Dinilson Vieira
especial para a Gazeta de Joinville
O nome sugere um lugar aprazível, tranquilo de se viver, mas a realidade é bem diferente. É na temporada de chuvas que se percebe, por exemplo, as dificuldades de residir no Jardim Paraíso, bairro situado ao lado do Aeroporto de Joinville, com cerca de 15,6 mil habitantes e território de 3,17 quilômetros quadrados. Das 117 ruas cuja maioria leva o nome de planetas, estrelas e constelações, apenas cinco são asfaltadas. O cenário piora com as valas a céu aberto em substituição à rede oficial de esgoto. Em dias de sol, a poeira invade as residências, que permanecem de portas e janelas fechadas, enquanto o mau cheiro causado pelos dejetos domésticos sem tratamento sufoca qualquer morador.
Quando São Pedro manda água, a lama e os buracos tomam conta das ruas mantidas em saibro. Junte-se isso às valas que transbordam em vários pontos do bairro e o resultado são os problemas na vida de quem precisa cumprir tarefas prosaicas, como sair de casa para trabalhar ou ir à escola e sem um metro de calçada decente para caminhar.
"Ninguém merece isso e perdi a esperança de ver melhorias por aqui. Antes de ser eleito, o Carlito (Merss, prefeito) prometeu dar atenção ao bairro e isso nunca não aconteceu", afirma a dona de casa Irene Canova, moradora há 15 anos da rua Vupécula, 340. "Vivemos abandonados com essas valas imundas", completa Franciele, filha de Irene e moradora de uma travessa da rua Pisces, onde sua casa foi interditada pela Defesa Civil municipal por causa de um temporal, mas não lhe ofereceram opção de sair do local.
No final da rua Urano, no núcleo Jardim Paraíso VI, reside a aposentada Lídia de Moraes. Inscrita há oito anos num programa habitacional da Prefeitura, ela não vê a hora de mudar de casa com os dois netos pequenos com quem divide um barraco. "Não dá para viver nessas condições. É lama em dias de chuva e as crianças brincam na água suja dessas valas", afirma Lídia. Irene, Franciele e Lídia fazem parte de uma legião de descontentes no bairro.
Ao ser procurado por algum morador para ouvir uma reclamação, o secretário regional do Jardim Paraíso, Josival Silva de Oliveira, tenta levantar o moral do interlocutor anunciando obras que estariam a caminho, principalmente de saneamento básico, da construção das primeiras moradias populares para famílias que ocupam áreas de mananciais e até de uma unidade regional de saúde.
Obras de saneamento retomadas, mas sem prazo para conclusão
A Companhia Águas de Joinville acaba de retomar as obras de implantação do sistema de esgoto sanitário no Jardim Paraíso, que também deverá ganhar sua estação de tratamento de esgoto, paralisada desde 2005 e que, segundo promessa, estará concluída em fevereiro de 2010. O investimento total em esgoto no Paraíso e em mais dois bairros – Jardim Sofia e Vila Cubatão – será de R$ 20,2 milhões.
"Só não gosto de garantir prazo, isso não existe, é complicado. Em dias de chuva não se faz nada", afirma o secretário Josival Silva. Segundo ele, cerca de 70% dos 10 quilômetros de ruas do bairro já contam com rede coletora de esgoto instalada, à espera de ligação com as casas. Quando essa etapa estiver pronta, as fossas que hoje são usadas para reter o grosso dos dejetos serão desativadas e todo o material será coletado direto pela rede.
"A obra de saneamento está com dois anos de atraso, era para ser entregue em 2007. Além disso, a empresa que retomou a construção da estação tem de construir duas áreas de lazer no bairro, conforme está especificado no contrato. Vou ficar de olho para cobrar isso", declara o presidente da Associação de Moradores do Jardim Paraíso, Acemar Ferreira Nogueira. Hoje, o bairro conta apenas com uma praça equipada com academia da melhor idade e brinquedos infantis, na estrada Timbé, próximo ao posto da Polícia Militar.
O diretor-presidente da Agência Municipal de Águas e Esgotos (Amae), Antônio Valdir Riva, se pergunta sobre de quem é a responsabilidade do atraso das obras de saneamento no Paraíso. "Quem falhou? O executivo, a empresa construtora, não sei. Mas acredito que agora a obra sai", afirma Riva.
Asfalto a vista
A Secretaria de Administração informou que foi assinado o contrato para a pavimentação e drenagem de trechos de 102 ruas do Jardim Paraíso, contempladas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A previsão é que as obras sejam iniciadas após a assinatura da ordem de serviço.
O investimento corresponde a R$ 9,1 milhões vindos do governo federal. Nas próximas etapas, serão realizadas ações de melhoria habitacional e a construção de um Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) para a região.
Uma aventura ao modo Indiana Jones
Para quem não está acostumado, caminhar balançando pelos 300 metros da ponte pênsil sobre o rio Cubatão Velho, que faz a ligação da lateral do aeroporto com o núcleo populacional Canto do Rio, pertencente ao Jardim Paraíso, pode ser uma aventura do tipo Indiana Jones. E quem caminhar pela ponte pode calhar com o momento em que um Boeing vindo de São Paulo está se dirigindo bem baixo à pista de aterrissagem, transformando a aventura mais emocionante, já que olhar para a aeronave sem segurar nos corrimões em cabo de aço, significa risco de um mergulho no rio.
Exageros à parte, o mergulho no rio era mais provável quando a ponte estava sem manutenção. Havia buracos no piso de madeira podre e as proteções laterais feitas de arame apresentavam buracos. A estudante Luana de Amorim, de 12 anos, chegou a se ferir ao enfiar o pé em um buraco, a caminho da escola, no bairro Cubatão. "Não foi, mas podia ter sido pior", diz a estudante, agora agradecida pelos reparos na ponte.
Mãe de sete filhos, a maioria em idade escolar, Maria Janete também elogiou a reforma, feita pela Secretaria Regional do Jardim Paraíso. "Ficou melhor, agora posso ficar mais sossegada mandando as crianças à escola. Só falta arrumar as cabeceiras", diz ela. A dona de casa Marizete da Costa, moradora ao lado da ponte, é outra que gostou do conserto. "Ficou ótimo e a ponte é muito bonita", diz ela. O secretário regional Josival Silva estuda a possibilidade de substituir as cabeceiras de madeira por alvenaria.
Atendimento está longe de ser o ideal
Se por infelicidade algum morador contrair uma doença em razão da falta de saneamento básico e precisar correr a um dos quatro postos de saúde distribuídos por subdivisões do Jardim Paraíso, não significa garantia de atendimento adequado ao problema, conforme admite o secretário regional Josival Silva de Oliveira.
"Temos os prédios, mas o atendimento ainda não é bom. Isso vem de administrações passadas, em que só se pensou em abrir postos, sem cuidar do resto", diz Josival.
Para o morador Orlando Carlos Herbast, que costuma usar o posto de saúde Canto do Rio, o serviço não é tão ruim: "As consultas são um pouco demoradas, mas ter esse posto é melhor do que nada".
Os quatro postos de saúde do bairro funcionam pelo sistema saúde da família. Quando algum paciente necessita passar por um médico especializado, é encaminhado a um PA (Pronto-Atendimento). A unidade mais próxima é a do Costa e Silva. "Temos um projeto de construir um posto regional de saúde, que seria uma espécie de sub-PA", diz o secretário.
Estigmatizado pela violência
Estigmatizado pela violência e onde, na boca do povo, morre uma pessoa todos os dias, vítima de algum crime, o Jardim Paraíso não é tão feio como o bairro é pintado na cidade. "Não existe essa coisa de muita violência, é tudo invenção. Ando por aqui às 2 horas da manhã sem medo, com tranqüilidade. Moro no Saguaçu (bairro de classe média alta) e não tenho coragem de fazer isso por causa dos assaltos, que são constantes", diz o secretário regional Josival Silva.
O presidente da associação de moradores, Acemar Ferreira Nogueira, acompanha atentamente os números da violência. "Entre janeiro e setembro de 2008, tivemos nove homicídios. No mesmo período de 2009, foram três. Baixou bastante e estamos com menos crimes que o Paranaguamirim, com oito, e Morro do Meio, seis", afirma Acemar.
Questionadas sobre os homicídios no bairro, autoridades têm uma resposta na ponta da língua: é tudo envolvimento com drogas. Para Acemar, uma forma de combater a criminalidade é ocupar o jovem entre 7 e 12 anos de idade, tirando-o da rua no período em que não está na escola.
A sede da associação serve de espaço para cursos de capoeira e de informática e a oferta vai aumentar quando o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) deixar o prédio para ocupar local próprio. "Temos 200 na fila do computador. É a forma de evitar o aumento da violência", diz Acemar.
Greve dos servidores da Prefeitura 2011
Há 13 anos
3 comentários:
Se bem me lembro o ex prefeito TEBALDI dizia em alto e bom tom , e tinha até um projeto para isso ; que o Jardim Paraiso seria um bairro MODELO !!!!!!!!!
Agora votem nele pra federal , com certeza ele vai aparecer aí no paraiso para pedir votos, e vai ter eleitor BURRO que vai votar nele !!!
cobra-se tanto do prefeito, mas a maioria nao esta vendo que as coisas aqui no paraiso esta melhorando dia por dia. hoje podemos dizer que temos um horizonte a frente.as autoridades vem ate nosso bairro. ouve nossos apelos e os poeem em pratica, o prefeito vestiu a camisa do nosso bairro,ele e presente em tudo que e chamado, desta vez nosso bairro vai pra frente. imprensa por favor divulgue tambem o que acontece de bom aqui.
OLHA SOU UM MORADOR DO JARDIM PARAISO PENSO QUE COM PREFEITO CARLITO TEM COMO O BAIRRO SER UNS DOS BAIRROS MODELOS DE JOINVILE ,OLHA ESSE ANO O PREFEITO JÁ FEZ UMAS 20 VISISTAS AOBAIRRO TRAZENDO PROPOSTAS BOA .OLHA EM OUTROS ANOS SO VIA O PREFEITO TEBALDI PEDINDO VOTOS EM ELEIÇÕES.
ACRIDITO NO PREFEITO E NO VEREDOR EMANUEL BENTO,E NÃO SOU AMIGOS DELES MAS TENH OESPERANÇA QUE ESTÃO FAZENDO DE TUDOPARA FAZER O BAIRRO JARDIM PARAISO UM DOS MODELOS DE BAIRRO DE JOINVILLE.GRATO DE ROLF OTTO.
CONTATO: ROLFOTTOHEUCHLING@GMAIL.COM
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