Por Gisele Krama e Jacson de Almeida
Preparem a maquiagem, as expressões, os cenários e as razões. Vistam-se com seus figurinos que a partir de 16 de junho, Joinville abre espaço para saltimbancos, palhaços, atores e quixotescos. O drama, a comédia, o galpão, o público e a improvisação, construirão o Cena 6, com peças de Joinville, de Florianópolis e de outros estados.
O Cena é organizado pela Ajote (Associação Joinvilense de Teatro) e surgiu da necessidade dos grupos teatrais apresentarem seus espetáculos. A mostra, que teve início em 2001, chega à sexta edição com peças inéditas e apoio do governo municipal.
Além de peças nunca apresentadas no Cena, o evento conta com a participação de dois debatedores: Milton Andrade (coordenador do mestrado em Artes Cênicas da Udesc – Universidade do Estado de Santa Catarina) e Alexandre Luiz Mate (professor do curso de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo). Eles farão leituras dos principais espetáculos da mostra.
Neste ano será feita uma oficina, aberta ao público, com o mestre em Artes Cênicas André Carrera, de Florianópolis. Esse trabalho faz parte do Cena Aberta, projeto da mostra que tem por objetivo discutir teatro, trazendo palestras e workshops.
Os palcos utilizados para as apresentações serão: Teatro Juarez Machado, Galpão da Ajote, Mercado Municipal, Museu de Arte e praças da cidade. Os ingressos serão vendidos a preços populares.
Espetáculos destinados para todos os gostos
Ao todo se apresentam oito trabalhos de Joinville e três convidados, sendo que terá ainda a peça Adelaide Fontana, do Grupo Erro, de Florianópolis. Os atores abordarão a questão do espaço, pois o espetáculo será apresentado o tempo todo numa vitrine, no Shopping Cidade das Flores.
Já o espetáculo Borboletas de Sol de Asas Magoadas, do Rio Grande do Sul, encerrará a mostra e iniciará a Semana da Diversidade em Joinville. A peça trata do mundo dos travestis. A personagem principal leva o público à intimidade de uma pessoa obrigada a conviver com preconceitos, com risos e toda a dificuldade de não ser aceita por uma sociedade conservadora.
No padrão de teatro de rua, o Cena terá o Auto da Paixão e da Alegria, do grupo Timbre de Galo, do Rio Grande do Sul, que conta a história de uma trupe encarregada de encenar a paixão de Cristo. Outra peça convidada é a Hysteria, encenada pelo grupo XIX de Teatro, de São Paulo. A apresentação abrirá a mostra, dia 16, no Museu de Arte de Joinville.
Já os espetáculos da cidade são: A Lição, da companhia La Trama; Amor por Anexins e A Céu Aberto, do grupo Dionísios; a estréia de Smoked Love, da Faunos Companhia Teatral, que também apresentará a peça Pé de Bicho. Além do espetáculo Cela das Almas, que estreou em maio deste ano, pela companhia Em Cena Teatro. Para o último dia, o público poderá ver Histórias de Malasartes, da Companhia Rústico Teatral, e O Rapto das Cebolinhas, da Companhia Studio em Cena.
História do Cena
Segundo o presidente da Ajote, Amarildo de Almeida, o Cena começou sem nenhum recurso financeiro, além do investido pela associação, e com a necessidade de discutir o teatro em Joinville. Além disto, “a mostra deu visibilidade para muitos espetáculos e se tornou um dos movimentos mais fortes dentro da classe”, afirma.
A união entre os atores fez com que o movimento teatral se tornasse mais importante na cidade. “Eles assistem às peças dos colegas e respeitam o trabalho, mesmo usando linguagens diferentes”, comentou o produtor do Cena 6, Muriel Szym.
Apesar de toda a empolgação da equipe, o Cena já ficou parado por dois anos. Ele teve início em 2001, e já em 2004 não havia peças suficientes para compor uma mostra. Naquela época, não tinham muitos grupos associados. O evento retornou somente em 2006.
Teatro nos bairros
Em Joinville, o teatro, antes centralizado, é levado aos bairros em pequenos eventos e cursos, como o projeto Sexta Alternativa, coordenado pela atriz Samantha Cohen. Ela criou, com apoio da Fundação Cultural, um grupo de teatro no Itinga e trabalha com 70 pessoas do bairro.
Para o segundo semestre, será integrado ao projeto Teatro na Comunidade, que além do Itinga, abarcará outros dois bairros. Serão feitas ainda, três mostras de teatro com a produção na região. O objetivo da Fundação, segundo Cristóvão, é levar esses novos atores para o Juarez Machado. “A comunidade deverá andar com as próprias pernas no próximo ano”, brinca Cristóvão, quando se refere à autonomia dos grupos de bairros.
Ainda este ano, em setembro, o Sesc promove a Mostra de Teatro Aldeia e Palco Giratório, com grupos profissionais e de outras cidades. Com essas iniciativas, o público de teatro em Joinville tem aumentado. “A mudança cultural ocorreu também porque muitas pessoas vieram de outras cidades e trouxeram o hábito de ir ao teatro todo final de semana, fazendo com que o público joinvilense se motivasse”, explicou o presidente da Ajote, Amarildo de Almeida.
O que é a Ajote?
Ajote é a Associação Joinvilense de Teatro e possui atualmente 14 grupos associados, mas Cristóvão Petry afirma que ao todo Joinville poderá ter entre 20 e 25 grupos de teatro, incluindo amadores.
Amarildo estuda a possibilidade de receber ajuda de pessoas que gostam de teatro, para que elas possam se associar, mesmo não trabalhando na área. Segundo Muriel, alguns interessados ligaram para a associação se dispondo a contribuir.
A Ajote preza pela qualidade das peças apresentadas. “Fazer um bom teatro com bom espectador”, disse Amarildo antes de falar sobre os projetos da associação para formar público, como Cena Aberta, teatro nos bairros e nas ruas.
Com relação à programação de espetáculos, a Ajote está com calendário lotado até o final do ano. O Sesc (Serviço Social do Comércio), que trabalha com a produção de eventos culturais, também atua em parceria com a associação e inaugura em agosto um teatro multiuso, com capacidade para 130 espectadores.
Projetos da Ajote
A associação tem o projeto de Formação, Manutenção e Promoção do galpão na Cidadela Cultural Antactica, para que os artistas interajam mais com o espaço. Semanalmente o lugar é cedido para que os grupos possam ensaiar. Também foram feitas reformas e adequações para que o local, que era uma fábrica de cerveja, se transformasse num teatro.
Há o projeto “Escola vai ao teatro”, que teve a primeira edição em 2005, e leva estudantes para assistir aos espetáculos organizados pela Ajote. Na última edição, 1.500 crianças participaram em uma semana de apresentações teatrais.
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