Ineficiência do transporte coletivo incentiva compra de veículos e aumenta número de acidente na cidade
Jacson Almeida
Especial para a Gazeta de Joinville
É mais caro para o joinvilense andar de transporte coletivo do que de carro ou motocicleta, principalmente depois do último reajuste, concedido pelo prefeito Carlito Merss, que elevou o preço da passagem para R$ 2,30. Além de ser mais barato, o veículo próprio traz mais conforto e rapidez. A moto tem sido a mais utilizada como ferramenta no dia-a-dia, por ser barata e econômica.
Segundo a economista Eliane Maria Martins, mestre em desenvolvimento regional, o custo para ir de moto ao trabalho ou à faculdade é de aproximadamente R$23,90 por mês. Já com o transporte coletivo, o valor seria no mínimo de R$ 92. Ela explica que os ônibus só atendem as vias principais da cidade e isso gera desconforto para a população que mora em lugares mais afastados. “O transporte coletivo da cidade se torna caro justamente por não oferecer comodidade”, destaca.
Em média são vendidas 90 motos por mês em Joinville. Para tornar o veículo ainda mais econômico, surgiu a bi-combustível, que pode ser abastecida a álcool, e que já está no mercado joinvilense. Um modelo completo da Honda, por exemplo, custa R$ 8.310 e pode ser parcelado em 48 vezes de R$ 301.
Conforme Leonardo Bruno Silva, vendedor de uma loja especializada em motocicletas, o prazo de financiamento para adquirir uma moto pode ser de até 50 vezes. Para a compra é preciso ter renda entre R$ 800 a R$ 900 e mais de um ano de carteira de trabalho assinada.
Joinville na contra-mão
Enquanto a maioria das cidades do porte de Joinville se preocupam em incentivar o uso de transporte coletivo, a maior cidade de Santa Catarina segue em mão contrária.
A economista Eliane Martins lembra que é responsabilidade do governo buscar novas alternativas para o transporte coletivo, já que “o transporte é bastante importante para o desenvolvimento das pessoas”, comenta.
O resultado é um trânsito caótico, com engarrafamentos que já rompem a barreira dos horários de pico (a hora do rush), e podem ser encontrados durante todo o dia na cidade.
Além disso, devido a facilidade e aos preços convidativos da indústria automobilística, todos os dias, dezenas de veículos novos invadem as ruas de Joinville e dentro deles, vários condutores que não dispõem de experiência necessária para dirigir em meio ao estressante trânsito da cidade.
Auto-escolas garantem que motoristas estão preparados
Segundo as auto-escolas, responsáveis pela preparação dos novos motoristas, os alunos quando se formam estão perfeitamente aptos para enfrentar a guerra no trânsito. “O novo condutor está totalmente preparado para o trânsito”, afirma o diretor de ensino, Marco Aurélio Cava, do Centro de Formação de Condutores Água Viva.
Ainda segundo Marco Aurélio, “os alunos recebem aula de cidadania e são conscientizados sobre os perigos no trânsito”.
Mas, mesmo aqueles que passam o dia formando novos motoristas, destacam a importância de se incentivar o uso do transporte coletivo. A maioria dos instrutores, consultados pela reportagem, ressalta a importância do uso de ônibus e citam exemplos de outras cidades para mostrar a eficiência do transporte público.
Apesar da garantia das auto-escolas de que os motoristas estão prontos para o dia-a-dia, os números relativos a acidentes na cidade comprovam que a realidade é outra.
Coincidência ou não, a quantidade de acidentes nas ruas de Joinville tem aumentado, praticamente na mesma proporção das vendas de novos veículos.
Menos gente nos ônibus, mais gente nos leitos do hospital
No ano passado, 950 pessoas deram entrada no Hospital São José (HSJ), vítimas de colisões envolvendo carros e motos e também ferimentos causados por quedas de moto. Uma média de 80 acidentes por mês. Já entre janeiro e abril de 2009, 404 acidentes foram registrados pelos mesmos motivos, com uma média alarmante de 134 ocorrências mensais, um acréscimo de 68% em relação ao último ano. Os dados foram retirados do sistema de controle de acidente, instalado no hospital em junho do ano passado.
Ainda segundo relatório do hospital, o custo médio para recuperação de um paciente com trauma é de R$ 30 mil. Se o caso for mais grave, a diária na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) é de R$ 7 mil.
A ineficiência no transporte coletivo não se restringe à lentidão e à falta de conforto, mas também tem causado inúmeros acidentes na cidade. As principais vítimas são os próprios usuários que se machucam dentro do ônibus ou são atropelados. Segundo dados do São José, os acidentes com ônibus já fizeram 26 vítimas só entre janeiro e abril deste ano. (JA)
Greve dos servidores da Prefeitura 2011
Há 13 anos
4 comentários:
Muito boa a reportagem. Concordo plenamente.
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PARABENS GAZETA PELO PROFISSIONALISMO DE VCS
Mto bom ver novos nomes na equipe da gazeta.
Com esse transporte vergonhoso que há em Joinville, até de carroça puxada por um cavalo manco é melhor.
Se vai melhorar, vai, mas pra pior.
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