GOVERNO CARLITO: 100 DIAS SE PASSARAM

Na semana em que completa 100 dias à frente da administração da maior cidade do Estado, o prefeito Carlito Merss (PT) recebeu a reportagem da Gazeta de Joinville na última terça-feira (7). Por uma hora, ele comentou sobre as dificuldades iniciais geradas pela ineficiência do sistema de informática que comprometeu o fechamento das contas de 2008 e engessou os primeiros meses de seu governo. Carlito também ressaltou que jamais prometeu baixar as tarifas de água e afirmou que ainda espera uma maior discussão sobre a planilha de custos do transporte coletivo de Joinville. Confira a entrevista:

No início do ano, o senhor reclamava que era difícil governar no escuro. O que mudou depois da entrega do balanço no mês passado?
A escuridão reduziu um pouco, mas eu continuo governando sem segurança da receita e despesa. Eu não tenho noção ainda hoje (dia 7 de abril) de qual é o total desses empenhos anulados que eu vou ter que pagar, porque se o fornecedor apresentar a nota e provar que fez o serviço, eu vou ter que pagar. Todo dia a gente é surpreendido aqui na Fazenda com fornecedores entregando notas e cobrando dívidas.

E qual é realmente o valor da dívida herdado pela sua gestão?
Carlito Merss: Hoje pelo menos eu sei de uma coisa, sei do tamanho do rombo. A situação pouco difere daquela apresentada no dia 2 de fevereiro. Os números continuam valendo: R$ 9 milhões de déficit de caixa e isso é grave, R$ 54 milhões de restos a pagar, e o mais grave de tudo: R$ 51 milhões foram cancelados, mas estão aparecendo muitas notas.

E a suposta dívida de R$ 100 milhões... Quem levantou esses números?
Os números apresentados no início de fevereiro não foram criados por mim ou pelo secretário Marcio Florêncio. Eles foram fornecidos pelo ex-contador da confiança de Tebaldi, o José Marcos de Souza.

Há ainda alguma pendência junto ao Tribunal de Contas do Estado?
Ainda enfrentamos problemas na questão dos números, não foi feita a prestação de contas do último quadrimestre, não foram entregues as contas do primeiro semestre. Com relação às dívidas, recebemos o Hospital São José com uma dívida de R$ 10 milhões, que já estamos pagando; mais R$ 5 milhões com a Conurb, R$ 15 milhões com a Univille e outra dívida com a Ipreville. O que eu vi aqui a partir do dia 2 de janeiro foi empreiteiro desesperado.

E sobre o sistema de informática, o pivô do atraso. Como isso vai ser resolvido?
A Aporte parece ter uma boa experiência no setor privado, mas percebe-se que não tem experiência no setor público. E nós não temos o que fazer atualmente, porque eles têm um contrato que prevê entregar o sistema até junho.

Que palavra resumiria os 100 primeiros dias do seu governo?
Na área das contas, “vergonha”, por ver Joinville em uma situação dessas, de ver que a maior cidade do Estado não tem controle sobre os números depois de R$ 9 milhões gastos pela gestão passada e de forma antecipada. Mas ainda assim, a minha impressão pessoal é de esperança.

Quais as mudanças que já foram implantadas na saúde?
Para mim, a grande conquista é nos estarmos pagando integralmente a folha de pagamento dos servidores do Hospital São José. E desde o mês passado, nós estamos repassando mais de R$ 400 mil/mês da dívida que nós temos com essa instituição. O grande desafio é colocar o quarto andar em funcionamento e já iniciar a instalação de 19 leitos para o setor de queimados do hospital.

E o acelerador linear?
O desafio maior é desentranhar essa novela do acelerador linear. Teremos que fazer uma nova licitação. Sabemos que aquela obra não custa menos de R$ 1 milhão. Tentaram contratar uma obra por R$ 600 mil, a empreiteira veio ali ficou três dias e foi embora. É uma vergonha. Há interesse de todo o jeito em tentar inviabilizar a obra. Enquanto isso, as pessoas são queimadas vivas lá com um equipamento à base de cobalto.

Quando o PA do Aventureiro vai efetivamente começar a atender?
A obra está fisicamente pronta. Nos só vamos colocá-lo em funcionamento com equipamento e pessoal. Eu podia fazer um foguetório agora, mas para isso vamos tentar buscar recursos nos próximos 90 dias para equipar o local e contratar pessoas para trabalhar.

As propostas de aumento nas tarifas de água e transporte coletivo tomaram conta das discussões nesses primeiros meses...
Na questão da água, houve pedido de atualização (recuperação da inflação). A solicitação do ex-presidente da Águas de Joinville foi de 12% que seria a inflação mais 5% e aumento real. A Amae entendeu que teria que recuperar a inflação do período por isso pediu 6,41%.

Sua decisão em relação aos aumentos será técnica ou política?
Técnica. Eu lutei muito para manter a Águas de Joinville como uma empresa pública. A empresa tem três anos e vem provando que é viável, sendo administrada com seriedade. Os investimentos que ela precisa fazer são muito altos nos próximos períodos.

Mas a Cia. Águas de Joinville tem mais de R$ 40 milhões em caixa?
É injusto ou desinformação dizer que a Cia. Águas de Joinville tem R$ 40 milhões em caixa. Acontece que investimentos que deveriam ter sido realizados na ETA do Piraí no ano passado na foram feitos, por isso o dinheiro ficou depositado. Essas obras são urgentes. A Águas de Joinville é a principal ferramenta que nós temos para viabilizar o tratamento de esgoto. O PAC do Jardim Paraíso ou do Paranaguamirim só está sendo possível graças à fiscalização da Águas de Joinville, tudo depende da saúde financeira da empresa.

O senhor se comprometeu em baixar a tarifa de água?
Nunca prometi baixar a água. Se alguém está repetindo isso, está mentindo, não há uma fala minha sobre isso. Quando absorvi as propostas do Kennedy Nunes e do Rodrigo Bornholdt sobre isso, a discussão era de que os usuários pagassem apenas pelo o consumo. É injusto uma pessoa que consome 3 ou 4 m3 pagar 10m3. Vamos fazer com que as famílias atendidas pelo Bolsa-Família sejam beneficiadas com a tarifa social.

E as tarifas de ônibus?
Eu falei aos empresários que nós iríamos transformar a planilha em algo transparente. Falta agora mais uma série de informação sobre o sistema. A questão do aumento dos insumos está clara. Mas o problema não é o transporte coletivo e sim o sistema, por que as empresas operam também no transporte de trabalhadores. A prefeitura deveria controlar isso também. Nesses dois meses ninguém está questionando a planilha.

O senhor pretende aumentar a base de sustentação do governo na Câmara de Vereadores?
Eu acho que a decisão desses primeiros dois anos foi dada pelo PPS e pelo PSL. O PPS tomou a decisão de ser oposição ao governo. Eles se aliaram ao DEM e têm feito uma oposição duríssima ao governo, isolaram os nove vereadores do bloco governista e passaram um trator em todas as votações.

O senhor teme derrotas de projetos na Câmara?
Vou manter uma relação republicana nesses dois anos. Encaminhamos o PPA (Plano Plurianual) que é o grande debate atualmente e que vai nortear os investimentos no município nos próximos quatro anos, espero que a Câmara qualifique o debate.

Qual a percepção que o senhor tem da população em relação a sua administração?
Nós não fizemos pesquisa, mas as pessoas têm claro que nós estamos sendo muito transparentes em todos os temas da água, da tarifa do ônibus, dos problemas das escolas. E isso vale para a saúde. Nós não vamos mentir. Não espere desse prefeito demagogia, fanfarronice, factoide, não vai ter. Resolveremos o problema com os pés no chão.

11 comentários:

Anônimo disse...

Boa entrevista. Há verdades e meias verdades.

Anônimo disse...

Carlito, porque o senhor não executa a APORTE? Houvi dizer que veio gente de Brasília visitar a APORTE a pedido do Senhor e disseram que o sistema era bom, que tava tudo certo, e agora?

Anônimo disse...

Esse sistema não vai funcionar NUNCA, NÃO ESPERE CHEGAR EM JUNHO.

Mauro Fonseca disse...

O calculo é simples. Quem consome R$ 100,00 de água, pagará R$ 6,50 de reajuste a mais no mês. Dividindo-se por 30 dias, o aumento se resumirá em R$ 0,21 centavos. E olha que uma parcela muito pequena paga esse valor. A maioria da população paga um valor bem menor. Então pra que essa lamentação toda em cima de algo insignificante para a população? politicagem?

Reinaldo Paulista disse...

A Choradeira vai até quando? quando vão começar a trabalhar!

Anônimo disse...

SE ESTÁ NO ESCURO NÃO GOVERNAR. OLHA A RESPONSABILIDADE. CONTRATE OUTRA EMPRESA, FAÇA O QUE FOR NECESSÁRO PARA O BEM DE JOINVILLE.

Anônimo disse...

O aumento deve ser pra cobrir os altos custos da Engepasa Ambiental, afinal de contas quem está faturando mais que a própria Cia Àguas de Joinvile, com a municipalização desse serviço, na minha opinião é a Galinha dos Ovos de Ouro de Muita Gente.

Um novo sentido ao "PAC" (Por que Acreditei no Carlito). Esse é o novo Slogan do "PAC" aqui em Joinville.

Anônimo disse...

Torcedor do time da marginal sem número? Carlito Gambá!
99 anos sem libertadores!

Anônimo disse...

Mauro Fonseca. E empresas como fábricas de máquinas, como uma que conheco e não citarei o nome por ética, que gasta 22000 reais por mês em agua??? E não é das maiores. Esse aumento custa pra cada empresa dessas o custo de dois empregados.
Além do que tira em torno de 5 milhòes de reais por ano da população. Isso não se faz, nem se imagina fazer em épocas em que se tenta evitar a chegada da crise ao Brasil.

Luiz Fernando Biasi disse...

Nõ se tem como negar que perto de Tebaldi, Carlito está dando um show. Mas convenhamos que isso é fácil, pq esse pessoal mandado pelo "conterraneo"Luiz Henrique só vem mesmo pra aproveitar-se da terra em que nasceu.

Anônimo disse...

Votei em ti senhor Carlito, mas confesso que ja estou arrepsmdido.
Agora nega tudo, não prometi isso, não prometi aquilo, porém basta ter um pouquinho de conciência para saber que este não é o momento para aumentar qualquer tipo de tarifa.
Penso que o povo ja deve estar se perguntando, não teria sido melhor se o Kennedy tivesse ganho?