Transporte público ou privado; os protagonistas dessa luta

Jacson Almeida
jacson@gazetadejoinville.com.br
Com o fim da concessão das duas empresas que oferecem o transporte coletivo em Joinville, previsto para 2013, mas com a possibilidade do processo de licitação ser adiantado para 2011, o Movimento Passe Livre (MPL) de Joinville já se organiza para uma série de debates envolvendo todos os setores da sociedade.

A ideia é apresentar um novo modelo de transporte público, bem diferente do que o joinvilense está acostumado no exercício diário do sobe e desce dos ônibus, em que faltam fiscalização ao serviço e transparência por parte das empresas (Gidion e Transtusa) se transformaram na apresentação de números.

“Não se pode deixar tudo nas mãos de empresários”, alerta Kleber Tobler, ativista do Passe Livre. Segundo ele, o movimento na cidade pretende engrossar o diálogo em cima da Tarifa Zero, implantada em alguns locais de São Paulo, onde mais de 200 mil usuários chegaram a usufruir do benefício durante curto período na década de 1990.

O projeto foi apresentado por Lúcio Gregori, ex-secretário de Transportes paulistano na gestão da prefeita Luiza Erundina (então PT). O projeto pretendia criar um Fundo Municipal de Transportes, baseado em uma reforma tributária em que a classe alta arcaria com os custos da isenção da tarifa aos menos favorecidos. O projeto não passou de uma célula e agora, o Passe Livre pretende ressucitá-lo em Joinville.

Para o Passe Livre o transporte coletivo tem que ser democrático, para todos e não pode estar ligado aos interesses de empresários, que visam o lucro, segundo Kleber.

VEREADOR QUER FISCALIZAÇÃOO vereador petista Adilson Mariano já fez uma moção ao Executivo sugerindo uma empresa pública de transporte coletivo. Mesmo com a concessão na mão de empresas privadas, uma empresa pública faria concorrência. Outra ideia de Mariano seria um órgão público para fiscalizar o transporte e obter sua própria planilha de custos. “Se controlar o sistema de transporte fica mais fácil checar e barrar qualquer aumento”, explica.

“O transporte coletivo no Brasil não é público. É privado, daqueles que o podem pagar”. Essa realidade apontada por Lúcio Gregori ocorre em Joinville. De um lado as empresas privadas com o apoio de diversos setores da sociedade inclusive dos governos e de outro, inúmeros usuários do transporte que pagam diariamente R$ 4,60 para ir e voltar do trabalho (valor de duas tarifas).

Gregori diz que a saída para o transporte coletivo é “o subsídio à tarifa e, no limite altamente desejável, o subsídio total que é conhecido por Tarifa Zero.

DEPUTADO É CONTRA No entanto, para o deputado federal José Carlos Vieira (PR), que esteve à frente do planejamento do transporte coletivo mais de cinco anos em Joinville, o modelo público acabou. Segundo ele, existiam muitos cabides de emprego nas empresas públicas, enquanto empresas privadas são mais eficientes.

Exemplo a ser seguido

O ex-secretário de transportes da cidade paulistana em entrevista ao jornal Brasil de Fato, mostrou um exemplo de subsídio a tarifa. Na cidade belga Hasselt cerca de 300 mil habitantes em seu conjunto urbano tem o sistema de Tarifa Zero desde 1997. Por causa do benefício, de 360 mil passageiros/ano, em 1996, o número de usuários aumentou para 1,4 milhão um ano depois. Quase dez anos depois o número de passageiros era de 4,1 milhões, um aumento de aproximadamente 1.315%.

“A gratuidade é bancada por fundos com recursos federais, estaduais e municipais. Política pública de transportes coletivos é isso. Transporte não é um fim para ganhar dinheiro, mas um meio de fazer a sociedade andar, literalmente”, explica Lucio.

Prefeito Wittich Freitag foi o último a exigir fiscalização

Por ser um modelo privado, os governos municipais se exoneraram da responsabilidade do transporte coletivo e raras vezes houve tentativa de fiscalização, como aconteceu em 1986, em Joinville. Na época, um jornal da cidade trouxe a informação que iniciaria uma pesquisa sobre o transporte na cidade, feita pela Geipot, órgão extinto do Governo Federal e ligado ao Ministério dos Transportes. O objetivo era verificar horários de embarque, desembarque e quantidade de ônibus.

Na época, José Carlos Vieira era o secretário de Planejamento e Coordenação do governo Wittch Freitag. Chamado pelo então prefeito para melhorar alguns problemas de Joinville, inclusive o transporte coletivo. Vieira lembra que foi a Brasília pedir orientações à Geipot e trazer para Joinville um Núcleo de Estudo de Transporte. Segundo deputado, naquela época o resultado do estudo confirmou que seria preciso reformular o transporte coletivo.

Automaticamente a pesquisa iria propor melhoramentos na área de transporte urbano, criando um órgão de gerência permanente. A Geipot chegou a verificar 13 cruzamentos da cidade para remanejar o tráfego, segundo o jornal Extra, publicado no dia 13 de maio de 1986.

Diálogo com a sociedadeQuando o atual prefeito Carlito Merss (PT) autorizou o aumento da passagem, em maio de 2009, foi criado um fórum do transporte para dialogar com a prefeitura sobre a tarifa. Embora nada tenha adiantado, ativistas tiveram como promessa da prefeitura a criação de um Fórum do Transporte, em que a população e organizações pudessem debater sobre o transporte coletivo.

Segundo o ativista do Passe Livre, Kleber Tobler, o governo emitiu parecer positivo e deu esperança em marcar uma data para o debate. Mas até o momento nada aconteceu. “Foi combinado e até agora nada”, lamenta.

HistóriaEm 2005, um grupo de quatro estudantes de Joinville criaram o coletivo do Movimento Passe Livre na cidade. Desde então, o movimento sempre esteve presente nas ações para barrar o aumento de tarifas, também nos desfiles de Carnaval e 7 de setembro. Além de debates, mostras de vídeos e outras atividades. O objetivo: lutar pelo passe livre para estudantes. Mas atualmente na cidade a luta é por transporte de qualidade e gratuito para todos.

9 comentários:

luiz carlos wilcke disse...

Subsidio, significa aumento de imposto para o cidadão. Deixar na mão da iniciativa privada, significa valores altos a ser pago na roleta do onibus. Ninguem de sã conciencia vai criar uma empresa para não dar lucro. Acho que a saida e criar uma fundação publico privada, para resolver esse problema. Participação do estado garantido o preço e condições justa, e iniciativa privada comparte do investimento ao qual deveria ter seu merecido retorno.
Se quizerem posso ajudar. O Vereador Adilson sabe quem sou.
O seu Adilson Mariano poderia organizar algo parecido, e desta maneira seria independente de estado e do privado.

Anônimo disse...

Na minha Humilde opinião O prefeito Carlito Merrs só vai ter chance de reeleição aqui em Joinville, se ele realmente acabar com esse momopólio que existe no transporte coletivo aqui em Joinville, as empresas fazem o que querem e como querem e fica por isso mesmo, Pena que tudo isso não passa de falação e de mais promessas mentirosas ao povo, uma coisa é certa na minha opinião, o prefeito Carlito Merrs terá só 04 anos de governo e as empresas do transporte coletivo de Joinville terão mais 15 ou 20 anos, ou alguém realmente acredita que vão colocar mais empresas aqui em Joinville, ou que alguém vai ter coragem de acabar com esse monopólio aqui em Joinville, O transporte Coletivo em Joinville, é uma questão de PODER e não financeiro, por que todos sabemos que essas duas empresas faturam milhões por ano, como podemos acreditar num prefeito que diz que as empresas tem que manter a tal passagem embarcada para não sobrecarregar os motoristas, isso é assinar em baixo dessa robalheira toda que se instalou no transporte coletivo de Joinville. Esperem pra ver o que vai acontecer nos próximos anos. Como disse antes SÓ SE O PREFEITO CARLITO MERRS REALMENTE ACABAR COM ESSE MONOPÓLIO E QUE ELE TEM ALGUMA CHANCE EM SER REELEITO, DIGO ISSO PORQUE O POVO NÃO AQUENTA MAIS ESSA SITUAÇÃO.

Infelizmente o prefeito Carlito Mostrou com os seu ator que Coragem pra dizer que vai fazer isso ou aquilo não falta, o que falta é a CORAGEM DE REALMENTE FAZER ALGUMA COISA POR JOINVILLE E TODA A SUA GENTE.

Anônimo disse...

Eu pago esse valor, mas cade a qualidade dos serviços prestados?
Motoristas variam demais, dos "muito gente boa" aos ignorantes que jamais poderiam trabalhar com o público.
Ônibus lotados as três da tarde, adivinhem porque as pessoas preferem andar de carro?
Não preciso nem falar de usuários mal-educados, né?
Mas os pedintes e seus discursos, é o que tem de pior.
Tem desde "representantes" de entidades que "trabalham" com viciados a gente que chora porque a mãe tá internada em hospital, e vá conferir, tudo mentira, 171.
E porque os motoristas não os põe para fora, por incomodar os passageiros?
Talvez pelo mesmo motivo que vemos aqueles caras pedindo dinheiro na frente do terminal para comprar e consumir, ali mesmo, crack.
Você reclama e a resposta é sempre a mesma "Não podemos fazer nada".
E a quem podemos reclamar?
Não se vê polícia ali perto.
Mas se roubarem sua loja duas vezes em 15 dias, aí sim, a policia aparece e manda a malandragem andar.
Já ao lado do terminal, os trouxas alimentam e dão dinheiro a gente mal-caráter que já destruiu a própria familia, e as autoridades não aparecem.
Assim é a Joinville a deriva.

Anônimo disse...

Precisamos de concorrencia, não de monopólio. Muito menos subsidiado, criando mais uma empresa pública para os petralhas, mensaleiros e outros tipos de políticos desonestos.

Luiz Carlos Wilcke disse...

O que o anonimo fala, e deveras uma falta de conhecimento. O transporte coletivo no Brasil não pode ser privado, pois a constituinte diz que transporte coletivo e obrigação do estado. Dai que:
A conceção e cedida as prefituras, que podem exercer esses mando de varias maneiras:
1- Criando empresas, ou cedendo essa ativiade perante certos niveis de fiscalização.
Ja aandei de transporete coletivo nas principais capitais e cidades importante do Brasil, e digo: JOinville ainda tem o mlehor transporte. Isso e comparativo.
Não quer dizer que seje o melhor para o povo de joinville.
E so pra seu conhecimento, sou filiado ao pt de Joinville desde de 1983.

Anônimo disse...

CAPAIZ QUE O CARLITO VAI FAZER LICITAÇAO DO TRANSPORTE!!
ELE JA TA MAMANDO NESSA TETA,SÓ VER O AUMENTO QJUE ELE DEU AS EMPRESAS
LAMENTAVEL LAMENTAVEL MESMO

Anônimo disse...

Bela proposta do Vereador Adilsom Mariano, criar uma empresa de transporte publico municipal, é ´so buscar o modelo da empresa CARRIS em Porto Alegre que é uma empressa da Prefeitura. Funcionários concursados, e bons onibus.
Parabens vereador que eesta ideia não fique só no discurso.

Anônimo disse...

O Deputado Jose Carlos Vieira de via Visitar A Capital Gaucha e Conhecr A CIA. Carris.
E Ficar Bem Informado sobre Transporte Coletivo Publico.

Anônimo disse...

o jornal anoticia do grupo RBS tem tambem seu espaço para que os leitores deixem seus comentarios sobre nossa cidade e seus politicos mas, sempre que o comentario é contra a atual administração ou a gidion os comentarios aviados não são publicados no site do grupo RBS. Gostaria de saber o porque?