Depois de escolas, agora prefeito abastece CEIs com jornais diários

Da redação
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Os Centros de Educação Infantil (CEIs), mantidos pela Secretaria Municipal de Educação, recebem atualmente exemplares de diversos jornais da cidade. O argumento da prefeitura é de que os professores precisam se atualizar e que o material também é usado para crianças fazerem recortes. Mas pais, alunos e profissionais da área de educação alertam para o perigo de crianças terem acesso a conteúdos relacionados à violência, principalmente os alunos de séries iniciais.

No mês de agosto, a prefeitura tirou dos cofres públicos mais de R$ 39 mil para fazer 155 assinaturas do jornal Notícias do Dia para diversas escolas do município. Assim, alunos da 1ª a 9ª série, ou seja, crianças de 6 anos até adolescentes de 14 anos terão acesso a essas informações.
A única assinatura que se enquadra no padrão didático pedagógico é o Jornal da Educação, onde foi gasto somente R$ 7.068 para fazer as 155 assinaturas. Assim, a Secretaria de Educação, que já havia desembolsado outros R$ 83 mil com o A Notícia, Jornal dos Bairros e Ponto a Ponto, agora tira dos cofres públicos outros R$ 39 mil para comprar o jornal Notícias do Dia.

Ao todo, são R$ 122 mil investidos em periódicos que perdem a utilidade no dia seguinte e são descartados.

Leitura para "momentos de folga"

A diretora do CEI Doce Infância, Sônia Nemer, do bairro Nova Brasília, conta que recebe diariamente os jornais Notícias do Dia e A Notícia. "Esse material serve para os professores se atualizarem nos momentos de folga", diz. Porém, ela destaca que há a necessidade de renovar brinquedos, jogos e livros de literatura, muito usados pelas crianças. Já os jornais, explica a diretora, são enviados para a coleta seletiva.

Enquanto isso, materiais que são necessários para as escolas são deixados de comprar, como alerta a diretora da Escola Municipal Pastor Hans Muller, no bairro Glória, Regina Cátia Dominoni. Segundo ela, seria importante para a unidade receber exemplares da Revista do Professor e Super Interessante. "A Super Interessante chamaria mais a atenção das crianças e dos adolescentes", diz.

Revistas que poderiam ser compradas

Se for enumerar as revistas da Editora Abril que seriam relacionadas à educação teria: Aventuras na História, que custa R$ 131 a assinatura anual, National Geografic por R$ 179, Nova Escola por R$ 34, Recreio por R$ 517,40 e Super Interessante por R$ 138,70.

Já da Editora Segmento, poderiam ser adquiridas as Revistas Escola Pública, que custa R$ 43, e a Revista Língua Portuguesa por R$ 98.

Custo semelhante

Para fazer as sete assinaturas de revistas mensais relacionadas à educação e ao interesse dos estudantes e professores, o Governo Municipal gastaria R$ 1.141 por escola. Bem diferente dos quatro jornais que foram adquiridos pela Secretaria de Educação, que no dia seguinte não têm mais utilidade e são jogados no lixo.

Além é claro, de que os R$ 122 mil gastos em jornais poderiam ser utilizados para comprar livros de literatura, didáticos, gramáticas e dicionários para rechear as prateleiras das bibliotecas das escolas.

Qualidade da educação cai, segundo Ideb

Enquanto a Secretaria de Educação investe o orçamento em jornais, os índices de qualidade da educação básica caem e Joinville fica atrás de cidades pequenas. Conforme dados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), em Santa Catarina, a cidade que ganhou maior nota foi Iporã do Oeste.

Joinville obteve a média de 5,5 pontos para os anos iniciais e 4,8 para os anos finais. Já Iporã do Oeste, no extremo oeste do estado, teve a média de 6,5 para os anos iniciais e 5,4 para as series finais.

Mesmo Joinville sendo a maior cidade do estado e pólo industrial, ou seja, com maior arrecadação e possibilidade de investimentos em educação, obteve menores notas do que uma cidade que vive da agropecuária e agricultura familiar.

Conforme o secretário de Educação de Iporã, Nereu José Barth, a cidade investe em educação por mês aproximadamente R$ 200 mil. Destes, R$ 120 mil são para a folha de pagamento dos funcionários e R$ 55 mil para transporte dos estudantes. Nereu destaca que quase todos os alunos da rede municipal são carentes.

Lacerdópolis ficou em segundo lugar no quesito séries iniciais, pois obteve nota 6,3, igual a cidade de Vargeão. O município de Meleiro tirou nota 6,2 para séries iniciais e 4,6 nas séries finais. Joinville também perde no ranking para as cidades de Itá, Ipira e Ipuaçu.

Iporã do Oeste tem 1º lugar nas séries iniciais

"Quando soubemos do resultado, em 2007, tratamos a notícia com naturalidade e com preocupação", comentou o secretário de Educação. Para ele, o planejamento foi o responsável pelas boas notas.

Além do mais, Nereu destacou que desde 2002 a cidade tem um plano de carreira para os professores e que este ano irão aderir a mais melhorias. "Todos os profissionais da educação básica são formados e com especialização", destaca.

Conforme ele, o salário inicial de um professor em Iporã do Oeste é de R$ 1,5 mil. Depois de algum tempo passa para R$ 2 mil e tem aumento de 50% a cada nível de especialização.

4 comentários:

Anônimo disse...

Esse tipo de negociata funciona, por acaso tem algum jornal de Santa catarina que fala mal do governo do Luiz Henrique? ou que denuncia as barbaridades que a Gidion e a Transtusa fazem no Transporte Coletivo de joinville?

Anônimo disse...

Enquanto isso os alunos da Escola Loyola são obrigados a passar na chuva nos dias de educação fisica para irem até o ginasio, pra instalar um toldo não tem verba. Isso é um absurdo.

Anônimo disse...

Perfeito o comentário do anônimo anterior. A negociata é a seguinte: troca-se um tom "mais brando" das críticas dos jornais por uma grande quantidade de assinaturas.
O Diário foi comprado pelo Luiz Henrique, o ANotícia, Notícias do dia pelo Carlito.
Isso virou "praxe" em parte da imprensa. Se os governantes não compram as assinaturas, alguns jornais aumentam as críticas em suas páginas de política.

Anônimo disse...

Isso é a administração do PT, ditadores sem vergonha. Talvez eles querem que os alunos usem esses jornais no dia seguinte para limpar a bunda, só pode ser isso porque papel higienico nas escolas não tem e o alto escalão da prefeitura está limpando a bunda com notas de r$ 100,00.