EDITORIAL: O teatro desmascarado

Um marqueteiro sem nenhum escrúpulo ensinou a um político do mesmo quilate que ganha a eleição aquele que fizer a maior promessa, não importando o quanto ela fosse mirabolante ou inexequível. O importante era prometer, não importa o quê.

Essa fórmula virou mandamento e fez prefeitos em Joinville na última década. A cada eleição, renovava-se uma lista de promessas que se sabia impossíveis, muitas vezes sem se dar ao trabalho de mudar o nome da proposta.

Foi assim com a decantada "Beira-mangue", o teleférico no Morro do Boa Vista, a ponte sobre o rio Cachoeira, no Bucarein, e o viaduto sobre os trilhos na avenida Getúlio Vargas. Todas promessas vendidas ao público em programas eleitorais superproduzidos, algumas com imagens bem elaboradas de computação gráfica e repetidas à exaustão por radialistas matinais.

E nesta eleição não foi diferente. A poucos meses do pleito, o então prefeito Marco Tebaldi (PSDB) anunciou a construção do Eixo Norte-Sul, obra que importaria na duplicação integral do sistema viário que liga o futuro campus da UFSC, na zona sul, ao aeroporto, no norte, cortada por viadutos, passarelas e outras benfeitorias.

Com vistas na eleição que se aproximava, garantiu que o financiamento estava liberado e que não restava qualquer impedimento para o início das obras.

Às vésperas do primeiro turno, o ex-prefeito chegou a pôr máquinas mexendo terra próximo ao Mercado Municipal e placas anunciando o início do empreendimento. Os radialistas fizeram sua parte levantando a bola para o prefeito em longas entrevistas.

Mas, desta vez não deu certo. Passadas as eleições, as máquinas sumiram, só ficaram as placas, e o joinvilense descobriu que tudo, novamente, não passou de teatro.

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