Médico catarinense vai à Faixa de Gaza operar vítimas do massacre israelense

Pela sétima vez, o cirurgião plástico catarinense Zulmar Antonio Accioli de Vasconcellos vai à Faixa de Gaza, região castigada pelos massivos bombardeios seguidos de invasão terrestre por parte do exército israelense entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009.

Assim como nas ocasiões anteriores, a finalidade da jornada de dez dias é integrar organizações que prestam apoio humanitário aos feridos durante a última invasão de Israel à Palestina. Desta vez, a ação é coordenada pelo Consulado da França em Jerusalém.

Vasconcellos é professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica de Santa Catarina (SBCP/SC). Ele embarcou no último dia 25 de Florianópolis com destino a São Paulo, de onde partiu à noite rumo a Paris.

Na capital francesa, o médico revê amigos e colegas da universidade onde fez sua pós-graduação e doutorado em medicina e no dia 28 se junta aos demais integrantes da missão em Tel Aviv, em Israel. De lá, os carros da ação humanitária os levarão até as cidades onde atuarão.

Desafio O grande desafio, para Vasconcellos, é a falta de estrutura para atendimento na maior concentração humana do planeta. São mais de um milhão e meio de habitantes confinados em 360 mil metros quadrados. Um território menor que a Ilha de Santa Catarina. "Na palestina as pessoas sofrem de uma síndrome de stress crônico, desemprego em 70%, a maioria vive de ajuda humanitária, e não podem sair para outras regiões. Não tem muita esperança lá, apesar de ser um povo contente, é uma gente que já nasce abatida pela situação", lamenta.

Além da rotina de oito horas de trabalho nos hospitais, atendendo entre vinte e trinta pessoas por dia, os médicos destas missões costumam dar aulas aos cirurgiões de lá. "Os médicos locais são bons, mas não têm formação necessária para executar cirurgias sofisticadas, nem tempo para hábil de estudar no exterior e voltar a operar nas áreas deflagradas", conta.

Prioridade para as crianças

Por diversas vezes, o cirurgião plástico presenciou os sons das sirenes de alerta antiaéreos e dos estrondos das bombas, paredes tremendo e até janelas se quebrando por causa das explosões.
A princípio, o desejo do catarinense é dar prioridade às crianças. É justamente contra as crianças que ele vê o maior ato de violência em uma guerra. "As crianças são pequenas porque comem mal e é comum vermos jovens de catorze ou quinze anos aparecerem com fraturas nas pernas provocadas por tiros de fuzil", observa.

Satisfação pessoal Conhecer o Oriente Médio foi um desafio que Vasconcellos encarou prontamente desde o primeiro convite, em 2002. O trabalho é voluntário e sem remuneração. As passagens internacionais são reembolsadas e a alimentação e a hospedagem são oferecidas pelos coordenadores das missões.

Por sua atuação na recuperação das vítimas, Vasconcellos já foi condecorado duas vezes pelo ministro da Saúde palestino.

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