Dinilson Vieira
especial para a Gazeta de Joinville
A instalação completa da rede oficial de coleta de esgoto e o destino adequado dos dejetos sanitários não têm data para acontecer no Floresta, um dos bairros mais antigos e tradicionais de Joinville, com 18,6 mil habitantes e área de 5,01 quilômetros quadrados. Pegou de surpresa entre moradores a notícia de que, dos R$ 56 milhões liberados recentemente ao município pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal para obras de saneamento, nenhum centavo vai para o Floresta, apesar do bairro integrar a bacia do Cachoeira, principal rio da cidade que se transformou em latrina pública a céu aberto.
Segundo a Companhia Águas de Joinville, apenas 19% dos domicílios, estabelecimentos comerciais e indústrias do Floresta está ligada à rede de esgoto. Os demais 79% jogam a sujeira que produzem diretamente na rede de águas pluviais ou clandestinamente em córregos e valas. Os bairros contemplados diretamente pelo dinheiro do PAC são Costa e Silva, Bom Retiro e parte do América e Saguaçú, que fazem parte da bacia. Outros R$ 12 milhões também do PAC serão gastos na modernização da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do bairro Jarivatuba. A contrapartida da Prefeitura é de R$ 3,4 milhões.
"O esgoto é um dos principais problemas do Floresta, que um dia, espero, será contemplado com obras, mas não dessa vez. O bairro precisa ser conectado com o Centro. Os moradores devem se unir e reivindicar. As associações precisam denunciar para os problemas virem à tona. Se ninguém fala, parece que está tudo bem", afirma Antônio Valdir Riva, diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação dos Serviços de Água e Esgotos, órgão fiscalizador da companhia Águas de Joinville.
O presidente da Câmara de Vereadores, Sandro Daumiro da Silva, que teve boa votação na zona Sul, onde fica o Floresta, diz que vai pedir explicações à Prefeitura sobre o projeto de saneamento do PAC. "O Floresta precisa ser contemplado, não merece ser tratado dessa forma. É uma vergonha para a região", afirma Sandro, acrescentando que a parte Sul tem estado à margem dos governos municipais há décadas.
O presidente da Associação de Moradores e Amigos do Floresta, Fernando Luís da Silva, também não entende a razão do bairro ficar à deriva. "Não nos deram explicação. O problema piora quando há enchentes em pontos de ruas como São Paulo, Santa Catarina e Santa Maria. Aí não se sabe o que é esgoto e o que é água da chuva". Segundo ele, a entidade faz constantes reivindicações à Secretaria Regional Itaum, unidade administrativa que cuida do Floresta. "A resposta é sempre a de que estão assumindo agora". Procurado, o secretário Manoel de Medeiros Machado não quis falar.
"Não rende votos"
A dona de casa Marta Hess, moradora da rua Coimbra e há 43 anos no bairro, tem a resposta na ponta de língua sobre a falta de saneamento: "São obras que não rendem votos, porque estão escondidas (na terra)". O aposentado Rafael Gonçalves, morador da rua Guararapes, aponta, além do problema do esgoto, a quantidade de buracos no asfalto e paralelepípedos. "Não existe manutenção", declara ele.
Do total de 67,6 quilômetros de ruas do bairro, 30,3 são asfaltados e 21,9 conservados em paralelepípedos. Os demais 15,3 quilômetros são mantidos em saibro. Moradora da rua Silvino da Silva, 65, e sempre envolvida nas atividades da Associação de Moradores, a dona de casa Maria de Lourdes Ostin da Silva, mãe de Fernando, é pessimista com relação ao problema de saneamento. "Nem as bocas-de-lobo são limpas".
‘É preciso lutar pelos idosos’
"O bairro Floresta faz parte de minha história de vida, pois fiz meus ensinos Fundamental e Médio nas escolas da Zona Sul. Então acompanho o desenvolvimento do bairro desde menina. Hoje, nosso bairro conta com mais ou menos 16.990 pessoas, tem em sua atividade econômica cerca de 133 industrias, mais de 621 pontos comerciais e 872 prestadores de serviços, além de diversos bancos e clubes.
Tudo isto fez com que nosso bairro se tornasse independente. Infelizmente, apesar de ser um bairro tão desenvolvido economicamente, ainda enfrentamos muitos problemas. Por exemplo, temos uma infraestrutura precária, carecemos de saneamento básico adequado. Apesar de termos um número de habitantes considerável, o bairro conta com poucas escolas e CEIs. Precisamos lutar mais por esses aspectos.
Precisamos de mais áreas de lazer, de mais projetos que venham contribuir com nossa cultura, sem nos esquecer de beneficiarmos a classe idosa. Devemos pensar em políticas públicas que beneficiem esse grupo de pessoas. Mas fico feliz em morar no Floresta".
O caos no trânsito da rua Santa Catarina
Em apenas cinco minutos de observação é possível perceber a baderna no trânsito na rua Santa Catarina, uma das principais vias do Floresta. Numa manhã de sábado, a reportagem constatou a dificuldade que pedestres têm para atravessar a rua no trecho que concentra agências bancárias, casa lotérica, farmácia, padaria, loja de eletrodomésticos e corretora de imóveis.
"Para atravessar é um parto. A velocidade dos veículos é o que mais assusta", diz a promotora de vendas Juliane Aparecida Carvalho. "Pisar na faixa e esperar que os motoristas deem preferência ao pedestre é ilusão, é pedir para ir direto para o caixão", completa Sueli Carvalho, mãe de Juliane. Para o morador Pedro Bilenki, a rua necessita de redutores de velocidade com urgência.
A Conurb (Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Joinville) tem um projeto para instalar pelo menos dois equipamentos de controle de velocidade que multam motoristas, mas somente para 2010, após processo de licitação. "A lombada eletrônica vai voltar em frente à praça Tiradentes", diz o diretor de trânsito da Conurb, Eduardo Bartiniak Filho. A praça Tiradentes serve de endereço da academia de melhor idade do bairro, por onde circulam grande número de idosos e crianças, e deverá ser revitalizada.
E atenção: motoristas que utilizam o binário das ruas Santa Catarina e São Paulo devem redobrar a atenção em três vias laterais, que tiveram o sentido fixado em mão única. As ruas são a Presidente Artur Bernardes (sentido único da Santa Catarina para a São Paulo); Presidente Epitácio Pessoa (São Paulo-Santa Catarina); e Presidente Wenceslau Braz (Santa Catarina-São Paulo).
Policlínica com atraso de nove anos
Com atraso de aproximadamente nove anos, finalmente a prefeitura inaugurou a Policlínica Floresta, em substituição ao prédio que funcionava na rua Guararapes. O prefeito Carlito Merss admitiu a demora. "Nunca vi uma obra tão atravancada como essa. Essa policlínica não pode demorar mais do que um ano para ficar pronta. Sou filho de pedreiro e não justifica", disse o prefeito.
Com 697,59 metros quadrados de área construída, a estrutura tem suporte técnico para proporcionar ao usuário um ambiente adequado e com qualidade no serviço, de acordo com a Secretaria de Saúde. A unidade fica na esquina das ruas República do Peru e Maravilha.
Foram investidos R$ 523.257,59 na obra e R$ 330 mil em equipamentos. A promessa é de que a instalação seja referência nos atendimentos de pediatria, ginecologia e saúde mental para as unidades de saúde Boehmerwaldt I e II, Itinga e Itinga Continental, Km 4, Profipo. Pelo menos R$ 600 mil da obra são fruto de emendas de Carlito na época em que era deputado federal, segundo o próprio.
De acordo com a coordenadora da Policlínica, Jusmara do Rocio Maciel Da Hora, a unidade atenderá cinco mil pessoas por mês. A equipe é formada por clínico geral, ginecologista, pediatra, cirurgião-dentista, psicólogo e terapeuta ocupacional, que prestarão serviços como nebulização, vacinas, teste do pezinho, administração de medicamentos, curativos e aferição de pressão arterial. Estão incluídos os programas de Saúde da Mulher, Saúde do Adulto, Saúde da Criança e Saúde Mental.
Greve dos servidores da Prefeitura 2011
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Um comentário:
Gostaria de informar que existe duas associações de moradores no bairro floresta, essa mencionada na reportagem e mais uma que não sei o nome que fica junto a igreja são francisco na rua farroupilha.
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