Para Mariani, Sandro foi incoerente

Deputado questiona discurso e prática contraditórios do vereador do PPS

• Sergio Sestrem
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O deputado federal Mauro Mariani (PMDB) visitou a redação da Gazeta de Joinville na última segunda-feira (5) minutos após participar da reunião interna do partido para decidir a participação da sigla na administração do prefeito Carlito Merss (PT). Ele comentou a vitória do vereador Sandro Silva (ex-PFL e atualmente no PPS) à presidência, falou da atuação do seu partido no episódio e não descartou permanecer na Câmara dos Deputados – como querem os vereadores do partido que atribuem ao suplente de deputado José Carlos Vieira (DEM) a articulação que levou o vereador Sandro Silva a se aliar com o bloco oposicionista.

ENTREVISTA

O que aconteceu com a eleição da mesa diretora da Câmara de Vereadores?
Quando DEM e PSDB viram que não tinham condições de fazer a presidência, eles foram ao elo mais fraco da corrente e disseram: "Olha, você quer ser presidente? Nós te damos os oito votos." Foi isso.

O governador teria facilitado as coisas para a oposição?
Lógico que não. Logo após o segundo turno das eleições, o governador Luiz Henrique (PMDB) afirmou em Florianópolis que não iria interferir no processo de escolha da nova mesa diretora da Câmara ou na participação do partido no governo Carlito. O que ele ganharia prejudicando o partido? Nada.

O senhor chegou a tratar do assunto com o vereador Sandro Silva ?
O Sandro veio me falar que a Tânia não o procurou. Eu cantei a bola pra ele: "Sabe o que eles (oposição) vão fazer? Eles irão lhe procurar e vão lhe oferecer a presidência". Sandro foi o elo mais fraco da corrente.

Mas um vereador de seu partido cobrou maior empenho...
O que estava ao meu alcance eu fiz. Fiz um apelo ao Sandro, ao deputado Vieira, ao Dr. Xuxo. Tentei contato com o Juarez, mas não consegui, falei com todos que eu podia falar. Aquilo que eu podia fazer eu fiz.

Sandro foi o único elo mais fraco?
Eles (oposição) tentaram isso também com o PMDB e foram procurar o Jucélio Girardi. Por uma questão de coerência, o Jucélio disse "não". Nós não poderíamos discursar uma coisa e praticar outra.

Faltou coerência ao PPS?
Os vereadores do PPS foram no mínimo incoerentes. Discursam que são da base, mas negociam com a oposição. Isso jamais vamos fazer.

Quais as conseqüências disso?
Sandro corre um sério risco de ter tido uma "vitória de Pirro" [uma vitória tão desastrosa que mal se distingue de uma derrota]. Com este fato criado e consumado, fica claro que os dois vereadores do PPS [Sandro Silva e Juarez Pereira] não fizeram o jogo da bancada de sustentação. Isso custou a participação do partido na administração do prefeito Carlito Merss. Sandro pensou apenas no projeto dele e isso pode custar caro lá na frente.

O suplente de deputado José Carlos Vieira (DEM) tem sido apontado como o pivô da articulação pró-oposição na Câmara. O senhor não se sente tentado a continuar deputado em Brasília?
Tenho compromisso com o governador Luiz Henrique para voltar à Secretaria de Infraestrutura. Mas tudo pode acontecer. Eu posso continuar na Câmara dos Deputados ou quem sabe assumir a Secretaria de Infraestrutura por apenas um mês e depois retornar a Brasília. Ainda não tem nada definido.

O que esperar do governo Carlito Merss?
Eu penso que o Carlito reúne as condições de fazer um grande governo. Ele vive um momento legal em Brasília, o partido que ele ajudou a construir está no poder. Ele conhece as pessoas que ocupam cargos estratégicos no governo, tem o respeito de todos os ministros.