EDITORIAL: O juiz estóico

Aos 44 anos de idade e 17 de magistratura, o juiz federal Fausto Martin de Sanctis é considerado um dos maiores especialistas em crimes de colarinho branco, com diversos livros publicados.

De Sanctis ganhou notoriedade porque por duas vezes mandou prender um dos empresários mais poderosos do país: o banqueiro Daniel Dantas. Com isso, enfrentou e enfrenta o passionalismo do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, que também mandou soltar duas vezes Dantas.

Apesar do bombardeio diário orquestrado pelo grupo do banqueiro e de ter enfrentado nessa semana julgamento no Tribunal Regional Federal, o juiz se mantém estóico em suas posições. Em nota oficial divulgada nessa quarta-feira, 19, De Sanctis explica as razões pelas quais abre mão da inscrição para o cargo de desembargador federal, da maior corte federal brasileira, a qual, teria direito por antigüidade.

Chama atenção o fato de o juiz colocar em destaque as manifestações de brasileiros desconhecidos e que se posicionaram favoráveis à permanência dele como juiz de primeira instância porque dizem confiar no trabalho do magistrado.

Em sua prestação de contas à sociedade, o magistrado afirma: “Acima de tudo, o respeito e a dignidade do ser humano sempre têm que ser preservados, não importando a profissão ou o cargo que ocupa ou o local onde é exercido. Juiz é sempre juiz, independentemente da instância ou de sua nomenclatura”.

O crime organizado precisa ser enfrentado e para isso é preciso que a sociedade apóie aqueles que se dispõem a correr riscos, desafiando poderosos infiltrados nos Três Poderes da República. A atitude do juiz De Sanctis, antes de ser questionada como insubordinação, deve ser vista como um ato de coragem e inteligência de alguém que conhece e entende os mecanismos de subversão causados por esse cancro na sociedade.

Apesar de duramente criticado por seus pares, De Sanctis colhe também reconhecimento de grande parte dos brasileiros que querem ver este país passado a limpo.

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