TRIBOS DE JOINVILLE: Vegano, com orgulho

Gisele Krama
giselekrama@gazetadejoinville.com.br

Pode ser por ideologia, gosto, compaixão ou saúde. Mas todos são iguais em um ponto: não comem carne. Grupo que aumenta cada vez mais, os vegetarianos ganham notoriedade no Brasil. Conhecidos também como veganos, pessoas que optam por essa dieta não consomem carne e produtos derivados do animal, seja leite, ovos ou mel. Também há o ovolacteovegetariano, que só deixa de lado as carnes.

Em Joinville, como em todo o país, o número de vegetarianos cresce e chama atenção até de empresas que antes só dependiam da carne de animal, como a Sadia, mas que hoje possuem suas linhas de produtos a base de soja.

Não comer carne parece incomum para muitos, mas para adeptos do vegetarianismo é simples. Optar por saladas, massas, soja e outros alimentos a base vegetal é difícil, mas não impossível. Uma pesquisa do Instituto Ipsos, que é líder mundial no fornecimento de pesquisas de opinião pública e social, mostrou que o Brasil é o segundo país onde o número de vegetarianos mais cresce, ficando atrás apenas do Canadá.

Ativista do vegetarianismo, o estudante Bruno Isidoro Pereira, 21 anos, deixou de comer carne na adolescência por causa da compaixão com os animais. Ainda pequeno, sentia pena e até chorava quando morria alguma espécie. “Não comer carne é uma questão de ética e respeito à vida do animal e do ser humano”, explica.

Muitos carnívoros ainda sustentam a ideia de que seria impossível parar com a alimentação a base de carne e que o vegetariano nunca gostou de ser carnívoro. Mas Bruno mostra que a história é diferente. Antes de se tornar vegetariano, só havia espaço para três coisas em seu prato: arroz, farofa e carne. “Não posso negar que carne era um negócio bom, mas a ideologia é maior que a vontade. Eu tenho consciência de fazer o certo”, explica Bruno.

Em quase seis anos sem derivados de animais, ele conta que uma das principais diferenças é o consumo de maior variedade de alimentos.
Mesmo com o crescimento do ativismo ainda existem preconceitos. Bruno lamenta muitos estereótipos que as pessoas sustentam como dizer que vegetariano é “natureba”. “Eu não gosto de alface”, ironiza.

“As pessoas e o próprio mercado de alimentação ainda não estão preparados para este grupo. Quando um vegetariano chega a um restaurante, sempre tem que ficar perguntando se certo prato é feito com derivados de animais.”

Emporium: onde a tribo se encontra

Mas nem tudo é tão difícil assim. Um ponto de encontro de vegetarianos e até de curiosos é o restaurante vegetariano Emporium, também loja de produtos naturais. Jairo Dias, proprietário do comércio, conta que em quatro anos de restaurante, já cativou um público diário de aproximadamente 120 pessoas.

Em alguns estabelecimentos da cidade, como o do Jairo, e o Giassi, os consumidores podem achar chocolate, leite condensado, creme de leito, suco, massas e até queijo sem origem animal, a base de soja.

“Cada dia aumenta mais o público que não come carne e opta por uma alimentação natural”, explica o comerciante. Conforme ele, que já participou de vários cursos sobre alimentação, a carne traz mais malefícios do que benefícios. Mas uma surpresa para Jairo é que muitas pessoas, mesmo acostumadas a comer carne, procuram o restaurante.

Segredo está no tempero
Mas o proprietário conta que a culinária vegetariana exige tempero e bom agrado. “A equipe é o ponto chave do tempero”, adianta. Nos pratos feitos no Emporium não há tempero artificial ou qualquer produto não-natural que modifique o sabor dos alimentos.

Apesar de não ser totalmente vegetariano, Jairo não come carne vermelha há mais de 20 anos.

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