Gisele Krama
giselekrama@gazetadejoinville.com.br
Em abril deste ano foi autorizado o aumento da tarifa de água em 6,41% em Joinville. Esse montante, que acrescentaria aos cofres da Companhia Águas de Joinville (CAJ) de R$ 5 milhões, agilizaria as obras de revitalização da rede de água e construção da rede de esgoto. Mas cinco meses depois do reajuste, a primeira ação da empresa foi comprar uma sede própria, com os mesmos R$ 5 milhões. Essa aquisição foi feita justamente no período em que quatro acidentes ocorreram por falta de manutenção no sistema, que culminou no rompimento de adutoras e válvulas.
Novo palacete
Enquanto famílias perderam tudo no bairro Fátima e outros moradores do bairro Santo Antônio convivem com o medo de um novo deslizamento, a CAJ voltou suas forças para a divulgação dos benefícios do novo prédio. Assim, as famílias atingidas pelas falhas da companhia convivem com a precariedade. Já os funcionários da empresa de água se deslumbram com o novo “palacete” em que irão trabalhar.
A companhia paga atualmente R$ 10 mil por mês de aluguel. Um dos argumentos para a compra da nova sede é que seriam minimizados os custos com combustível e telefone, já que a administração está dividida em três prédios alugados. Mesmo assim, o valor pago pelo prédio daria para pagar mais de 41 anos de aluguel.
Ou seja, a Companhia Águas de Joinville só vai lucrar com essa ação daqui a quase meio século. Assim, a empresa fez um investimento de longo prazo, deixando para trás obras mais importantes como tratamento de esgoto e manutenção dos equipamentos.
Jardim, árvores e um lago
Em nota, a companhia informa que o terreno comprado para a sede tem mais de 15.000 m2 e quase 2.000 m2 de área construída. O prédio era da Totvs, empresa de informática, responsável por intalar equipamentos de alta tecnologia no local.
Entre alguns confortos, como o auditório de 60 lugares e ar condicionado, foi disponibilizado um estacionamento de 5.000 m2. Além de câmeras de vigilância e semáforo exclusivo.
E para melhorar o trabalho dos funcionários da CAJ, na frente do novo prédio há um jardim, com árvores e inclusive com lago.
O terreno está localizado na rua XV de Novembro, 3950. Para chegar lá, só há uma linha de ônibus: o Vila Nova. O local fica próximo da BR 101.
Falta manutenção
O presidente da Amae (Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto), Antônio Riva, diz que os quatro problemas ocorreram por falta de manutenção da rede. Conforme ele, a antiga companhia de água, a Casan, deixou o equipamento sucateado. Mesmo assim, ele vai aguardar relatório da Companhia Águas de Joinville) CAJ para tomar providências.
As peças que quebraram têm mais de 20 anos. No Piraí é o caso mais grave. A adutora que rompeu leva água até o reservatório inaugurado em junho deste ano, que custou R$ 1,4 milhão, no bairro Vila Nova.
Já o problema com a válvula no bairro Fátima ocorreu por causa dos funcionários da CAJ. A adutora precisava de manutenção e os operários trancaram o fluxo de água, mas não desligaram a bomba que faz pressão para que o líquido suba rapidamente até o reservatório.
A válvula não agüentou a pressão e estourou, deixando casas com até um metro de água. Famílias, como a de Tânia Amabiles de Oliveira, perderam tudo, inclusive a paciência com a companhia, que demorou em ressarci-la pelos estragos causados pela água. A Companhia não devolverá roupas, objetos e nem remédios destruídos com o desastre.
Responsabilidade da CAJ
Conforme Antônio Riva, a empresa tem seguradora para estes casos, que indeniza as famílias em desastres. No entanto, a seguradora somente compensa a perda dos móveis básicos das residências. O restante da assistência deveria ser dado pela Águas de Joinville.
Mas quando a equipe de reportagem esteve na casa destas famílias, nada tinha sido resolvido ainda. Os cômodos estavam vazios, com alguns sacos de roupas e mantimentos doados por vizinhos. Tânia tem pais doentes e um filho, que não foi para a escola porque não tinha roupa.
Moradores da região Norte também sofreram com acidentes. No bairro Santo Antônio, outra válvula estourou, fazendo a água deslizar morro abaixo. Junto com o líquido, a lama desceu até os quintais das casas. As pessoas ficaram desesperadas e com medo de desmoronamento.
Pela manhã de sexta-feira (04), rompeu outra adutora de 150 metros na avenida Coronel Procópio Gomes, no Bucarein. Toda a região ficou sem água.
Desde o início do ano, diversos incidentes têm sido causados pela CAJ. Em 21 de abril deste ano, um cano estourou e atingiu as ruas Campo Erê e Barra Velha, no Floresta. Já em 20 de julho mais um rompimento. Um vazamento na rua Max Colin deixou o trânsito parado e a região sem água. São aproximadamente 60 vazamentos por dia.
Para resolver o problema de manutenção, a Companhia Águas de Joinville aumentou a tarifa em 6,41%. Com o acréscimo, a empresa teria em caixa aproximadamente R$ 5 milhões, que serviria para modernizar a rede.
Cronograma para troca de válvulas
O diretor de Operações da Companhia Águas de Joinville, Pedro Alacon, diz que há um cronograma para a troca de todas as válvulas da rede de água, com o custo de R$ 2 milhões, somente neste ano. Conforme ele, a prioridade é para as trocas de válvulas de grande "calibre", que podem chegar ao custo de R$ 500 mil cada.
No entanto, o equipamento que deu problema nas últimas semanas tem menor porte e custa aproximadamente R$ 15 mil. Ou seja, com o dinheiro gasto com a nova sede daria para adquirir mais de 330 válvulas novas.
Esse montante de R$ 5 milhões também daria para construir 208 casas, iguais às que serão feitas no Jardim Paraíso, com os recursos do PAC.
Entrevista • Antônio Riva
Posição da Amae quanto aos acidentes
Nós herdamos uma tubulação sucateada. Eu tive a informação de que no local onde essas pessoas foram atingidas, a tubulação não era sucateada. Era uma tubulação mais moderna. E o problema que houve lá, é que apareceu um pequeno trinco. Então foi fechada a válvula para trabalhar no seco. E essa válvula foi o grande problema. Quando fechou a válvula, a válvula explodiu.
As responsabilidades da Águas de Joinville
Quando acontece esse tipo de problema, tem um seguro que cobre. É evidente que num momento destes sempre alguém sofre. Por mais que a Companhia queira ser humana, não vai evitar o sofrimento. Preocupada ou não, ela está sendo responsável por isto aí, pelo sistema. Não houve negligência. Mas o fato de estourar, de romper essa adutora, da invasão da água, é claro que causou problemas.
Atraso na obra da adutora do Piraí
Para fazer a adutora do Piraí tem verba do PAC. Algo entre R$ 17 e 20 milhões para a obra, uma nova adutora. Sabemos que a companhia não é totalmente culpada, mas sabemos que ela deveria ter apressado a obra. Esse acidente que aconteceu no Piraí poderia ter sido evitado.
Falta inspeção nos equipamentos
Deveria ter uma inspeção mais apurada em cima destes equipamentos mais antigos, obsoletos. Mesmo que não apresente defeitos. Não dá para esperar o defeito aparecer para substituir. Acho que tá na hora de fazer isto (inspeções). Falta de recursos não é o problema. A companhia tem dinheiro em caixa .
Greve dos servidores da Prefeitura 2011
Há 13 anos
13 comentários:
Esse pessoal do PT... parecem alucinados
quando mexem em dinheiro...da para entender...nunca sentirão na mão um dinheiro mais grosso...a vida inteira do partido vendendo rifa e
aceitando doaçãozinha...se cuidem pessoal de Joinville... fome de grana é grande...é agora ou nunca...2012 tá longe camaradas.
Nossa Senhora... quanta roubalheira...
Quem ganhou a comissão da venda do imóvel.
Foi o Riva ou o pessoal do PT?
Foi o Prefeito ou o ex-prefeito?
Quanmta podridão neste governo que aumenta a tarifa e compra um palácio por este preço absurdo.
Desde quando, a empresa precisaria de um palaçio para governar um bem que é do poco.
A Água é da natureza e nem deveria ser cobrada.
Em cidades como Ouro Preto e Mariana = MG a água é de graça para toda população.
Chega de falcatruas...
Meus caros! Não sejam levianos. Esse não é um patrimonio que será público? Não vejo onde está a informação nisso. Preocupem-se com vereadores, secretários estaduais e deputados estaduais comprando apartamentos de luxo no centro da cidade. Aí sim tem coelho. O resto puro blá, blá, blá e nada de jornalismo.
VERGONHA!!!!!
BANDO DE LADRÕES, TANTO A CAJ QUANTO OS POLITICOS DE JOINVILLE, SÃO TUDOS FANRINHA DO MESMO SACO!!
voces não tem mais outra forma de fiscalizar do que distorcer os fatos? Desde quando aquilo é um palacete? E prédio público, próprio agora. Se fosse obra do Kennedy ou do Novaes seria a oitava maravilha do mundo...
Entendo perfeitamente a necessidade de uma sede própria e maior para a empresa, só que acho que esta não seja uma questão prioritária.
A empresa deveria primeiro corrigir os problemas nas ruas decorrentes da manutenção da rede de água e esgoto, para só depois pensar em uma nova sede.
Ao dar manutenção na rede, entendo que é dever da empresa deixar o pavimento (calçamento ou asfalto), no mínimo, na mesma condição que encontrou antes da obra.
Como exemplo, basta passar pela rua Concórdia no bairro Anita Garibaldi saindo da rodoviária sentido rua Rio Grande do Sul e verificar a situação da rua após as obras efetuadas pela empresa.
Àquele leitor que comentou que a sede será um patrimônio público, lembro que as ruas também o são.
Não interessa se agora o casarão é patrimônio público ou não. O caso é que, neste momento, não havia essa necessidade, ou pelo menos não nessa proporção descomunal. Foram gastos R$ 5.000.000,00, dinheiro este que poderia haver sido utilizado para subsidiar o serviço de fornecimento de água aos joinvilenses, como prometido pelo "Carlito" e realizar as obras de manutenção e ampliação da rede de esgoto, ainda mais depois do horror sofrido há um ano atrás pelas chuvas e neste ano também. Assim, ao invés de utilizarem essa dinheirama em favor do povo, preferiam gastá-la em ostentação desnecessária, deixando as obras e as promessas para quinto plano.
Aos demais "anônimos": noticiar este fato esdrúxulo é SIM informação jornalística; e, ou você reside em alguma das mansões de "Beverly Hill´s" ou estás completamente louco e fora da realidade, pois um imóvel de cinco milhões de reais, com 2km de área construída É SIM UM PALACETE meu caro!! Para nós brasileiros é, para os bilionários norte-americanos que vivem em "Beverly Hill´s", Miami, etc., pode ser que não. Vocé é um desses? Senão: PORQUE NO TE CALLAS?
estacionamento de cinco Km2 ?????
Quem é o louco que mediu isto ?
Eu trabalhei neste predio e tinha que chegar as 07:30 para conseguir estacionar pois as 08:00 hs ja não tinha mais para os quase 260 funcionarios que ali estavam trabalhando.
Quer falar fala né....
Mais mentir não....
Algumas destas informações, como o tamanho do estacionamento, estão no site da Águas de Joinville. É só verificar http://www.aguasdejoinville.com.br/imprensa_noticia.php?notID=141
A própria companhia tá divulgando isto.
"Mais informações
Terreno 15.446,35 m2, sendo 7.000 m2 gramado e ajardinado, todo cercado com tela, com 2 portões automatizados;
Construções: Prédio 1.808,60 m2 / Quiosque, Auditório, Portaria e Depósito 279,74 m2, com área construída total de 2.088,34 m2;
Estacionamento 5.000 m2, pavimentado com lajotas especiais, com drenagem e iluminado com 8 postes;"
Vira e mexe falam da Casan,a empresa já saiu de Jlle a cinco anos,e ela tbém era coma a aguas de jlle comandada por politicos,logo vão implantar mais uma empresa, assim uma culpa a outra
Gostaria de saber por onde andam os defensores dos fragos e oprimidos dessa cidade que cansaram de se eleger falando mal da Casan,
Fico feliz pela CAJ ter escolhido comprar um prédio pronto, já utilizado como escritório pela iniciativa privada,agora é so trabalhar mais na melhoria continua da água e esgoto.
Quando as coisas vão bem, é porque a administração da empresa é "brilhante".
Quando as coisas vão mal, e olhe que isso tem sido comum, é só botar a culpa na CASAN.
Assim fica fácil, voces não acham?
Sugiro à administração da Aguas de Joinville, que reuna sua diretoria para discutir novas desculpas, pois essa de jogar tudo nas costas da Casan já está manjada...demais.
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