Empresário envolvido em obra condenada pelo ETA é morto a tiros

O empresário Ignacio Uría Mendizabal, 71, que participa do projeto de um trem de alta velocidade que sofreu vários atos de sabotagem e está diretamente ameaçado pela organização terrorista e separatista ETA (Euskadi Ta Askatasuna, ou "pátria basca e liberdade"), foi morto a tiros nesta quarta-feira na cidade basca de Azpeitia, na Espanha.

Mendizabal foi baleado por dois homens quando estava dentro de um carro, disseram autoridades espanholas de combate ao terrorismo.

O tiroteio aconteceu às 9h (13h no horário local) no estacionamento de um restaurante que o empresário costumava freqüentar diariamente, em Azpeitia, na província de Guipuzcoa, localizada na comunidade autônoma do País Basco. Dois homens deram pelos menos dois disparos contra Mendizabal e, em seguida, fugiram em um veículo, informou uma fonte policial.

O empresário era um dos responsáveis pela construtora Altuna y Uría e foi a quarta vítima de ataques atribuídos ao ETA neste ano. O ataque é o primeiro depois da prisão do homem considerado o líder militar do grupo terrorista, Garikoitz Aspiazu, conhecido como "Txeroki", ocorrida em 17 de novembro passado.

Em 7 de março, dois dias antes das eleições gerais da Espanha, o ETA matou a tiros o ex-conselheiro socialista Isaias Carrasco, também na província de Guipuzcoa. Dois meses depois, no dia 14 de maio, o grupo matou o guarda civil Juan Manuel Piñuel com uma van-bomba de grande potência perto em um quartel da força de segurança em Legutiano, na Província de Alava. A explosão aconteceu depois de um aviso do grupo separatista.

Os últimos ataques aconteceram em 22 de setembro, quando a explosão de um carro-bomba na região de Cantábria, vizinha ao País Basco, causou a morte do soldado do Exército Luis Conde de la Cruz.

O projeto chamado de Y ferroviário basco, do qual participa a empresa de Mendizabal, tornou-se nos últimos anos um dos alvos prioritários do ETA, que atacou várias vezes as empresas que participam da obra. Em dos seus últimos comunicados, em 16 de agosto, o grupo terrorista chamou o projeto de alheio aos interesses de Euskal Herria (País Basco, na língua local). O presidente regional basco, Juan José Ibarretxe, foi até Azpeitia para visitar o local do ataque desta quarta-feira.

A trégua entre o ETA e o governo espanhol, declarada em março de 2006, foi rompida pelo atentado ao aeroporto de Madri, em 30 de dezembro do mesmo ano, que custou as vidas de dois imigrantes equatorianos. Atribuído a "Txeroki", o atentado marcou o fim do processo de diálogo lançado pelo governo do primeiro-ministro, José Luis Rodríguez Zapatero, para encontrar uma solução negociada para a violência.

O ETA, que luta pela independência do País Basco surgiu há quatro décadas e suas ações são responsabilizadas pela morte de 850 pessoas.

EFE.

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