Seminário realizado no início do mês em Joinville debate necessidades do setor produtivo
Para quem acha que atualmente um curso superior garante colocação automática no mercado de trabalho, é melhor rever seus conceitos. As empresas querem mais, querem especialistas em áreas em que, segundo elas, universidades e escolas profissionalizantes não estariam conseguindo preparar.
Pelo menos é o que foi detectado durante o 1º Seminário de Educação, Sociedade e Mercado de Trabalho, realizado no início do mês pelo Comitê Estratégico da Educação do Instituto Joinville, em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).
Além carência de profissionais na área técnica, as empresas apontam que há um distanciamento entre formação superior e perfil desejado pelo mercado de trabalho, defasagem tecnológica, descompasso entre teoria-prática, falta de visão sistêmica e de futuro (inovação e empreendedorismo).
Uma das constatações apontadas pelos recrutadores de recursos humanos é de que as escolas não formam mão-de-obra suficiente e o mercado está carente. No entanto, oferecem cursos e formam profissionais que não são aproveitados pelo mercado, como por exemplo advogados, fisioterapeutas, psicólogos e administradores.
O vice-presidente da ABRH Joinville, Pedro Luiz Pereira, comenta a escassez de profissionais técnicos, por exemplo, cujo salário pode chegar a R$ 3 mil. “Há falta de ferramenteiros, técnicos mecânicos, técnicos eletricistas, profissionais para a área de vendas, técnicos em refrigeração, supervisores entre outros”.
Além das vagas operacionais que não estão conseguindo ser preenchidas, as empresas de recursos humanos afirmam ainda que falta qualificação. Somente em uma empresa de recrutamento e seleção, há um acúmulo de 350 vagas em aberto.
Segundo a psicóloga e gerente de RH, Laurene Agnes Meyer, cerca de 600 a 700 pessoas deixam semanalmente seus currículos para avaliação. “Candidatos temos muitos, mas falta qualificação. Percebemos também que atualmente um trabalhador fica pouco tempo registrado em uma empresa e muitos deles que nos procuram não têm formação condizente com a função”.
O que ficou evidente, segundo Laurene é que a escola não supre totalmente as necessidades do mercado de trabalho. O resultado é que a empresa acaba exercendo o papel que seria da escola”, afirma. Um exemplo disso para ela é o que ocorre com os recém-formados na área administrativa e de gestão. “Não conseguimos profissionais nessa área simplesmente porque o formando sai da escola sem dominar um outro idioma”, complementa psicóloga.
Faltam engenheiros
Convidada como painelista do seminário, a pró-reitora de ensino da Univille, professora Ilanil Coelho, considera que a profissionalização é um processo de duração permanente e continuada.
Para ela, as exigências atuais do mercado de trabalho estabelecem como necessidade o desenvolvimento de competências profissionais que extrapolam o processo de ensino-aprendizagem na formação superior.
“Ficou claro que a melhoria da profissionalização envolve não apenas ações isoladas das escolas, mas predominantemente ações combinadas dessas com a gestão de pessoas nas empresas, as políticas públicas e a própria sociedade”, reconheceu.
Ela acha difícil, pelas próprias características da cidade, que todas as vagas de empregos sejam preenchidas no município. “Obviamente que numa cidade como a nossa, que exibe um invejável vigor produtivo, de geração de emprego e riqueza, há e sempre haverá carências de profissionais em algumas áreas. As instituições de ensino superior devem responder a estas carências. Porém, é necessário compreender que os jovens escolhem suas profissões por critérios que não se restringem às necessidades das empresas”
Um outro dado apresentado durante o seminário diz respeito à formação de engenheiros. Em escassez no país, algumas empresas começam a disputar esses profissionais a peso de ouro. Somente em Joinville, levantamento da ABRH aponta a necessidade de 1.500 engenheiros por ano para atender ao mercado.
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