GISELE KRAMA
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As escolas municipais de Joinville estão sem o mínimo de materiais de higiene, mesmo em época de doenças infecciosas, como gripe A. Na última sexta-feira (07), um aluno, R.G, de 13 anos, foi levado para o Hospital Infantil Jesser Amarante Farias, com sintomas de gripe. Ele estuda no turno intermediário da Escola Municipal Eladir Skibinski, no Aventureiro.
O garoto começou a passar mal em sala de aula. Funcionários da escola verificaram que ele estava com febre, mas disseram que era para ele retornar à aula. No período da tarde, R.G. piorou e foi levado pela mãe ao hospital, com dor no peito, falta de ar e febre.
O aluno ficou internado até domingo de manhã e deveria ter retornado para a escola na última quarta-feira (12), mas ainda não se sentia bem. Conforme a mãe do garoto, os médicos descartaram a possibilidade de gripe A e disseram que é uma provável pneumonia.
Questionado sobre a situação da escola, R.G. destaca que não tem álcool em gel e nem papel higiênico para os alunos. “Quem quiser ir ao banheiro, tem que pedir papel para a diretoria ou serventes”, afirma.
Como única forma de prevenção da gripe, os bebedouros da escola foram desativados. “Cada criança deverá trazer um garrafa com água”, diz o diretor Reinaldo Dutra da Silva.
Situação se repete em outras escolas
Na escola municipal Padre Valente Simioni não tem álcool em gel, justamente no período em que as gripes são mais comuns. A diretora, Maria Zenir Niehues, alega que há dificuldade em encontrar o produto. Foi mandado um bilhete para cada aluno pedindo que os pais comprassem sabonete e álcool. O bebedouro coletivo também foi desativado.
Conforme Maria Zenir, a Secretaria de Educação não fornece álcool em gel. “O papel higiênico, por exemplo, que a Secretaria manda não é suficiente, e a APP (Associação de Pais e Professores) tem que comprar o restante”, explica. Atualmente a escola tem 1,2 mil alunos.
Sem Álcool gel
Na escola Saul San’Anna de Oliveira Dias há somente álcool em líquido. No entanto, foi pedido para os pais comprarem toalhas e sabonetes para as crianças. Segundo a diretora, Jandira dos Reis Cidral, os pais também devem mandar água para os filhos, já que os bebedouros serão desativados.
O caso mais grave está na escola Joaquim Félix Moreira, no Paranaguamirin. A instituição atende ainda alunos no turno intermediário. Além de problemas estruturais, como falta de sinal eletrônico, o local não tem álcool em gel. Uma funcionária admitiu que a Secretaria não manda regularmente o material de limpeza. Mesmo assim, a diretora Edilene Pereira não quis falar com a imprensa.
Pedindo dinheiro
Os pais reclamam, recebem bilhetes pedindo material de higiene e limpeza. “Sempre pedem sabonete, detergente e mais R$ 1 todo mês”, diz a dona de casa Ana Rosa Paulino.
Já a auxiliar de serviços gerais Elisete Aparecida Costa comenta que não pode mandar os produtos mensalmente. “A gente tem que dar um duro para ganhar o salário e ainda tem que mandar dinheiro para o colégio”, lamenta. Ela questiona se não é função do governo comprar esses produtos.
GINCANA PARA ARRECADAR MATERIAL DE LIMPEZA
Ana Rosa lembra ainda que o filho participou há três meses de uma gincana para arrecadar alimentos e produtos de limpeza para a escola, há três meses. “As crianças levaram muita coisa”, afirma. Além disto, Ana Rosa menciona também que sempre são enviadas rifas para os alunos venderem. “Dizem que é para conseguir dinheiro”, explica.
Cobrança de mensalidade é ilegal
O vereador Adilson Mariano (PT) criou uma lei no ano passado que obriga as escolas públicas a fixar um cartaz explicando que é ilegal pagar mensalidades. Para ele, qualquer tipo de pressão para pagamento é irregular e deve ser denunciado.
Em 2005, houve uma polêmica em relação à cobrança de donativos pelos Centros de Educação Infantil (CEIs). “O Ministério Público disse que era ilegal, mesmo assim os pais continuaram reclamando que havia mensalidade”, alerta Mariano.
“Sempre foi proibido qualquer tipo de cobrança”, explica o vereador. Mariano diz ainda que é responsabilidade da Secretaria de Educação fornecer todo os produtos de higiene e limpeza para as escolas.
Já a vereadora Dalila Leal (PSL) lembra que muitas famílias da rede municipal de ensino não têm condições de comprar os materiais que são pedidos. A vereadora alerta ainda que é perigoso pedir para que uma criança trazer álcool para a escola. “Existem crianças que não têm condição nem de ter um sabonete em casa”, lamenta. Para ela, é necessário que a Secretaria de Educação tome uma posição sobre este assunto.
Explicação da Secretaria da Educação
A Gazeta entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação para falar sobre os avisos pedindo a compra de material de higiene para os alunos e álcool em gel. A assessora disse que a explicação do secretário Marcos Fernandes já tinha sido publicada na coluna de Jefferson Saavedra, do Jornal A Notícia, na última terça-feira (07).
O secretário diz que não é obrigatório o envio destes produtos. “Só recomendamos aos pais que queiram que mandem lenços e sabonetes para uso exclusivo de seus filhos, como forma de prevenção à gripe A”, diz. Mesmo assim, as escolas mandam bilhetes solicitando que cada aluno tenha um kit com garrafa de água, lenço descartável e sabonete.
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