EDITORIAL: Ensandecida

Nos últimos dias, o caso da expulsão da aluna Geysi, seguida de sua reintegração à Universidade Bandeirantes (Uniban), tomou conta do noticiário nacional e internacional.

Uma das posições mais lúcidas e esclarecedoras sobre o episódio ocorrido na Uniban veio através da procuradora de Justiça Luiza Nagib Eluf ao jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a representante do Ministério Público “...presenciamos uma situação ultrapassada: culpar a mulher pelas agressões que sofre. É uma forma extremamente machista de avaliar uma situação de violência, na qual a vítima pode ser seu próprio algoz. Há algum tempo havia o pensamento de que a mulher era estuprada por culpa dela, que provocava o homem que a estuprou.”
E a procuradora vai alem “...já vi muita violência contra mulher, mas jamais imaginei que a universidade fosse oficialmente praticar violência contra ela”.

Em todo este episódio salta aos olhos a junção do machismo exacerbado com uma burrice aguda.

Pior ainda que tenha ocorrido dentro de uma universidade que deveria dar exemplo de democracia como casa do saber. A constituição proíbe a discriminação da mulher e prevê que ela tenha os mesmos direitos que os homens.

Não se trata de um caso banal. Vêem-se claramente indicadores de uma situação preocupante onde a intolerância tomou de assalto centenas de jovens, dentro de uma universidade, transformando-os numa turba ensandecida capaz de agredir e tentar estuprar uma colega.

Os professores e dirigentes devem condenar duramente atitudes criminosas como essas protagonizadas pelos alunos da Uniban, para que episódios como esse jamais se repitam em qualquer outra instituição do País.

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