Ela faz falta na Câmara

Ex-vereadora Matilde Ghanem afirma que faltou sensibilidade aos vereadores

• Sergio Sestrem
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Aos 31 anos, Matilde Amin Ghanem encontrou na política uma maneira de trabalhar por projetos sociais. Na primeira tentativa, a jovem foi eleita vereadora, exercendo o cargo de 1954 a 1962 numa época em que poucas mulheres ousavam participar do cenário político brasileiro.

Agora, aos 86 anos, ela afirma que muita coisa mudou. "Nós fazíamos política pensando nos mais humildes e não tínhamos regalia nenhuma. Eu trabalhava a pé e não recebíamos salário", relembra. Para a ex-vereadora, os tempos são outros. "O que se vê hoje em dia são vereadores que esquecem que estão lá para representar o povo", afirma.

Dona de uma lucidez invejável, ela faz questão de se manter informada sobre questões políticas locais e nacionais e considerou um absurdo a proposta encabeçada pelo presidente da Câmara, Sandro Silva (PPS) de alugar carros zero quilometro ao custo de R$ 300 mil por ano.

"Faltou no mínimo sensibilidade aos vereadores. Esse não era o momento. Com a onda de desemprego, o Hospital São José passando por dificuldades e as enchentes que atingiram vários bairros, se eles quisessem carros que comprassem com o salário de R$ 8.700,00 que cada um ganha. Agora, por conta do nosso dinheiro assim não dá", ponderou a ex-vereadora.

Além de vereadora, Matilde Amin Ghanem também foi deputada estadual no ano de 1963, mas abriu mão do mandato para trabalhar na secretaria de assistência social em Blumenau, onde organizou o movimento feminino na cidade.

"Abri mão de ser deputada para servir a quem mais precisava, me senti mais útil. Na época, muita gente achou que eu deveria continuar na Assembleia Legislativa para garantir aposentadoria como deputada, mas por princípios, achei melhor desistir", afirma.

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