ENTREVISTA - SÉRGIO JANUÁRIO - IPS UNIVALI

DA REDAÇÃO
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Profissionalismo, experiência e tecnologia estão entre os elementos necessários para se ter uma pesquisa confiável, segura e que expresse a verdade. Conforme o professor Sérgio Saturnino Januário, responsável pelo Instituto de Pesquisas Sociais da Univali e pela parceria com a Gazeta de Joinville além destes elementos também é necessário o comprometimento de toda equipe com o projeto, a isenção na publicação dos resultados e especialmente ética no trato com a comunidade a ser pesquisada.

A Universidade do Vale do Itajaí, Univali, da qual o Instituto de Pesquisas faz parte, é uma das maiores instituições de ensino do Brasil, com mais de 25 mil alunos. Nesta entrevista, o professor fala da organização do trabalho, dos procedimentos de controle em favor da exatidão das informações e que só ele tem contato com os resultados que são protegidos por uma seqüência de senhas até serem transmitidos para a Gazeta. Januário faz ainda uma análise dos últimos números da pesquisa realizada nos dias 19 e 20 de novembro e que revelaram a intenção de voto dos joinvilenses para o Governo do Estado, Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados.

Como é feita
As pesquisas são organizadas em etapas: primeiro o planejamento, que envolve formação teórica e prática dos pesquisadores, e depois no campo, cuidado com o comportamento, a postura, tom de voz. Tudo é organizado. Temos um alto grau de exigência.

A abordagem
A pedagogia da pesquisa envolve uma organização refinada, desde a formulação das perguntas, escolha das palavras, as possibilidades de resposta. E temos um grupo que faz o controle interno do procedimento, que depois dá validade à própria pesquisa.

Os pesquisadores?
São alunos da Univali. E quando um grupo vai para alguma cidade, procuramos saber se alguém já morou ou se têm familiares morando nessas cidades. Se você é conhecido no local, as pessoas vão responder (a pesquisa) em virtude dessa relação previamente estabelecida. O pessoal está treinado para observar todas essas particularidades. Podemos até trazer alguém daqui, desde que ele não faça a pesquisa na área de abrangência de sua moradia.

Resultado guardado a sete chaves
Aproximadamente 18 pessoas são envolvidas na pesquisa e apenas uma fica sabendo do resultado. No caso, eu. O sistema resguarda o resultado. Quem digita não tem acesso aos resultados senão com uma seqüência de quatro senhas. Essa é uma garantia contra o vazamento do resultado.

Confiabilidade
Já falei em outra oportunidade e volto a repetir:
Dou as minhas duas mãos e meus dois pés pela confiabilidade da pesquisa. Eu
garanto.
Temos um grupo muito bem formado. São metodólogos, quase intelectuais, são muito bem organizados e sabem da exigência que temos e que esperamos deles.

Os destaques da pesquisa
Se a relação de candidatos não fosse alterada, poderíamos dizer que,
se os candidatos fossem apenas estes que foram colocados na pesquisa estimulada,
Nilson Gonçalves, Kennedy Nunes, Darci de Matos, para deputado estadual e
Patrício Destro para federal, não só estariam tranquilos dentro de Joinville,
como também já estariam eleitos.
No entanto, com o acréscimo de outros nomes, não dá para garantir essa confortável “liderança” para eles, pois assim como podem surgir nomes que tirariam votos dos quatro, pode ser também que os novos nomes sejam rejeitados pela população e a preferência pelos primeiros colocados fique mais acentuada.

As eleições e o mar
Para que os leitores possam entender o porquê da disparada dos candidatos acima citados, vamos fazer uma analogia entre as eleições e o mar.
Imagine que a cidade de Joinville seja um oceano e que nele há um navio onde se
encontram os joinvilenses. Esse navio é comandado pelo prefeito Carlito e
segundo os números desta pesquisa está afundando ou no mínimo à deriva.
As pessoas que estão no navio estão buscando uma maneira de se salvar e para isso estão se jogando na água. É quando eles avistam uma boia no meio do oceano. Todos começam a nadar para se segurar na boia que pode não representar a salvação para todos, mas sim a segurança de que não afundarão com o navio. O cenário apresentado na pesquisa mostra que os candidatos que se destacam principalmente Patrício Destro, representam esta boia no meio do oceano. Ou seja,
todos que estão descontentes com a atual administração municipal estão se
agarrando naqueles que são identificados como o lado oposto ao prefeito. Não
porque ele é a salvação, mas sim a segurança.
Isso pode mudar? Pode, mas depende muito das ações do prefeito Carlito.

O fantasma da rejeição
A rejeição deve se tornar preocupante quando o número de pessoas que garantem não votar no candidato é maior do que aqueles que demonstram a intenção de votar nele. Mas há dois tipos de rejeição: a moral e a de concorrência.
A rejeição moral é aquela em que os entrevistados não confiam no candidato,
seja por um histórico de escândalos ou envolvimento em ações escusas, para essa
não há muito o que fazer.
Mas há também a rejeição de concorrência que consiste em eliminar um adversário potencial ao candidato preferido pelo entrevistado, ou seja, a pessoa já tem uma preferência e busca na relação de nomes apresentada aquele que se constitui em uma ameaça ao seu candidato e ele automaticamente o rejeita. A rejeição de concorrência é perfeitamente administrável.

A rejeição ao PT
A pesquisa mostra que há uma grande rejeição aos candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) e ela pode ser explicada por dois aspectos.
A primeira é que a avaliação do atual prefeito [Carlito Merss] está muito baixa
e dois nomes apresentados têm ligação forte com o prefeito [Marinete Merss,
possível candidata a Câmara Federal é esposa do prefeito e o secretário da
Educação, Marco Aurélio Fernandes é considerado um dos homens fortes da
administração petista].
A segunda, mas não menos importante é o descontentamento da região Sul com o Governo Lula. Por ser uma região industrial, as medidas tomadas pelo Governo Federal e que agradam, e muito, a região Nordeste, por exemplo, não têm o mesmo efeito por aqui e até causam revolta dos empresários da região.

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