Preço do diesel cai 15%, mas Ippuj descarta redução na tarifa de ônibus

Por Leonel Camasão

Uma medida do governo federal pode dar fôlego aos protestos para que o aumento nas tarifas de ônibus de Joinville seja revogado. Desde o dia 9 de junho, o preço do óleo diesel – um dos principais insumos para o funcionamento do sistema de transporte - caiu 15% nas refinarias e 9,6% nas bombas dos postos de combustível.

A redução foi anunciada na segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e passou a valer na zero hora de terça-feira. Chamada pelo ministro de “medida anticrise”, a queda no valor do diesel tem reflexos no campo e na cidade. "O diesel é um combustível importante para o setor agrícola e para o transporte urbano. Daí a importância dessa redução de preço”, afirmou ao jornal “O Estado de São Paulo”.

O preço do diesel foi um dos principais argumentos das empresas Gidion e Transtusa para pedirem o aumento das tarifas ao prefeito Carlito Merss (PT). Agora, com a queda no preço, a redução imediata seria uma ação natural.

Apesar da enorme queda no preço do combustível, o presidente da Fundação Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Ippuj), Luiz Alberto de Souza, descarta a possibilidade de redução nas tarifas.

“Não adianta achar que vai dar para reduzir porque é muito volátil [o preço do diesel]. Quantos meses isso vai durar? Não temos como saber. Uma redução no preço poderia vir daqui a um ano”, disse.

Segundo as planilhas de custos divulgadas pela Prefeitura em 16 de fevereiro deste ano, as empresas gastam aproximadamente R$ 1,90 por litro de diesel. Se a redução de 15% for aplicada na íntegra, o valor cai para R$ 1, 61, uma considerável diferença de R$ 0,29 centavos. Caso o desconto seja o de 9,6%, o preço por litro fica em R$ 1,72.

De acordo com informações do Ippuj, o óleo diesel representa 18,7% do preço final da tarifa, ou seja, R$ 0,43. Segundo cálculos do ex-secretário de Infra-estrutura, Nelson Trigo, a tarifa poderia valer hoje algo em torno de R$ 2,24 e R$ 2,21.

Trigo também voltou a defender o subsídio nas tarifas. “Se nós zerássemos o diesel, com preço a um centavo, a tarifa cairia para R$ 1,86”, exemplificou.

Dalbosco não confia nas planilhas

O secretário de Planejamento, Eduardo Dalbosco, fala em estudar a nova situação. “Vamos ter que analisar”, disse. Quem está cuidando dessa análise é o Ippuj. Apesar da opinião do presidente do órgão, a Prefeitura ainda não se posicionou oficialmente sobre o abatimento no preço do combustível.

Dalbosco admitiu em entrevista a esta Gazeta que a Prefeitura não confia na planilha de custos fornecida pelas empresas de transporte. “Analisamos a planilha por quatro meses, e o atual modelo não nos deu a segurança dos dados. Demos o aumento para garantir o equilíbrio econômico do sistema. Queremos algo que seja mais compreensível para a população, até para que haja maior controle social”, argumentou.

Segundo Dalbosco, o executivo estuda redefinir todo o cálculo das tarifas. “Hoje, dependemos de muitos números fornecidos pelas empresas. Elas têm um bom sistema de monitoramento, mas a Prefeitura precisa ter um sistema próprio e independente para fazer uma efetiva regulação do preço da tarifa”, explicou.
Responsável por esse estudo, o presidente do Ippuj está pedindo ao prefeito Carlito Merss (PT) um prazo entre 12 a 18 meses para apresentar resultados que tornem as planilhas mais transparentes e mais compreensíveis para a população. “Pensamos em um modelo diferente do atual, mas também ninguém vai inventar nada. Queremos uma tarifa justa com preço justo”, comentou.

Segundo Dalbosco, também está em pauta à possibilidade de centralização da administração do transporte coletivo de Joinville em um único órgão. “Hoje, quem planeja é o Ippuj, mas quem fiscaliza é a Seinfra. Acreditamos que o Ippuj poderia realizar as duas tarefas”, afirmou.

Redução não chegará aos 9,6%, afirmam empresas.

As empresas de ônibus Gidion e Transtusa se limitaram a dizer que o fornecedor do óleo diesel ainda não se posicionou oficialmente, mas já adiantou que a redução não chegará ao patamar anunciado de 9,6%. O preço não teria esse abatimento por conta da mistura de biodiesel que passará de 3 para 4%, conforme legislação ambiental. Outro fator apontado pelas empresas é o aumento Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que afetaria essa redução no preço final.

A justificativa das empresas não bate com a do Ministério da Fazenda. Mantega afirma que o consumidor não vai receber o desconto de 15% por conta da Cide e da mistura do biodiesel, daí já se chegaria aos 9,6%.

As empresas de ônibus não informaram quantos litros de diesel são utilizados mensalmente no sistema de transporte, nem quantificaram a economia gerada para as empresas com a redução do diesel.

ONDE AS EMPRESAS GANHARAM
- Queda no preço do diesel de 15% nas refinarias e 9,6% nas bombas de combustível
- Cancelamento do Pega Fácil
- Cancelamento de 64 horários no sentido Tupy-Centro
- Cancelamento dos ônibus linha direta
- Corredores de ônibus
- Manutenção dos terminais agora é feita pela prefeitura
- Extinção dos bilhetes de papel (em andamento)
- Tarifa embarcada de R$ 2,70

QUANTO O DIESEL REPRESENTA NA TARIFA
R$ 2,30 – valor total
R$ 0,43 – diesel
R$ 0,06 – valor que poderia ser abatido com queda do diesel

QUANTO CUSTA O DIESEL
Posto de Gasolina –R$ 2,13
Planilha das empresas – R$ 1,90
Com 9,6% de abatimento – 1,72
Com 15% de abatimento – R$ 1,61

8 comentários:

Anônimo disse...

A situação é simples de equalizar. Se você ganha um aumento salarial com base na inflação, e no mês seguinte o indice da inflação cai, você vai devolver o que ganhou a mais no mês anterior? Você não sofreu a depreciação de preços? Se tiveram a cadeira de economia em sua faculadade deveriam entender. Isso é básico. por favor, vamos retornar ao bom jornalismo.

Anônimo disse...

Zerar o preço do diesel? Ainda bem que esse cara siu. Ele acrediata até em papai noel. A cidade precisa alguém responsavel e que zele pelo bom andamento do sistema de transporte. Olha como os usuários estão reclamando do aumento. Apenas estudantes. Muitos dos quais nem usam o transporte. O restante continuam pagando sem reclamar.

Rogerio Bitencourt disse...

A discussã está com o foco errado.

As planilhas , as planilhas ....

Mas estas planilhas não são aquelas das empresas, que NÃO poderiam ser usadas porque seriam ilegais, já que é obrigação do poder público gerar e fiscalizar os números das planilhas ???

olho vivo disse...

esse é um grande momento que o prefeito tem para se redimir com seus eleitores,forçar as empresas a abaixar a tarifa do ônibus,porem se não o fizer teremos a certeza de que o governo carlitos não passa de uma propaganda enganosa...

REINALDO PAULISTA disse...

ISSO É MAIS UMA BESTEIRA A PASSAGEM TEM QUE ABAIXAR SIM !

Anônimo disse...

BOTARAM O HOMEM LA AGORA VAO GUENTAR ELE 4 ANOS
QUERO VER VCSD TEREM PEITO PRA TIRAR ELE DE LA
TAO RECLAMANDO DEMAIS
OLHEM A SAUDE GENTE
O HOME FALOU QUE SEUS PRIEMIROS 100 DIAS SERIAM PRA ARRUMAR A SAUDE
ARRUMOU????
ISSO SE CHAMA CALOTE

Bibi disse...

Ah entendi. A razão de baixar o diesel era para as empresas ganharem mais.
Só para lembrar até as passagens aéreas caem quando cai o querosene.
Até o frete cai quando baixam o diesel.
Mas o onibus não pode baixar? Só se o prefeito autorizar. E o prefeito (pior da história) só sabe aumentar.

BlogdoEveraldo disse...

VERGONHA!!
Esse monopólio desgraçado e injusto, que acontece em nossa cidade, é certo que tem "peixe grande" ganhando e muito por trás disso tudo, só não ve quem não quer mesmo. Temos que tentar colocar outra concorrente no meio dessas duas empresas que só pensam nelas mesmas.