Empresas de telefonia desrespeitam consumidor

Em dezembro do ano passado, o engenheiro químico e professor Luiz Coelho recebeu uma ligação da Brasil Telecom oferecendo-lhe um pacote de serviços adicionais sem aumento na mensalidade. A oferta tentadora foi aceita no mesmo dia. Passado um mês, veio a desagradável surpresa. A nova tarifa veio reajustada trazendo discriminado o custo pelo novo serviço, algo em torno de R$ 100 a mais. Luiz ficou indignado.

“Quando eu recebi a conta liguei para a companhia telefônica para cancelar o serviço. Eles alegaram que eu não podia voltar atrás por causa de uma suposta cláusula de fidelidade”, explicou o engenheiro.

Luiz questionou o atendente sobre a tal cláusula, que duraria por um ano. Do outro lado, o funcionário justificava que no dia em que foi oferecido o serviço, o cliente teria sido avisado sobre as sanções que poderiam advir da “quebra de contrato”. O engenheiro foi ameaçado de ter o nome incluído no SPC e Serasa.

Não se intimidando, Luiz argumentou então que queria ouvir a gravação na qual ele concordaria com a condição. Não obtendo resposta, o engenheiro avisou ao atendente que, caso o serviço não fosse imediatamente cancelado, denunciaria a empresa ao Procon. O atendente demonstrando desdém falou: “Pode reclamar”.

Casos assim multiplicam-se pelo país. As operadoras telefônicas são juntamente com os bancos as campeãs em queixas contra direitos do consumidor. “As maiores reclamações vão do mau atendimento a casos de cobrança indevida”, afirma o gerente do Procon de Joinville, Jorge Nemer Filho.

Refém das operadoras

O representante comercial Rogério Ceconello é outra vítima do descaso das operadoras telefônicas. Ele precisou mudar de residência e foi obrigado migrar suas três linhas da operadora GVT para a Brasil Telecom, pois a GVT não oferecia serviço de internet no novo endereço. Rogério teve a promessa de que os números seriam mantidos pelo sistema da portabilidade.

“A Brasil Telecom havia garantido e agendado a portabilidade, mas no dia marcado não cumpriu com o combinado. Eles disseram que o pedido foi simplesmente cancelado do sistema”, contou Rogério, que acumula prejuízos e desgaste moral.
Por vários dias, Rogerio teve de enfrentar um verdadeiro pingue-pongue, indo de uma empresa a outra para saber o que estava emperrando a troca. “Fiz várias outras solicitações e aguardei o prazo, mas sempre acontece a mesma coisa”, desabafa o jovem empresário.

“Ao tentar falar na ouvidoria, ninguém sabe dar informação precisa, descumprindo novas regras”, reclama.

Depois de várias horas perdidas ao telefone e dezenas de protocolos anotados, Rogério advertiu à empresa que iria denunciar o caso ao Procon. “Reclamei junto à Anatel e pedi todas as gravações do atendimento, mas a empresa Brasil Telecom disse que por problemas técnicos não poderia disponibilizar as gravações de todos os protocolos de ligações, ou seja, algo está muito errado, concluiu Rogério.

Cliente deve exigir tudo por escrito

Para o engenheiro químico Luiz Coelho, não foi o valor cobrado indevidamente que o fez procurar o Procon. “Um dia eu estava em uma fila de banco e ouvi muitos relatos semelhantes ao meu, mas as pessoas alegavam que preferiam pagar a enfrentar a ameaça de terem o nome registrado no SPC/Serasa”, afirmou Coelho.

“Agora, pensa? Quantas pessoas no país inteiro preferem pagar para não se incomodar depois do cansaço que elas levam dos atendentes”, questiona Luiz, que tem audiência confirmada para o próximo dia 9. Ele havia agendado em dezembro.

O engenheiro afirma que a questão não é o valor cobrado em si, mas a falta de clareza por parte das empresas quando oferecem um serviço. “Elas são muito superficial”, completa.

Para casos assim, o gerente do Procon, Jorge Nemer Filho, recomenda que tudo seja devidamente especificado por escrito. “O cliente deve exigir tudo por escrito antes de aceitar um serviço vendido por telefone”, aconselhou.

O grande número de reclamações que chega ao Procon de Joinville causa atraso na marcação de audiências. O representante comercial Rogério Ceconello teve sua audiência marcada para o dia 6 de julho.

Onde reclamar

Anatel (www.anatel.gov.br ou Fone 133)
Procon (www.proconjoinville.com.br ou Fone 3473-0272)

Saiba mais

7110 foi o número de processos abertos pelo Procon de Joinville em 2008

Desses, 26% se referiam exclusivamente a empresas de telefonia

327 foi o número de reclamações registradas contra empresas de telefonia nos dois primeiros meses do ano

35 é a média de audiências por dia

70% é a média de resolução das reclamações

90 dias é a média de tempo desde o encaminhamento do processo até a marcação de audiência

4 comentários:

Unknown disse...

É isso que dá. A "PRIMA DONA" Fernando Henrique Cardoso privatizou os serviços de Telecomunicações no grito e não deixou estrutura alguma de fiscalização. ANATEL é uma piada. O Lula se preocupa com outras coisas. O povo fica entregue aos bandidos. Isso mesmo. Os donos das teles no brasil são bandidos, e dá pior espécie. Lá fora eles respeiram os consumidores, aqui no Brasil eles " pintam e bordam". Enganam permanentemente o povão. Não é à toa que as reclamações batem recorde em comparação aos demais serviços.
Trabalhei na area de telecomunicações durante 30 anos e não canso de me surpreender com os absurdos que essas empresas fazem com o povo brasileiro.
O serviço de atendimento ao cliente estava tão absurdo que a ANATEL resolveu implantar novas regras. Pergunta se adiantou ? Nada. Eles continuam os mesmos.
Só para lembrar. No tempo das estatais, a tarifa básica era em torno de R$ 9,00. Depois da privatização passou imediatamente para R$ 39,00. Ou seja, o indivíduo não faz ligação alguma e no final do mes tem que pagar no mínimo R$ 39,00.
O serviço de INTERNET é o maior crime. A maioria não entrega a velocidade prometida no contrato e o valor é o maior do mundo. O povão desconhece e não confere a velocidade e por isso mesmo não reclamam. Eu constatei junto a um tecnico terceirizado. As concessionárias aproveitam, deitam e rolam.
Quanto ao valor da tarifa. É um absurdo. As novas tecnologias que surgiram após a privatização, seriam para abaixar os custos das ligações, mas aqui no Brasil continuam altas.
Um amigo da ANATEL me informou que essas empresas estão sendo multadas com muita freguencia. Valores astronômicos. Eu duvido que essas multas estão sendo pagas. Essas multas vão para BRASÌLIA. Voces entenderam ?

Anônimo disse...

o que eu ja constatei é que esta empresa esta preparada para falcatrua,o que aconteçe é que se o consumidor reclama de um serviço,cedo ou tarde resolvem,mas a maioria dos consumidores nao observam a conta, entao,a empresa vai recebendo.imaginam quantos milhoes de consumidores sao lesados sem perceber,e a empresa enriquecendo...alias...o dono desta empresa por acaso é politico?

Nelson Jvlle disse...

O Roberto já disse tudo. É exatamente isso. Estamos à mercê de marginais e bandidos de gravata à altura de um Fernandinho Beira-Mar.
E a tudo nossas autoridades assistem impassíveis. Essas situações se repetem à exaustão desde a primeira privatização, e nada...mas nada mesmo acontece.
Só acreditarei na seriedade e eficiencia dos "órgãos reguladores" (grande piada) quando empresas do tipo BrasilTelecom perderem as suas concessões, por desrespeito ao consumidor. Quanto ao Procom....dá dó. Por enquanto ele só pode servir de balcão de reclamações, serviço que faz de graça no lugar das Concessionárias....
Ele até que tenta, mas....o roubo e desrepeito continuam. Nada acontece.
Está na hora de questionarmos até o Procom. (Desculpem-me os bravos soldados daquele órgão. Mas voces estão sem cobertura e sem apoio nem do Governo, nem da Justiça. É um trabalho elogiavel, mas pouco efetivo. As "brasiltelecoms" continuam pintando e bordando e nada muda)

Anônimo disse...

CONCORDO COM O NELSON, O PROCON SÓ RESOLVE AS COISAS QUANDO AS PARTES ACORDAM, DO CONTRÁRIO, NÃO RESOLVE NADA.