Submundo do crime: Tem até pouca gente sendo assassinada na cidade, diz tenente coronel

Dinilson vieira
dinilson@gazetadejoinville.com.br

Faltando 57 dias para 2009 terminar, a contar desta quinta-feira, 5 de novembro, Joinville já contabiliza neste ano, até esta quarta-feira (4), 71 homicídios, 14 a menos do que 2008 inteiro, que registrou 85 casos – até então um recorde na história da cidade. Em 2007, foram 73 e no ano anterior, 62. As polícias Civil e Militar concordam que a maioria dos assassinatos ocorridos nos últimos 10 meses está diretamente relacionada ao tráfico de drogas – principalmente o crack, usado livremente à margem da repressão –, mas discordam a respeito da expectativa da evolução dos crimes para os próximos dias, isto é, se vão sofrer uma estagnação ou disparar a ponto de ultrapassar os casos de 2008.

As duas corporações não têm explicação para o fato de 2009 ter registrado um índice de homicídios relativamente baixo, cerca de 15 casos, entre janeiro e março, dando a impressão de que o ano poderia se manter numa condição aparentemente razoável em número de mortes violentas. Mas em abril, o número começou a disparar e a preocupar as autoridades.

“Pela quantidade de drogas e traficantes que observamos, até morre pouca gente assassinada em Joinville. Pela quantia de droga consumida, sabemos que muitos viciados não têm como pagar as dívidas com os traficantes. Esses então ficam na mira tanto de quem trafica como da polícia. É uma guerra de submundo”, afirma o tenente coronel Edivar Bedin, comandante do 8º Batalhão do Polícia Militar, cuja jurisdição cobre 25 bairros da zona Norte e registrou 28 dos 71 homicídios.

Maioria aconteceu na Zona Sul

Os outros 43 casos aconteceram na região Sul, de responsabilidade do 17º Batalhão, que abrange 18 bairros. Para Edivar, não adianta tentar fazer algo por quem está marcado para morrer. Segundo ele, o drogado não tem nada a perder.

O tenente coronel enfatizou que a PM é uma polícia de prevenção ostensiva, mas a corporação não pode fazer mágica e impedir, por exemplo, a morte “de um cara que ficou devendo duas pedras de crack para o traficante, que não admite calote”. O policial disse que a estratégia da PM é evitar crimes através de operações como blitze em ruas movimentadas para desarmar a população. Das 71 mortes violentas deste ano, três aconteceram em supostos confrontos com a PM.

Subcomandante do 17 Batalhão da PM, na zona Sul, o major Hilário Zils concorda que a maioria dos homicídios ocorridos em Joinville neste ano tem relação com drogas. “Comprou droga e não pagou, está morto. Acho 43 um número muito alto para nossa região”, afirmou Hilário. Segundo ele, “se não fosse o trabalho preventivo da PM, com certeza haveria mais casos de assassinatos”. O policial informou ainda que o batalhão está reforçando blitze em bares, principalmente à noite, com o objetivo de desarmar a população.

Redução de casos

Já para o delegado Adriano Bini, chefe da Divisão de Homicídios de Joinville, a tendência é que haja uma redução no ritmo dos casos. “Vai dar uma diminuída, até porque temos que dar uma resposta à sociedade. Sou morador de Joinville junto com minha família e o número de assassinatos em outubro é alarmante. Estamos tendo todo o apoio da Justiça para conseguir mandados de prisão sempre que identificamos os autores de crimes”, afirmou Adriano.

Com o assassinato a tiros de Valdecir Nunes Hill, de 25 anos, quando saía de casa, no bairro Jardim Iririú, e de uma mulher morta a facadas pelo ex-companheiro no bairro Itaum, outubro somou 14 crimes, sendo o mês mais violento do ano. Segundo o delegado, cerca 40% dos casos foram execuções sumárias por acerto de contas entre marginais e os demais, tinham relação direta com drogas.

De acordo ainda com Adriano, a tendência é os casos de homicídios darem uma freada nos próximos dias, até porque outubro foi um mês atípico. O policial explicou que a maioria das vítimas de homicídios deste ano tinha entre 18 e 25 anos. “E essa faixa etária vale também para quem matou”. Ele lembrou que por trás dos crimes há um emblemático contexto social: “Desigualdade social, desemprego e má distribuição de renda são fatores que não podem ser esquecidos”.

Só para lembrar

Mesmo sem a prerrogativa de ter que cuidar da questão da segurança que, pela Constituição Federal, é uma atribuição do estado, o prefeito Carlito Merss prometeu em sua campanha eleitoral criar a Secretaria Municipal de Segurança e Cidadania. Quase um ano de governo do prefeito se passou e a secretaria não saiu do papel.

2 comentários:

Anônimo disse...

99% é vagabundo apagando vagabundo,ou seja,isso não se pode se considerar homicídio, ao meu ver isso é limpeza.Latrocínio isso sim é preocupante, pois ninguém pode prever quem será o próximo, ai assusta.O ideal mesmo seria que todos esses maconheiros e cheiradores estivessem todos presos e lá se matassem pra gente não pagar a conta no fim do mês e não perder tempo com esse tipo de noticiário na tv e jornais.

Fábio Alexandre disse...

Olá Anônimo, é exatamente essa a imagem que os meios de comunicação querem passar... "bandido tem que morrer" ou ir preso. Mas saiba que hoje ele está preso, no futuro solto,e pode matar você ou eu. Apenas prender não resolverá nada, se não for investido em educação, ensino de filosofia para presos por exemplo. O Estado se preocupando um pouco mais, quem sabe a situação não melhore um pouco.