Nome de capital, mas parado no tempo

Dinilson Vieira
dinilson@gazetadejoinville.com.br

Basta o sol aparecer após algumas horas de chuva para a Secretaria Regional Nova Brasília começar a receber dezenas de pedidos de recuperação de ruas, limpeza de córregos e capina de terrenos. O trabalho nunca vence, até pelo fato do poder público municipal contar com uma acanhada estrutura de mão-de-obra e equipamentos para atender 12 mil habitantes.

Para complicar, uma das duas motoniveladoras (equipamento conhecido por patrola) a serviço da regional quase sempre está parada por causa de problemas mecânicos. Com apenas uma máquina em funcionamento, fica difícil dar conta para atender todos os chamados da população.
O desafio é enorme.

As 131 ruas do bairro totalizam 48,3 quilômetros, dos quais apenas 14,1 são asfaltados ou revestidos de paralelepípedos, sobrando 34,2 quilômetros em saibro. Para piorar, geralmente onde não há pavimentação existem valas a céu aberto que funcionam como rede oficial de esgoto.

O bairro recebeu o nome de Nova Brasília em homenagem à nova capital brasileira que o país ganhava, em 1960. Quase cinquenta anos se passaram e o que se percebe é uma região estacionada no tempo, contrariando o "boom" de desenvolvimento que se pretendia dar naquela época.

"Era para ser um exemplo de lugar em matéria de desenvolvimento para Joinville, mas não é bem isso o que temos. É necessário trabalhar, trabalhar e trabalhar para mudar esse quadro", diz o secretário regional Alido Lange, cuja unidade administrativa sob seu comando ainda tem que cuidar de mais dois núcleos populacionais igualmente carentes: Morro do Meio e São Marcos. Normalmente, todos os dias entram pelo menos dois pedidos de novo ensaibramento de ruas para o Nova Brasília.

População está decepcionada

Radialista de uma emissora comunitária do bairro e coordenador do programa de adesão com moradores para planos de pavimentação da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), Vandio Barbosa afirmou que o Nova Brasília ficou "muito tempo" esquecido pela administração municipal. "Para recuperar o tempo perdido, é necessário dar ao bairro um choque de pavimentação. E isso não se sabe quando pode acontecer", explicou Barbosa.

O bairro possui seis associações de moradores, o que não significa muita coisa, pois as entidades não se entendem. "Temos todas essas entidade que não falam a mesma língua e perdem a credibilidade. Por isso, a população não se interessa pelas reuniões", declara João Batista Tomaz, presidente da Associação de Moradores Nova Brasília 2 e também funcionário da própria Secretaria Regional. "Cada associação olha muito para o próprio umbigo e não enxerga o geral. Isso impede as chegada de melhorias", completa João, cujo tom de discurso nega ser político. "Aqui na regional sou funcionário, lá fora sou morador comum".

O bairro é cortado pela rua Minas Gerais, que tem asfalto, mas reserva perigos de circulação a motoristas e pedestres. A sinalização é precária, há buracos que servem de armadilhas e não há calçadas em vários trechos. A rua serve de acesso para o acesso ao Terminal de Integração do Transporte Coletivo e para ao da Polícia Militar.

Falta esperança

"Perdi a fé na prefeitura. Não acredito mais que um dia vou ver asfalto na frente de casa", afirma o aposentado Santulino Correia Neto, que mora há mais de 20 anos na rua Theodoro Oscar Bohn, uma das seis principais vias do bairro. Enquanto um pequeno trecho da via tem pavimentação, os moradores da outra parte, caso de Santulino, continuam comendo poeira. "Somos obrigados a fechar todas as janelas em dias ensolarados".

A dona de casa Maria Antonia da Silva teve um pouco mais de sorte. A rua Joana D’Arc, onde fica a casa de Maria, acaba de ser asfaltada e o meio fio está a caminho. "A obra demorou muitos anos e minha família comeu muito pó. Tenho gente em casa com problemas alérgicos até hoje. Alguns vizinhos já morreram e não chegaram a ver o asfalto, como eu cheguei".

Bairro ganha 1ª filial do Procon

O Nova Brasília tem o privilégio de ser o bairro de Joinville a ganhar a primeira filial do Procon (serviço de atenção e defesa do consumidor), o que deve facilitar a vida de quem tem algum problema de relação com o comércio. O serviço funciona em uma sala da Secretaria Regional local (rua Minas Gerais, 1.303, telefones 3436-4964 e 3426-6239) e ajuda a encontrar soluções ou esclarecer dúvidas em casos que envolvem compra de produtos, planos de saúde, empréstimos, telefonia fixa e celular, entre outros.

O objetivo do Programa Procon nos Bairros é descentralizar o serviço, cuja sede funciona na rua Dona Francisca, 1.283, Saguaçu, onde ocorrem cerca de 40 audiências e até 140 outros atendimentos diários. "A intenção é levar o Procon mais perto da população, fazendo-a ficar familiarizada com o Código de Defesa do Consumidor. A extensão do Procon terá capacidade para abrir processos e marcar audiências, além de responder dúvidas", afirma o gerente do órgão, Jorge Nemer Filho.

O novo escritório conta com um estagiário de Direito, mas serve como local de audiências, que continuarão sendo realizadas na sede do órgão. O interessado em atendimento deve comprovar que reside na região do Nova Brasília. "Mas antes de procurar o serviço, o consumidor sempre deve tentar um acordo com seu fornecedor. Se isso não ocorre, o Procon entra no caso", explica Jorge. Uma vantagem é o morador não precisar se deslocar até o outro lado da cidade para tentar encontrar soluções para seus problemas de relações de consumo.

Aluguel mais barato atrai comerciante

Fechar um novo contrato de locação com a certeza de economizar R$ 150,00 mensais, além de dispor de um espaço maior para estocar mercadorias foram motivos suficientes para a comerciante Karina de Camargo e o marido deixar o bairro Guanabara para tentar a sorte no Nova Brasília. O bairro, que já tinha 173 pontos comerciais, passou a ter 174 com a loja de Karina, que vende móveis e eletrodomésticos novos e usados.

"Pagava R$ 600,00 e agora fechei contrato de R$ 450,00. Parece que não é muito, mas pesa no bolso. Ainda não sei se fizemos a coisa certa, porque é muito cedo. Estamos aqui há apenas dois meses e precisamos ganhar a confiança dos moradores", diz Karina.

Dois fatores foram decisivos na hora de escolher o local para instalar a loja: a proximidade com o Posto de Saúde do Nova Brasília e com a academia de melhor idade, que proporcionam movimento de moradores. E por falar em atendimento médico, Karina necessitou do serviço recentemente: "Minha pressão estava alta e o atendimento foi atencioso".

Região sediou primeiros loteamentos de Joinville

A região que compreende o atual Bairro Nova Brasília foi uma das primeiras a ser loteada em Joinville. Através desses loteamentos feitos principalmente nas terras dos senhores Mathies, Tilp, Roos e Welter o bairro iniciou seu processo de urbanização, sendo as famílias residentes no local os Goll, Fisher, Pereira, Pahl, Benica, Siedschlag, Vogelsanger, Souza, Tilp, Roos, Mathies, Welter, entre outras.

Já no início do século XX estavam em andamento as obras para a instalação dos trilhos e logo as primeiras locomotivas começaram a transitar pelo bairro. No início da ocupação, era grande a dificuldade dos moradores para se locomoverem ao centro da cidade, pois a região só dispunha de uma única via de acesso, a Estrada Guiguer Nova, formada atualmente pela Estrada Jativoca e parte da Rua Tupy.

No início da década de 50, a abertura da rua Minas Gerais facilitou o trajeto. Surgiu na região, nos fins da década de 50, o primeiro loteamento do bairro, com a denominação de "Galho da Sorte", de propriedade da família Welter. A partir daí a região começou a sofrer transformações e os novos loteamentos atraíram moradores de inúmeras regiões de Joinville. E a inauguração da Capital Federal, no início da década de 1960, cedeu o nome ao núcleo habitacional Nova Brasília.

Equipamentos públicos importantes para o bairro foram criados no final dos anos 50 e na década de 60, como transporte coletivo, energia elétrica e água encanada, incentivando a instalação das atividades econômicas como a Cerealista Mathies.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, este secretário Alido Langue diz que a secretaria estava abandonada, mas ele esquéce que ele estava na turma do TEBALDI!
Hoje , nao sei como ele faz parte do governo Carlito.
Aproveitando que agora tem a Sede do Procon, o povo pode ir reclamar sobre as soliçitações nao atendidas pelo secretario, que nao atende o morador dependendo em quem votou, se votou no Darci de Matus ele nao atende, pode ir lá e ver os pedidos parados, que são mais de 1700 pedidos acumulados.
E não adianta dizer que está precária a secretaria, pois as outras funcionam e muito bem, Parabéns ao Secretário Fabiano do Vila Nova e outros secretarios que nao alembro o nome.
É hora de mudar Carlito, chega disso, fóra Alido Langue.

Cristhiane / 9995-6706 disse...

Realmente a situação é lastimável, moro na rua Reinaldo Scheneider e essa rua tem muito movimento, pois é o principal acesso aos loteamentos do jativoca, inclusive o onibus passa por ela, e fazem anos que a população pede asfalto e até onde se sabe "não é prioridade"....oras então o que é prioridade para a prefeitura......é mais fácil recapear rua de área nobre do que passar asfalto e fechar esgoto a céu aberto, já que a primeira opção aparece mais, interessante é que em época de eleição todos aparecem por aqui e tão logo acaba o periodo eleitoral parece que "ESQUECEM"......a população esta decepcionada....prefeito Carlito espero que resgate a confiança desses minicipes no poder público municipal...afinal é "Joinville de TODA SUA GENTE"!!!!