EDITORIAL: Foi mais que um voto

Era para ser apenas mais um voto. A sala da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça esperava o pronunciamento da desembargadora Salete Sommariva sobre o processo que condenou o pedreiro Oscar.

Mas, o que veio não foi só um voto: As pessoas presentes ouviram durante três horas e oito minutos um relato minucioso, detalhado e profundo de tudo que cerca o caso que começou com a morte da pequena Gabrielli, exatamente dois anos antes, e culminou com a condenação do pedreiro, em agosto passado.

Foi mais que uma aula, senão uma revelação, no mínimo a síntese de um trabalho que encerra em si a expressão maior que o Judiciário pode proporcionar: a verdade, o direito, a Justiça.

Ninguém saiu daquela sala do mesmo tamanho que entrou. Todos que presenciaram a leitura do voto da desembargadora, suas expressões faciais, sua preocupação em bem explicar cada tópico, mostrando inclusive fotografias juntadas ao processo, foram tomados de um sentimento que levou alguns dos presentes às lágrimas, quando não àquela sensação estranha de engolir a seco.
Ninguém saiu impassível daquela sala. Desta vez, uma voz vinda do Judiciário dizia o que esta Gazeta há muito repetia: o processo contra o pedreiro Oscar está recheado de irregularidades, sua prisão foi arbitrária e sua condenação obtida com provas ilícitas.

O voto da desembargadora, tida como rigorosa, reforça o surgimento de uma nova fase no Poder Judiciário, onde os magistrados abraçam seu mister de julgar vendo nos processos mais que números ou tipos penais, e sim pessoas, cidadãos destinatários de obrigações e direitos.

6 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, Desembargadora!! Você é uma dentre aquelas mulheres que fazem com sintamos que nem tudo nesse mundo está perdido...Que nos faz acreditar que aquela venda nos olhos da estátua significa, realmente, a imparcialidade e não cegueira...

Anônimo disse...

Parabéns desembargadora!!!
Esperamos que você inicie um movimento para que o judiciário passe a contar com investigadores que podem confirmar ou desmentir provas em processos, como ocorre em países que levam a sério a justiça.
Você é a primeira do judiciário que não acredita piamente nas "investidas" de advogados e promotores que fazem tempestade em copo de água para conseguir que seus clientes ganhem causa.
Eu sei muito bem o que é ter um juiz que pensa completamente diferente da senhora.
Parabéns.

Anônimo disse...

Obrigado Desembargadora Sommariva.
V.Excia. me trouxe de volta um pouco da confiança que perdi no Judiciário há muito tempo.
Finalmente um magistrado de peso faz o que todos deveriam fazer: Justiça.
O inocente que V.Excia. tentou salvar com seu voto brilhante, talvez não seja justiçado, pois enfrenta inimigos poderosos e covardes.
Mas pelo menos abriu-se novamente um caminho, que pavimentado com seu voto, levará esse inocente à Justiça e Liberdade.

Anônimo disse...

SURPRESA !
Foi essa minha, aliás nossa, reação ao voto da desembargadora. Quem esperava uma avaliação formal, fazendo corporativismo com a classe se surpreendeu.
Depois de tantas "enganações" É ÓTIMO LER ISSO NO JORNAL.
Vida longa Salete Sommariva.

Anônimo disse...

E para que os que não sabem, a Desembargadora Sommariva não é juíza dita "de carreira". Ingressou no Tribunal, oriunda da classe dos ADVOGADOS, por meio do chamado "quinto", previsto na Constituição Federal, que assegura à OAB indicar, por votação no seu Conselho Estadual, uma lista de 6 nomes de Advogados de ilibada reputação e notório saber jurídico, para integrarem o Tribunal. A Desembargadora, assim como os demais que lá estão nesta condição, honra a classe dos ADVOGADOS catarinenses.
Miguel Teixeira Filho
Conselheiro Estadual da OAB por Joinville

Anônimo disse...

Uma curiosidade: os outros dois votos fazem parte da lista dos 6, a que se refere o post anterior??