Dono do posto APA narra como foram as 12 horas que passou dentro do presídio

Dinilson Vieira
especial para a Gazeta de Joinville

Após 12 horas dividindo uma cela com outros oito homens no Presídio Regional de Joinville, sob acusação de cometer crime ambiental, o dono de posto de combustíveis do bairro Anita Garibaldi, Fernando César Garcia, de 37 anos, disse que ficou "muito assustado" com a situação. Ele afirmou que foi o pior momento de sua vida, porque saiu cedo de casa para trabalhar, num dia como outro qualquer, e no outro acordou dentro de uma cadeia.

Fernando não tem curso superior e dividiu o espaço com presos comuns, acusados por diversos tipos de delitos, que o trataram bem e souberam ouvi-lo com paciência, a respeito do que chama de infortúnio, por ter sido preso por um crime que ele garante que não sabia ser inafiançável. No café da manhã, um detento lhe "emprestou" a manteiga para passar no pão e mais tarde, em grupo, almoçou arroz, feijão, macarrão e salsicha ao molho.

A prisão ocorreu na tarde do último dia 12 (quarta-feira) e o comerciante saiu da cadeia na manhã seguinte, mediante um mandado de liberdade provisória, já que é réu primário, possui trabalho e residência fixos. Segundo a acusação, o estabelecimento funcionava sem os alvarás da polícia e dos bombeiros. Também não tinha autorização para trabalhar com os serviços de conveniência, troca de óleo e lavação.

Tudo isso somado ao fato dos fiscais encontrarem estocados, de forma irregular, sete mil litros que não seriam de gasolina, e sim de álcool, conforme alegação de Fernando. O combustível estava guardado num tanque subterrâneo que deve permanecer desativado, de acordo com a Fundema (Fundação Municipal de Meio Ambiente). O dono do posto foi autuado por não cumprir a lei de estocagem.

Entrevista exclusiva • Fernando César Garcia

Momento da prisão
Entrei no presídio (Regional de Joinville) às 22h30 do dia 12 (quarta-feira), após ficar horas na Delegacia Regional de Polícia. São momentos que eu prefiro nem comentar muito.

Tratamento na cadeia
Fiquei preso com presos comuns porque sou uma pessoa comum. Talvez tenha tido uma infância parecida a das pessoas com quem estive preso. Só que eu corri atrás para ter minhas coisas. Ninguém me deu nada. Cada um segue o seu caminho, eu segui o meu e aquelas pessoas seguiram os seus. Não tenho nada para reclamar dos agentes, da cadeia, dos presos, foi uma lição importante.

Sem dormir
Não consegui dormir (da noite do dia 12 para 13) absolutamente nada. Fiquei conversando, pensando, refletindo, dividi os assuntos com os presos. Eram presos por diversos tipos de crimes. Dividi a cela com mais oito, mas não estava superlotada. Estava tranquila.

Piores horas
Fiquei preso por aproximadamente 12 horas. Estou muito assustado. Apesar de ter sido bem tratado, foram as piores horas da minha vida. Tenho uma filha, sou natural de Joinville, tenho uma história aqui. Você acorda todos os dias às 6 horas para trabalhar. Na quarta acordei cedo e na quinta amanheci num presídio. Não me acho melhor do que ninguém, mas é uma coisa a ser questionada.

Crime inafiançável
Não sabia que estava cometendo um crime inafiançável, não fiz isso visando mais lucros. Não pensei em ganhar mais em cima dos meus clientes, que podem pedir para fazer o teste do combustível a qualquer hora, e meus frentistas estão sendo muito solidários. Se você perceber, não para de entrar carro no posto, mesmo fechado. O que aconteceu não vai ajudar em nada, mas vamos reverter isso com trabalho. Não acredito em vingança, não acredito em ódio. Hoje não acredito em perseguição, talvez futuramente eu vá descobrir alguma coisa.

Almoço e liberdade
Deixei a prisão por volta de 11h30 (horário em que um oficial de Justiça já tinha ido ao presídio com o mandado de liberdade provisória de Fernando). Mas às 13h50 cheguei a fazer uma refeição: arroz, feijão, macarrão e salsicha. Foi no patiozinho do banho de sol. A comida já chegou pronta. De manhã também comi um pão. Um preso me emprestou a manteiga dele. Tomei um café junto.

Sobre o negócio
Primeiro quero falar que o posto foi fechado por falta de documentação. Estava faltando o alvará sanitário, que já estava encaminhado na Vigilância Sanitária, o da Polícia Civil, cujas guias já foram pagas, e a documentação do Fundema (Fundação Municipal do Meio Ambiente) também já está normal. O posto foi fechado por falta da renovação de licença ambiental.

Sem adulteração
No dia em que fui preso, a gasolina estava com o percentual aceito, de 25% de álcool anidro. Nesse dia estavam aqui o Comitê de Qualidade do Estado de Santa Catarina, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros e um fiscal da Prefeitura pedindo os alvarás. Ele queria que eu tivesse o alvará da loja de conveniência, da troca de óleo e lavação. Lavação é uma coisa que nem cobro, é gratuito. No final de semana chego a colocar dois funcionários para dar lavação gratuita. Te confesso que o alvará da Polícia de funcionamento é específico e não tinha esse documento. Sei que num ano pediram o alvará, em outro foi revogado. O sindicato dos postos pediu que esse alvará não fosse pedido. Eu só tinha o alvará da venda de combustíveis e lubrificantes.

A luta para reabrir o posto
O posto não teve qualquer problema com a qualidade dos produtos. É bom frisar isso para eu não ser comercialmente prejudicado. Estamos correndo atrás de toda documentação para tentar reabrir o posto o mais rápido possível. Acredito que posso conseguir isso até esta quinta-feira (20). Sobre a acusação de crime ambiental de que encontraram sete mil litros de álcool (e não de gasolina) realmete estavam estocados de forma irregular. Os policiais encontraram 7 mil litros de gasolina sem declaração fiscal.

Empregados
Tenho 10 funcionários e não mandei ninguém embora. Nem de férias eu botei. Enquanto o posto não funciona, estamos fazendo uma reforma na parte visual do posto. Enquanto as grandes (bandeiras conhecidas) pagam para os donos de postos essas reformas, se amarram em contrato de 10, 15 anos, eu faço por minha conta.

Combustível mais barato
Eu tenho um preço competitivo. Como eu não tenho um contrato com companhia e o combustível é um comoditie, consigo um preço mais barato, tanto no álcool como na gasolina. Porque ninguém investe nada no meu posto. O meu combustível é carregado direto na base de Itajaí ou na base de Guaramirim. Não tenho transporte próprio, isso é feito pelas transportadoras. (o empresário fica em silêncio quando questionado se vender mais barato mexe com quem vende combustíveis mais caros, os chamados postos de bandeiras conhecidas).

10 comentários:

Anônimo disse...

É para ter pena? Só porque é empresário, eu deveria ter pena dele? Cometeu crime ambiental, e pronto..a lei é para todos, meu amigo!

Luiz Gustavo disse...

O anonimo,,,cara voce e uma baita de um invejoso,,nada esta provado,,,,isso voce diz q foi mais nada foi confirmado, cara nao etendo essa cidade o que tem de invejoso e uma enormidade.

Anônimo disse...

Nesse caso Luiz o problema não é nem a inveja e sim o nosso famoso cartel de combustível, esse empresário do APA deve sofrer muito com esses safados do cartel do combustível......

Cicero disse...

Disse um grande homem: no mundo tereis aflição mas tenha bom animo eu venci o mundo. levaram ele pra morrer na cruz, se ele que é santo passou por iso, quanto mais nós pobres mortais, então é levantar a cabeça e tocar pra frente porque atras vem gente.( pena quem ´tem é galinha o homem com Deus é aguia)

qualquer duvida me liguem 99622300

Anônimo disse...

Ah... ele não sabia que era um crime inafiançável.
Então, tá.
Sinto muito.
Por ele e por nós, que temos que ler essas coisas.
Mas que bom, o dono do posto já conseguiu um amigo crente no blog tentando lhe motivar... rssss.

Evilasio disse...

É bom que se entende que as leis estão aí para serem respeitadas, mas é necessario que seja igual para todos.
Talvez a diferença está na forma como os orgãos responsaveis pela fiscalizaçã agem.
Tenho sérias críticas à fazer ao SEINFRA, que não atende a denucias. Não investiga e negligencia.
Denuncia comprovada pela prefeitura municipal de joinville , conforme documento em meu poder, nunca mereceu a atenção e a sonegação continuou, e talvez ainda continue.
Punir alguns e avalizar a conduta indevida , de outros????
A ORDEM É ESSA???
DIGO E AFIRMO! SINFRA, CONURB, servem apenas para gastar o dinheiro público.

Evilasio Setti

Anônimo disse...

Meus amigos, este posto eu conheço muito bem ,moro perto e abasteço sempre la.FILAS ...FILAS...PORQUE??
Combustivel com preço BOM....( crime ambiental ??? Se o SEINFRA ( QUE TAMBEM CONHEÇO) tem interesse somente na defesa do meio ambiente entao quero dizer que temos em Joinville MIL E HUM lugares pra FiscalizaR E MULTAR,no Ramo Imobiliario temos inumeros exemplos de pessoas bem conhecidas que sao "donas" de muitos imoveis e empresas que cometem absurdos.
Entao quero dizer ao caro amigo proprietario do posto que lhe mando o meu Parabens e seu posto sera um dos maiores de Joinville.
abraços

Valmor

Anônimo disse...

Eu abastecia lá.. que reabra logo!

abin lab disse...

pesso a DEUS QUE PROTEJA ESTE DONO DO POSTO EU ACREDITO QUE A POLICIA CIVIL DEVERIA ENVESTIGAR MAIS PROFUNDAMENTE ESTE CARTEL QUE SE INTALOCE EM JOINVILLE E SO CORRER DE POSTO EM POSTO VOCE VE NITIDAMENTE UM CENTAVO ACIMA UM CENTAVO A BAIXO A DIFERENÇA DOS PREÇOS AI SENHORES PROMOTOR VAI A LUTA SE MECHA COMPRA ESTA BRIGA VOÇES GANHAM BEM VAI ENVESTIGAR FAÇAM IGUAL POLICIA FEDERAL

Anônimo disse...

a fundema tambem deveria visitar as garagens( revendedoras de automóveis)pois o destino dos produtos quimicos de lavação tambem vão direto para o esgoto sem tratamento algun.