois, mais apreensão: o muro de contenção que protegia o barranco começou a ruir, segundo a mesma moradora, por ser mal construído.
“A Defesa Civil veio ao local e nada fez, disse que era esperar cair que não atingiria as casas. Por volta das 22 horas do último sábado (22) o muro caiu”, disse.
No último dia 24, técnicos da Secretaria Regional e Seinfra compareceram ao local e detectaram que a construção, em cima do morro, corre o risco de cair sobre o condomínio que possui seis residências.
Segundo a moradora, os técnicos avisaram que para evitar o acidente a casa deveria ser demolida. “Ao entrar em contato com a Defesa Civil recebemos a seguinte resposta: “Se cair, tem abrigo para todo mundo.”
Os cuidados com as doenças pós-enchentes
Após as enxurradas, os cuidados devem ser redobrados. Depois dos transtornos causado pelas cheias, a população atingida corre sério risco de contaminação por várias doenças. Há também um aumento na proliferação dos vetores de doenças, como ratos e mosquitos, e de picadas de animais peçonhentos, como aranhas, escorpiões e cobras.
A maioria das doenças ocorre devido à ingestão de água contaminada ou pelo simples contato com essa água. Entre as principais doenças, temos a leptospirose, a hepatite,a febre tifóide, o cólera e a dengue.
Em Joinville, para prevenir contaminações, a Secretaria de Saúde de Joinville (SMS) está em alerta e com equipes do setor da Vigilância em Saúde percorrendo as regiões atingidas. Uma das doenças que mais preocupa a saúde pública neste caso é a leptospirose, que ocorre em períodos de enchentes, e é transmitida pelo contato com água ou lama contaminada principalmente pela urina de animais roedores.
A doença também pode ser adquirida durante a limpeza das residências, após a inundação. Por isso, a secretaria pede atenção a toda comunidade após o contato com a água, pois o período de incubação da doença vai de 3 a 20 dias, e os sintomas variam desde febre alta, cefaléia, dores musculares, principalmente nas panturrilhas.
Saiba mais
ESTADO DE OBSERVAÇÃO
QUEM DECRETA - Órgãos de monitoramento meteorológico. EM QUE CASOS - Desastres naturais de intensidade leve a moderada. DURAÇÃO - Indeterminada
ESTADO DE ALERTA
QUEM DECRETA - Órgãos de monitoramento meteorológico e da defesa civil. EM QUE CASOS - Desastres de intensidade forte. DURAÇÃO - Algumas horas
SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
QUEM DECRETA - Órgãos de monitoramento meteorológico e da defesa civil. EM QUE CASOS - Desastres de grande porte. DURAÇÃO - Indeterminada.
CALAMIDADE PÚBLICA
QUEM DECRETA - Prefeituras, estados e o governo federal. EM QUE CASOS - Desastres grandes e com muitas vítimas. DURAÇÃO - No máximo 180 dias
O que é El Niño?
El Nino (“o menino”, em espanhol) representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal
O que é La Niña?
O termo La Niña (“a menina”, em espanhol) surgiu pois o fenômeno se caracteriza por ser oposto ao El Niño. Pode ser chamado também de episódio frio, ou ainda El Viejo (“o velho”, em espanhol). Algumas pessoas chamam o La Niña de anti-El Niño.
O que ocasionou as fortes chuvas? Entre outros fatores as chuvas foram causadas principalmente pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), uma grande faixa de nebulosidade semi-estacionária, que se estende desde o sul da Amazônia, passando pela Região Centro-Oeste e prolongando-se para o Oceano Atlântico, acarretando chuvas que podem ser intensas.
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