Gincanas e rifas são comuns nas escolas municipais de Joinville

Gisele krama
giselekrama@gazetadejoinville.com.br

Depois que a Gazeta denunciou as cobranças de material de higiene e limpeza feitas pelas escolas municipais aos alunos, a Câmara de Vereadores chamou o secretário da Educação, Marcos Aurélio Fernandes, para dar explicações. No entanto, ele não compareceu, prorrogando o encontro para a próxima terça-feira (25). A reunião será realizada no plenarinho, às 14h30.

O secretário também terá que definir a situação das creches comunitárias e domiciliares. Conforme a vereadora Dalila Leal (PSL), da comissão de Educação, há boatos de que a Secretaria não iria renovar o convênio com as entidades.

Na rede municipal de ensino estão matriculados aproximadamente 62 mil estudantes. Conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal, 25% da arrecadação do município deve ser investida em educação. Além disso, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), do Governo Federal, repassou para Joinville aproximadamente R$ 112 milhões em 2009.

Mesmo com esses recursos, as instituições municipais de ensino ainda não recebem o material necessário para atender os estudantes. A maioria das escolas manda bilhetes aos pais para que doem produtos de higiene e limpeza, além de realizar gincanas e sorteios de rifas.

Cadernos de estudantes são repletos de bilhetes pedindo doações à escola

Os filhos de Jelson César Ladislau estudam no turno intermediário da Escola Municipal Joaquim Félix Moreira, no bairro Paranaguamirin. Ele comprou uma rifa que a instituição mandou para arrecadar dinheiro. Além disto, bilhetes são colados nos cadernos de avisos de cada criança. "Eu acho errado, pois é o governo que deve bancar a escola", lamenta.

Em alguns dos recados há uma observação de que vai ser cobrada nas salas de aula as contribuições. Outro aviso convida as crianças para participarem de uma festa junina, em que os produtos serão vendidos. No mesmo papel tem uma solicitação para que os pais doem bolos confeitados, valendo pontos para a gincana. Também pedem brindes para a festa. Ou seja, além da família enviar produtos para a escola, ainda será cobrado dos estudantes os alimentos consumidos.

Notas solicitam que os pais mandem detergente, sabonete e copos descartáveis. No entanto, Doval Carvallho, colaborador da APP (Associação de Pais e Professores), diz que o pedido de produtos faz parte de uma campanha para melhorar a limpeza da escola. Doval comenta que com a mudança de governo deu uma "diminuída" nos produtos de limpeza, mas não chegou a faltar.
Quando questionado se com o material recebido a escola não teria mais problemas com limpeza, o colaborador da APP respondeu que não haverá folga, pois têm muitos alunos para atender.

A aposentada Irani de Souza, 62 anos, leva a neta e a bisneta para a Escola Joaquim Félix Moreira. Segundo ela, os professores pedem diversos materiais de higiene. "A gente acha errado, mas eles pedem", lamenta.

Na lista mandada no mês passado ao vigilante Sebastião Alves dos Santos, 35 anos, foram solicitados sabão em pó, detergente e alvejante. Marta Antônio Fogaça, dona de casa, diz que não é obrigada a doar, mesmo assim dá R$ 1 todo mês.

Papel das APPs é fiscalizar recursos passados à escolas

Doval destaca o papel das APPs como intermediadoras e fiscalizadoras dos recursos repassados às escolas. Para ele, a associação deve discutir a melhor forma de utilização desse dinheiro. "A APP não pode pedir dinheiro, pois não tem fins lucrativos e é contra os princípios", afirma. Mesmo assim, mensalmente os alunos recebem bilhetes solicitando doações para a associação.
A equipe de reportagem foi verificar se o problema também estava em mais outra instituição municipal de ensino. Chegou até a escola João Costa, no Jarivatuba, onde também são pedidos produtos de limpeza e vendidas rifas para arrecadar fundo.

A dona de casa Terezinha Venâncio comprou para os netos toalha e álcool conforme foi solicitado no bilhete. Além disto, os alunos trouxeram uma rifa para vender. "Cada número custava R$ 2", afirma.

Para não ter problemas com a doação de materiais, o aposentado Carlos Aguiar, 51 anos, paga todo mês uma quantia de R$ 20 para a enteada que estuda na escola João Costa. Ele entrega o dinheiro diretamente na secretaria da escola.

A vereadora Dalila Leal afirma que é errado solicitar material de limpeza. Para ela, o governo está fazendo exatamente como as administrações que tanto condenava.

Um comentário:

abinlad disse...

queria o p t agora aguenta isto eso ocomeço nao e seu carlito e a saude que em 100 dias estaria resolvida so que o carlito esqueçeu de disser que e no ano 2099 depois chamam o abinlad de terrorista