Quatro anos sem limpeza

Moradores que até então nunca sofreram com cheias denunciam que Tebaldi abandonou limpeza de bocas-de-lobo

Sergio Sestrem
reportagemjoinville@gmail.com

As consequências do descaso com o serviço de limpeza e manutenção das bocas-de-lobo, por parte da gestão do tucano Marco Tebaldi, vieram à tona literalmente nos últimos meses, explodindo como uma bomba-relógio no início da administração do prefeito Carlito Merss (PT). Em praticamente todos os bairros da cidade, a realidade é uma só: Joinville está completamente entupida, fazendo com que regiões que nunca sofreram alagamento agora tenham que conviver com o drama das cheias.

Segundo o prefeito Carlito Merss, há praticamente quatro anos o serviço não era executado regularmente na cidade. Ele determinou a todas as secretarias regionais que a limpeza das bocas-de-lobo fosse realizada em regime de urgência.

Em todas as partes do município, o que se vê é o mais completo abandono de sarjetas e bueiros, caixas coletoras totalmente obstruídas, tubulações completamente entupidas numa flagrante demonstração de omissão por parte do poder público.

Quem paga um preço alto por anos de descaso como sempre é a população. A dona de casa Sandra Luiza Alexandre, 42 anos, moradora do bairro Morro do Meio demonstra intranqüilidade toda vez que percebe o acúmulo de nuvens no céu. "Fico preocupada. Nossa rua não costumava alagar. Agora qualquer chuva já enche. No último alagamento, a água chegou a subir pelo esgoto de casa", conta.

Joinville entupida de Norte a Sul

Na última terça-feira (20), uma equipe da Secretaria Regional do Nova Brasília se deslocou até a rua da moradora para executar os serviços de desobstrução da tubulação que passa em frente a sua residência. "O pessoal não vinha fazer limpeza há muito tempo, nem me lembro a última vez que estiveram aqui na rua", desabafa.

Em frente à rua Minas Gerais, o coordenador da Regional do Nova Brasília, João Batista Tomaz, 43, acompanhava o trabalho dos funcionários que retiravam uma grande quantidade de entulhos de dentro da tubulação.

Tomaz afirmou que os pedidos são tantos que os funcionários quase não conseguem atender toda a demanda. Na região do bairro Paranaguamirim, a situação não é diferente. Moradores denunciam que há anos não viam funcionários fazendo a limpeza das bocas-de-lobo. Segundo o secretário Lioilson Mário Corrêa, há apenas um hidrojato que executa a limpeza das tubulações, mas que na última segunda-feira estava quebrado.

Na rua Adolfo da Veiga, um morador fazia o trabalho que seria da empresa responsável pela limpeza de vias pavimentadas. Com a pá em punho ele removia quilos de barro e saibro do asfalto. Na mesma via, num trecho de 1 quilômetro, contavam-se mais de 10 bueiros quebrados ou totalmente obstruídos.

Novos secretários indignados com abandono

Por volta das 7h30 da manhã da última quarta-feira (21), uma equipe de funcionários da Secretaria Regional do Centro se dividia entre os trabalhos de remoção de grelhas e limpeza de bocas-de-lobo. Encontraram ali os motivos que fazem da região central uma das mais atingidas por enchentes. Todos os bueiros estavam entupidos, em alguns casos até garrafas PET foram encontradas.

De um dos bueiros, funcionários retiraram um carrinho cheio de entulhos. Um funcionário comentou que se o serviço fosse realizado constantemente por quatro ou cinco equipes, o problema das cheias na região central seria minimizado.

A grave realidade revelada pelas sarjetas deixou perplexos os secretários da Infra-estrutura, Nelson Trigo, e do Centro Rochelli Grendene."A situação é calamitosa", declarou a secretária. "Esse descaso vem de tempos e agora estamos lidando com o caos", afirmou.

O secretário de Infra-estrutura, engenheiro Nelson Álvares Trigo, lembrou que as ações implementadas pelas regionais, em curto prazo, visam minimizar ajudam a minimizar os estragos causados pelas chuvas em alguns pontos da cidade. "A população tem que estar consciente de que estamos trabalhando para diminuir as possibilidades de novas cheias, vamos ter que recuperar o tempo perdido e contamos com a colaboração da comunidade.

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