SEU BAIRRO/ SANTO ANTÔNIO: Melhor idade quer ser lembrada

Dinilson Vieira
dinilson@gazetadejoinville.com.br

Com 36% de seus 5,5 mil habitantes – 1.980 pessoas – com idade acima de 50 anos, o bairro Santo Antônio prefere, através da parcela mais organizada entre seus moradores, concentrar esforços para tentar melhorar a qualidade de vida da terceira idade e até assegurar maior comodidade e conforto quando o assunto é a morte. Como somente 5,6 quilômetros do total de 25,4 quilômetros de extensão das 70 ruas e uma avenida do bairro ainda permanecem sem pavimentação, índice que o coloca em vantagem sobre outras regiões de Joinville, além do Santo Antônio se manter razoavelmente seguro e sem maiores problemas na área de saúde, o jeito foi eleger outras prioridades.

Basicamente residencial, bem localizado e servido pelo Terminal Norte (estação de integração do transporte coletivo), o Santo Antônio anda reivindicando das autoridades municipais a instalação de uma academia da melhor idade; a construção da sede de um centro comunitário, onde mães possam se reunir para o chá da tarde e oferecer cursos de corte e costura e os aposentados se divirtam com suas partidas de bocha; e até um prédio para velar seus mortos antes que sejam sepultados, a exemplo do que acontece no Iririú, que tem sua própria capela mortuária.

"Temos uma área que a Prefeitura nos cedeu e onde poderíamos construir uma sede comunitária e também um local para os velórios, desde que os espaços fossem devidamente separados. Hoje, vários moradores do bairro que falecem são velados na capela do cemitério Dona Francisca, mas o lugar está muito acanhado, é pequeno", afirma a dona de casa Edela Mahs, moradora do Santo Antônio há 60 anos e presidenta do Clube de Mães, que funciona com espaço emprestado do Clube 25 de Agosto, uma das agremiações mais tradicionais da cidade.

IDEIA APROVADA

O terreno citado por Edela fica no final da rua Dr. Jerkes de Sellos Rocha. Ao saber da sugestão de que o local poderia ser usado para velórios, a também dona de casa Iracema Tromm, com 22 anos de Santo Antônio e atualmente morando na rua Alexandre Humbolt, gostou da ideia. "O velório na capela do cemitério é pequeno, desconfortável. Precisamos mais atenção e respeito para nossos mortos e suas famílias", disse ela.

Só promessa de campanha

Presidente do Grupo Momentos da Vida, que reúne 50 moradores com mais de 60 anos, o aposentado Baldos Mahs diz que vários políticos já ganharam votos no bairro prometendo que se empenhariam pela construção da capela. "O velório no Dona Francisca é pequeno e quando chove, o pessoal se molha porque não tem espaço suficiente", diz ele. "Se ampliarem as instalações no cemitério já está bom. O problema é que a promessa vem de anos".

Pedro Campos, secretário regional do Costa e Silva, unidade administrativa que cuida do Santo Antônio, afirma conhecer a reivindicação da capela e adianta que o problema poderá ser resolvido do jeito sugerido por Baldos. "Existe um projeto em andamento no Ippuj (Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville) para que a capela do cemitério seja ampliada, pois o espaço é realmente pequeno. Só não arrisco com prazos para a obra", afirma o secretário.

Para Campos, a construção de uma capela mortuária no próprio bairro implicaria em problemas de trânsito e sanitários. "Imagine um féretro com uma fila de dezenas de carros, isso prejudicaria o trânsito no próprio Santo Antônio", afirmou o secretário.

Já o vereador Manoel Bento, que nas últimas eleições teve parte dos votos oriundos do Santo Antônio, reconhece a demanda pela capela. "Conheço essa reivindicação, mas não temos recursos suficientes, pois assumimos o governo há apenas oito meses", diz ele, que pertence à base aliada ao prefeito Carlito Merss.

‘Faltam saneamento e posto de saúde’

O vereador Manoel Bento não reside no Santo Antônio, mas afirma que tem intimidade com o bairro por ter amigos e pessoas com quem já trabalhou morando na região. "Sempre freqüentei o Santo Antônio e conheço as vantagens e desvantagens de morar no lugar", diz Bento. Sobre a reivindicação de uma capela mortuária para o bairro, ele explica que o assunto é complexo porque implica com questões ambientais. Segundo o vereador, a Fundema (Fundação Municipal do Meio Ambiente) possui um projeto de ampliação da capela do cemitério Dona Francisca.

A seguir, um pequeno depoimento de Bento:

"O bairro Santo Antonio é considerado por muitas pessoas como uma área nobre. Trata-se de um lugar bom para se viver, onde moram muitos operários das indústrias. Em relação à estrutura oferecida aos moradores, ainda faltam serviços básicos como um posto de saúde e saneamento. Hoje, apenas 16% da população de Joinville tem acesso à coleta de esgoto. Mas com a vinda dos R$ 68 milhões liberados pelo Ministério das Cidades, a cobertura de coleta e tratamento de esgoto sanitário será ampliada para 50% nos próximos três anos. Dentro do PAC saneamento esta ação visa também despoluir o Rio Cachoeira, desde o bairro Costa e Silva no trecho onde fica a nascente do rio, até o centro da cidade, cortando o Santo Antônio".

Praça Linear, a trilha ecológica para caminhadas

Inaugurada em março de 2004, a Praça Linear localizada entre o rio Cachoeira e a Avenida Vice-prefeito Luiz Carlos Garcia, é o principal ponto de referência dos moradores do Santo Antônio, quando o assunto é buscar qualidade de vida através de caminhadas ou pedalar uma bicicleta.
Na verdade, apenas um pequeno trecho da avenida pertence ao Santo Antônio, sendo a maior parte da extensão da via pertencente ao bairro Costa e Silva. Mas a população dos dois bairros convive em harmonia na hora de utilizar o espaço para atividades físicas. "Pela segurança que oferece, este lugar é apropriado para as crianças andarem de bicicleta", afirma a dona de casa Ercília Gragefe, moradora do Costa e Silva.

"O único problema, que não chega a ser um grande obstáculo, é a distância de onde eu moro. Mas aproveito o trajeto para o aquecimento antes da caminhada pela praça. Nosso bairro já merecia uma pista, mas fazer o quê" declara a também dona de casa Iracema Tromm, do Santo Antônio.
O secretário regional Pedro Campos afirmou que está prevista para 2010 a implantação de uma academia da melhor idade em uma área pública anexa à praça. A novidade deverá ser contemplada pelo orçamento participativo. "O Santo Antônio não possui associações de moradores, o que dificulta o acesso a melhorias pelo OP", afirma o secretário.

Região é ligada à Colônia Dona Francisca

Moradores são unânimes em afirmar que o bairro recebeu essa denominação em função da Igreja Santo Antônio, construída na década de 60, embora de acordo com a planta da cidade, o templo não esteja localizado no bairro. Esta região já recebeu outras denominações, ligadas diretamente ao desenvolvimento da Colônia Dona Francisca.

Sua principal artéria, também em homenagem à Princesa, se denominava Dona Francisca e era conhecida ainda por "Serrastrasse" ou Estrada da Serra, por ligar a então colônia a outras localidades. O cultivo e a produção em pequena escala obrigava a população a comprar produtos de estabelecimentos comerciais no centro e no próprio bairro.

Entre as décadas de 30 a 50 ocorreu uma mudança significativa na infra-estrutura e nos serviços oferecidos ao bairro, como transporte coletivo, energia elétrica e água encanada. A água encanada veio fazer parte do cotidiano da população a partir da década de 40. Até então, era usada a água da nascente do Rio Cachoeira, para lavar roupa. Antes do chuveiro elétrico, os banhos eram tomados em banheiras de madeira.

A pavimentação da Estrada Dona Francisca foi um dos acontecimentos mais marcantes da região, merecendo uma festa em comemoração.

Uma curiosidade a ser citada é a presença da Orquestra da Fiação joinvilense nos bailes que eram realizados no Salão Catarinense. Essa mesma orquestra acompanhava o prefeito Dr. João Colin em seus comícios.

O bairro ocupa uma posição geográfica privilegiada em Joinville, próximo à Zona Industrial. Cresceu rapidamente tornando se uma região predominantemente residencial. O Grêmio Esportivo 25 de Agosto antes era conhecido por Arsenal Futebol Clube, e por desavenças entre seus participantes, foi desativado, sendo substituído a partir de 25/08/1961 pelo Grêmio Esportivo 25 de Agosto, local muito freqüentado por moradores de toda cidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Até o Ingo Faisca ta fazendo ginastica agora !! Kkkk
Esta se preparando para voltar ao time do 25 !