Editorial: Ventos da mudança

A eleição de Barack Hussein Obama à Presidência dos Estados Unidos da América tornou-se o fato mais relevante dos últimos tempos. Para o presidente Lula, “é um feito extraordinário que um negro chegue a presidência da maior economia do mundo”. Na verdade, o presidente Lula, que é nordestino, metalúrgico e sem diploma universitário, foi discriminado por boa parte da imprensa do nosso país, que o considerava incapaz de assumir um posto da envergadura que é a presidência do maior país da América Latina. Por isso mesmo, nosso presidente se entusiasmou de um modo especial com a chegada de um negro ao poder da nação mais rica do planeta.

O desafio de Obama nao é pequeno, já que a era de George W. Bush deixa um rastro de guerras mal explicadas, economia esfacelada por grandes déficits na balança comercial americana e por quebradeiras que levaram o sistema financeiro e imobiliário ao pior cenário nos últimos 80 anos.
A seu favor, ele conta com a maioria dos eleitores de seu país, e a esmagadora simpatia do resto do mundo.

O maior problema de Obama é entregar os sonhos que vendeu.

A imprensa brasileira, que agora se rende a novidade encarnada em Obama ao se tornar o primeiro negro como presidente dos Estados Unidos, é a mesma que nos últimos anos criticou duramente as eleições da primeira mulher eleita presidente na Argentina, do primeiro índio a tornar-se mandatário eleito na Bolívia e ao primeiro metalúrgico eleito presidente do Brasil.

Agora, que os ventos mudaram no Norte, espera-se que a imprensa coloque suas velas na direção certa e passe a encarar a vontade dos povos como a voz soberana das democracias.

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