Petrobras prepara saída da F-1

Surpreendida com a decisão da Honda de deixar a F-1, a Petrobras começa a tomar o mesmo caminho. A empresa brasileira condicionou sua permanência na categoria à compra da equipe por outra montadora. O que, diante da crise na economia global, é improvável.

Membros do programa Esporte Motor se reuniram ontem com José Sergio Gabrielli, presidente da petroleira. E resolveram que, no atual cenário de incertezas, pode ser melhor sair de cena em 2009 para tentar voltar à categoria em 2010, com planejamento mais claro.

Só a chegada de uma montadora fará a empresa mudar de idéia. No horizonte, porém, não há indícios de algo do gênero.

Pelo contrário: a indústria automobilística é um dos setores mais afetados pela crise. No exterior, as fábricas acumulam resultados ruins e pedem socorro. Nos EUA, principal mercado automotivo, GM, Ford e Chrysler querem US$ 34 bilhões do governo. No Brasil, em novembro, as montadoras produziram 28,6% menos do que no mesmo mês de 2007.

A debacle já afeta o esporte. Dois circuitos, Montréal e Magny-Cours, deixaram o calendário da F-1 de 2009. A Audi, do grupo Volkswagen, cancelou programas em dois campeonatos de protótipos. A organização das 24 Horas de Le Mans estuda enxugar a prova.

E, na madrugada de ontem, veio a confirmação do golpe mais pesado. Em Tóquio, Takeo Fukui, CEO da Honda, anunciou oficialmente a saída da marca japonesa da F-1.

"Chegamos à esta difícil decisão diante da situação de degradação rápida de todo o entorno da indústria automobilística, afetada pelas subprimes [hipotecas de alto risco] nos EUA, pelo estreitamento do crédito e pelas recessões mundo afora", disse o executivo, emocionado.

Segundo Fukui, a Honda não ficará na categoria nem mesmo como fornecedora de motores, papel em que foi bem-sucedida nos anos 80 e 90. Com equipe própria, teve duas experiências. A primeira, nos anos 60, teve algum brilho. A segunda, que começou em 2006 e terminou agora, foi melancólica. Quarto orçamento da F-1 em 2008, US$ 398 milhões, fechou o Mundial em penúltimo lugar.

Respectivamente chefes executivo e técnico da equipe, sediada na Inglaterra, Nick Fry e Ross Brawn terão três meses para encontrar um comprador.

E entre as possibilidades levantadas por Fry, não existe nenhuma montadora. Segundo ele, grupos de investidores do Oriente Médio já demonstraram interesse no negócio.

Fry vem mantendo conversas com a Petrobras, mas dificilmente a empresa ficará numa estrutura tão cercada de dúvidas. Até porque não está imune ao cenário econômico. No ano, as perdas de Petrobras PN, a ação mais negociada da Bovespa, alcançam os 57,7%.

A empresa está na F-1 desde 1998, como fornecedora de gasolina da Williams. O Mundial de 2009 seria o primeiro pela Honda. A empresa pagaria US$ 7 milhões à equipe, mais bônus por pontos conquistados.

FOLHA DE S. PAULO

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