Piraí do Sul: A cidade que brotou da fé




Frei Galvão passou pela região em 1808, pregando e atendendo multidão de enfermos

A história de uma pequena cidade no interior do Paraná está associada à de um homem cuja trajetória de fé e devoção foi reconhecida mundialmente após a definitiva santificação, concedida pelo papa Bento XVI, em 2007.

A região em que hoje está localizado o município de Piraí do Sul foi palco de uma verdadeira história de milagres e dedicação à fé católica, e seu principal personagem, o santo Frei Galvão.




“Declaramos e definimos como santo o beato Antônio de Sant’Anna Galvão e o inscrevemos na Lista dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja ele seja devotamente honrado entre os santos”... (Papa Bento XVI)


É fato que o frei passou pelos acampamentos das rotas de tropeiros em 1808, pregando e atendendo aos enfermos. Em seus roteiros, Frei Galvão distribuía suas "pílulas"de cura à multidão que vinha de todas as partes em busca de cura.

Nesta região, ele se hospedou na casa de dona Ana Rosa Maria da Conceição, e antes de ir embora, deixou uma recordação à dona da casa que o acolhera, uma gravura da santa considerada a Padroeira dos Acampamentos: Nossa Senhora das Barracas.

Frei Galvão teria dito para que ela e sua família venerassem sempre a efígie, porque era muito milagrosa. Ana Rosa pôs a lembrança numa moldura de madeira e fazia suas orações diante da imagem. Ficou viúva, casou pela segunda vez com o tropeiro Joaquim Maciel de Almeida e mudou de cidade. Durante o trajeto, a imagem se perdeu.

Ao retornar para procurá-la, todo o campo da região havia sido queimado para a renovação da terra. E eis que após um grande incêndio, em meio a uma única brota de capim não incendiada, é encontrada a imagem da santa com a moldura queimada, mas com a imagem em papel fino praticamente intacta.

Novos milagres de frei Galvão:
Joinville foi palco de milagre do primeiro santo Brasileiro

Menina de dois anos saiu ilesa de um grave acidente e disse que Frei Galvão a segurou para salvá-la

A professora Maria Beatriz Barbosa Búrigo, de 65 anos, é devota de Frei Galvão desde sempre. A dedicação ao santo brasileiro foi passada pela avó, já falecida, que a educou na fé.

A convicção no poder milagreiro de Frei Galvão foi retribuída não apenas com graças, mas sim com dois milagres em sua família.

Muito antes do acontecimento destes milagres, a professora pesquisou a história do então beato, e começou a divulgar a trajetória do frei para os alunos e amigos da comunidade.
Alguns anos depois, começaram as visitas ao mosteiro da Luz, em São Paulo, o templo construído pelo Frei Galvão com suas próprias mãos e que hoje é considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Maria Beatriz soube que o mosteiro iria ganhar uma nova imagem do beato, e ela acabou conseguindo trazer a antiga estátua a Piraí do Sul, já que a cidade havia sido cenário para um de seus milagres e possuía parte das relíquias, mas não tinha nenhuma imagem do beato.

Durante um tempo, a imagem de Frei Galvão chegou a ficar em um local improvisado na Casa da Cultura da cidade onde Maria Beatriz foi secretária municipal. Porém, em uma transição de prefeitos, o pequeno santuário foi desmanchado e a imagem colocada nos fundos.

"Quando eu soube, fui lá e levei o São Galvão para minha casa, pois lá ele ficará no melhor lugar que eu tiver. Por anos deixamos a porta da sala aberta para que as pessoas entrassem para rezar" conta Beatriz.

O fato da canonização chamou a atenção da igreja, que incorporou a imagem na procissão de Nossa Senhora das Brotas, que com a ajuda do frei, passou a atrair milhares de fiéis a Piraí do Sul neste período. O santuário de Nossa Senhora das Brotas foi finalmente concluído em 1985. A realização da obra foi a condição que dona Beatriz colocou para doar a imagem à igreja.
Na época, sua neta de dois anos e meio chorou muito ao ver a imagem de Frei Galvão deixar a casa da família rumo ao local de adoração.

Um milagre em Joinville...

É o marido de dona Beatriz, seu Walter Búrigo, que conta o incrível fato que aconteceu à sua família em 2004. Em viagem a Santa Catarina, o casal soube da vinda de um frei proveniente do Mosteiro da Luz e que se hospedaria em sua casa, por isso resolveram retornar às pressas a Piraí do Sul.

No caminho, passando por Joinville, uma forte chuva fez com que a pista ficasse cheia de água, e num trecho próximo a Garuva o carro sofreu com aquaplanagem na pista e rodou, batendo na mureta de contenção.

Com o impacto, sua neta, Leandra Búrigo, atravessou o vidro do carro e foi arremessada no asfalto a uma enorme distância. Apesar do carro ter sido completamente destruído, os ocupantes sofreram apenas ferimentos leves. Em seguida, veio o mais impressionante: enquanto saíam do carro, ainda atordoados pelo acidente, os familiares notaram a menina, na época com dois anos e meio, caminhando em direção a eles sem nenhuma marca de ferimentos.

Mal podiam acreditar no que estavam vendo, eles abraçaram a menina e, em meio a lagrimas e surpresa, a pequena Leandra os acalmou, explicando que um homem a segurou. A família sem entender o que aconteceu indagou: "Mas que homem, minha filha?". E com toda a calma do mundo a menina respondeu: "O Galvão, mamãe! Aquele que estava lá em casa. Eu conheço ele!"
O frei, que iria se hospedar em sua casa, no momento do acidente deixara uma nova imagem de Frei Galvão, que há anos vinha prometendo à dona Beatriz. Depois disso, o casal decidiu que finalmente era hora de construir uma tão sonhada capela para Frei Galvão em sua própria casa.
...Outro milagre em Piraí do Sul

Por mais uma vez, o poder milagreiro de Frei Galvão se manifestou. A segunda neta de dona Beatriz Búrigo tinha poucas chances de sobreviver a uma fibrose cística fulminante, detectada ainda na gestação. A mãe também corria sérios riscos de morte.

Desta vez, foi a família e comunidade que intercederam a favor desta criança. Depois de diversos diagnósticos positivos, a doença acabou desaparecendo milagrosamente e a mãe se recuperou prontamente.

A vida da família Búrigo desde então nunca mais foi a mesma, o milagre ganhou repercussão nacional. A família participou de diversos programas de televisão em São Paulo para falar sobre o milagre de Frei Galvão.

Depois de alguns meses, foi construída a capelinha para o santo, no quintal da casa da família. Ali os portões estão sempre abertos a qualquer pessoa que queira entrar para rezar. O lugar é frequentado diariamente por diversas pessoas que às vezes chegam a ficar até tarde orando.

A família nunca teve nenhum problema de roubo ou vandalismo e segue incentivando a fé em Frei Galvão. O casal Búrigo também distribui ali as pílulas de Frei Galvão, ao qual frequentemente são atribuídas as curas. As pílulas são abençoadas pelas freiras enclausuradas do recolhimento de Nossa senhora da Divina Providência, do Mosteiro da Luz, de São Paulo.

Um comentário:

linduca5 disse...

Parabens pela bela e interessante reportagem