Vivendo à margem da miséria

Jacson Almeida
jacson@gazetadejoinville.com.br

Inúmeras famílias de Joinville estão sem condições dignas de moradia e, na maioria dos casos, em ocupações como a do Ulysses Guimarães, onde vivem mais de 155 adultos e 133 crianças em vulnerabilidade social. Além disso, a falta de saneamento traz diversas doenças. Muitas destas pessoas nasceram na cidade e só foram para as ocupações depois de ficarem desempregadas, outras são migrantes e vieram em busca de emprego.

Pessoas como Marisete da Silva, 29 anos, que mora em uma ocupação no bairro Jardim Paraíso. Há 14 anos ela espera na fila da Secretaria da Habitação por uma casa. Ela divide a pequena moradia com mais seis familiares mas não sabe por quanto tempo vai poder ficar nesta situação. Marisete lembra que a prefeitura irá tirar todas as famílias que estão em situação irregulares. Segundo ela, já pediu ajuda à Secretaria de Assistência Social, mas não recebeu nenhum auxílio.

A realidade de Marisete não é muito diferente a de Marisa Nunes da Costa, que também mora na ocupação do Jardim Paraíso. Marisa não tem marido e sustenta três filhos com um salário de R$ 465. Ela chegou a pedir o bolsa-família, mas a Secretaria de Assistência Social negou. “Dizem que meu salário é alto”, lamenta. A moradora está na ocupação há quase dois anos.

Já Ademar Jurandir de Souza chegou a ter uma casa em Pirabeiraba, mas após um incêndio, teve que se mudar. Ele mora numa ocupação e divide a residência de quatro cômodos com oito pessoas. Ademar pretende sair do local, mas agora está desempregado.

A falta de uma política de habitação, a especulação imobiliária e a crise econômica agravam os problemas de moradia e aumentam as ocupações em lugares de risco.

Assistência Social

O gerente do setor de Proteção Básica da Assistência Social, Francisco João de Paula, diz que o objetivo da gerência é trabalhar com famílias em vulnerabilidade social. Para essas pessoas, são feitos cadastros em programas sociais, como bolsa-família. Em casos de emergência, são cedidas cestas básicas e vale-transporte. “Para ganhar os benefícios, elas devem ir à Secretaria de Assistência Social”, explica.

Além disso, Francisco diz que as famílias têm de participar de atividades sócio-educativas. “Temos que evitar que elas entrem em conflito devido às condições”, afirma. Quem precisa de ajuda devem procurar à Secretaria, na rua Procópio Gomes, 749, ou ir até um Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), no bairro.

A vergonhosa realidade do Juquiá

No programa Contraponto, da TV Brasil Esperança, dia 19 de abril, o prefeito Carlito Merss chegou a dizer que somente 20% das famílias da ocupação do Juquiá, no Ulysses Guimarães, precisavam mesmo de moradia. Segundo ele, o restante era oportunista e queria vender casas.

Já o censo feito pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de Joinville, mostra o contrário. Aproximadamente, 18,42 % das famílias do Juquiá não possuem renda alguma, 26,3% ganham menos que um salário mínimo e 6,57% ganham R$ 465.

O mesmo censo aponta que 100% da população que mora na ocupação não possui acesso às redes de água, de esgoto ou de coleta de lixo. São feitos “gatos” ou “rabichos” para ter água e energia elétrica. Das 76 moradias, 48 não possuem banheiros. Os moradores tomam banho na casa de vizinho ou de caneca. Quase 50 casas têm menos do que 20 metros quadrados.

Guilherme de Oliveira, morador do Juquiá, tem duas filhas pequenas. A casa que construiu estava pronta para morar, quando derrubaram. “A prefeitura alegou que foi feita para vender”, comenta. Segundo ele, para evitar nova ocupação, a polícia foi no local. “Vieram como se fosse prender bandido ou assassino”, lamenta.

O presidente do PSOL de Joinville, Willian Luiz da Conceição, afirma que é dever do estado dar moradia. Ele diz que foi uma vitória as famílias terem ficado no Juquiá, pois poderiam ser despejadas. Segundo ele, houve uma reunião com o secretário de Habitação, onde foi dito que iriam fazer 700 casas até o final de ano.

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Marcelo Oliveira, pai de três filhos, também foi morar na ocupação depois de ficar desempregado. “Não estaríamos colocando nossos filhos aqui se tivéssemos dinheiro”, afirma.

O morador Alexandre Silva Santos morava de aluguel no bairro Fátima, mas ficou desempregado e teve que sair do imóvel. Juntamente com a esposa, que nasceu em Joinville, vive com seus dois filhos. A mulher de Alexandre pediu o bolsa-família, mas a Assistência Social não deu porque ela é menor de idade.

Segundo Alexandre, quando a prefeitura foi derrubar uma casa, a polícia ameaçou bater se não saíssem do local. “A polícia falou que era para tirar as crianças porque iriam se machucar”, conta.

Nas rua do Juquiá, os buracos e a lama tomam conta. No período de chuva, todo o local fica alagado. Os moradores queriam fazer uma “vaquinha” para colocar algo na rua, pois é complicado andar nestas condições.

Segundo Marcelo, seu filho não quer mais ir para a escola porque é vítima de brincadeiras. “Falam que meu filho é sujo”, lembra. Ele afirma que todos da ocupação votaram no Carlito. “Não dá mais para morar nessas condições”, lamenta. A esposa de Marcelo também nasceu na cidade.

A joinvilense Ariana Cordeiro Monney mora com o marido e três filhos. Ela conta que seu marido foi demitido da Ciser. Ariana trabalhava como costureira, mas ficou grávida e também perdeu o emprego. Conforme ela, a professora da escola insinuou que seu filho não tomava banho. “A criança fica suja passando na rua”, destaca.

A mãe Sanayane Maria da Silva conta que leva muitas vezes seu bebê para o Pronto-Atendimento (PA). A filha tem bronquite agravada devido ao frio. Ela reclama ainda que não há ônibus no local. Quando alguém passa mal, a ambulância não vai até a rua da ocupação.

6 comentários:

Anônimo disse...

esse povo sofredor,que só é lembrado em tempo de eleição.
joinvillenses da pereferia.
entre a serra e o mar existe muitas riquezas,somente para poucos.
sr prefeito assim como o dizes que somente 20% dessa gente merece ajuda,então faça alguma coisa.
muitas favelas de alto risco de violencia no rio de janeiro começaram assim.
joinville não merece isso...

Dantas disse...

Uma palavra: VERGONHA

Anônimo disse...

Nosso Estado é falho em prevenir, as religiões só prometem, a Justiça é lenta, e assim vai nossa miséria aumentando.
Cadê padres, pastores e políticos nessa hora?
E tem gente que ainda marcha com a bandeira de outro país nas mãos.
Estamos perdidos mesmo!

Mauro Fonseca disse...

FAVELA EM JOINVILLE?
isso não existe.
Assim nossos politicos e alguns setores de joinville, responderiam para alguns municipes e turistas.
POLITICOS, vamos trabalhar, chega de demagógia (falo isso sem cor partidaria), que sirva à todos politicos do estado e, em especial de Joinville.

Anônimo disse...

Anônimo disse...

O povo brasileiro é imediatista, quando chega época de eleição, os políticos oferecem cesta básica para matar a fome naquela semana tudo bem , esquecem que a fome sentimos todo dia..Habitação problema é grave ha muitos anos em Joinville, o governo Lula prometeu milhares de casa para pessoas de baixa renda este ano 2009, assim o governo Carlito e primeira dama Sra Marinete Merss,antes de assumir o governo de Joinville, já eleitos davam entrevistas na mídia falando que habitação seria uma das prioridades do seu governo..
É lamentável ler os jornais de Joinville e saber que o desemprego aumentou agravando ainda mais esta situação... Só quem trabalha dentro de um órgão público sabe de toda burocracia(documentação) necessária para um cidadão conseguir fazer sua inscrição num orgão da habitação. População de baixa renda, não se iludam promessas fáceis surgem todos os dias..
Será que os moradores do Jardim Paraíso ja receberam suas casas da verba do PAC do Governo Federal anunciou para Joinville em 2008????

Roberto disse...

O Carlito,vai lá de perto conhecer o lugar,conhecer essas pessoas um pouco mais,conversar com elas.Isto é ser político.Vai fazer bem para você e para sua administração.