Aulas recomeçam e turno intermediário também

GISELE KRAMA
giselekrama@gazetadejoinville.com.br

Na segunda-feira ensolarada, dia 8, com calor de quase 40°, dezenas de mães e crianças esperam ansiosos pelo primeiro dia de aula do lado de fora da escola Joaquim Félix Moreira, no bairro Paranaguamirim. O sol forte não impede que os pequenos alunos voltem com alegria a estudar e a reencontrar os coleguinhas.

Muitos destes têm que enfrentar o calor do meio da manhã, pois estudam no turno intermediário. São aproximadamente 300 crianças que devem frequentar as aulas no horário das 10h30 até as 14h30, em toda a rede municipal de ensino.

Ketlin Caroline Fossile, 7 anos, é uma destas crianças. Agora, ela volta feliz para a escola e com saudade das companheiras de sala de aula. Ketlin vai estudar na segunda série do Ensino Fundamental.

Mas nesse ano a garotinha terá um companheiro a mais na escola: o seu irmão de 6 anos, Paulo Sérgio Fossile. Ele frequentará a primeira série.
Nervoso, se esconde atrás da mãe, com medo dos rostos estranhos que vai encontrar. “Ele está nervoso, quase quebrando os dedos”, diz a mãe e dona-de-casa, Valdete Fidêncio, 35 anos.

PORTÕES FECHADOS
Mães, pais, estudantes e irmãos permanecem no sol. As pessoas invadem a rua já que a calçada é pequena e não comporta a multidão que começa a se formar perto das 10h30.

No meio do aglomero, Ketlin traça suas metas para este ano e diz que vai estudar bastante. Mas ela também quer brincar no parquinho da escola que, por enquanto, está fechado. A garota interrompe a conversa e lembra com alegria que o pai trouxe eles para o colégio de Kombi.

Ela também conta eufórica para a reportagem que já viu duas coleguinhas chegarem. Ketlin não aguenta mais ficar sem estudar e diz que está com saudade dos professores. “É tão legal voltar para a escola”. Ela exibe o caderno novo, com folhas cor-de-rosa, e a mochila.

Sem saber ler, nem escrever, mas na segunda série

Enquanto isso, Paulo Sérgio, irmão de Ketlin, continua abraçado com a mãe e com vergonha. Ele quer ir para a escola para aprender a ler. Conta, meio cabisbaixo, que está ansioso para fazer novos amigos. “Paulo não fez o pré-escolar”, diz Valdete.

No meio da divertida conversa com a mãe e as duas crianças, uma dura realidade transparece. Apesar de Ketlin já estar na segunda série, ela ainda não sabe ler e nem escrever. “Eu não sei escrever o meu nome”, diz a menina. E o problema não para por aí. Ela passou para a série seguinte, mesmo sem estar alfabetizada.

Ketlin ainda enfrenta a agressividade de outras crianças. Um coleguinha ficava batendo nela na escola. A mãe teve que ir várias vezes falar sobre a situação com a professora. O motivo da violência era que Ketlin não queria emprestar um lápis para o menino.

Mas estes problemas não deixam a garotinha triste. Ela já faz planos para o futuro e diz que vai ser professora. “Vou ensinar os alunos a escrever, a ler e a pintar”, adianta.

Já Paulo Sérgio explica que quer trabalhar junto com seu pai. Mas o que gosta mesmo é de futebol e é torcedor do Flamengo.

As histórias da Ketlin e de Paulo Sérgio se misturam com a realidade de diversos alunos que chegam à escola, cheios de sonhos e de alegria.

Trazem nas costas as mochilas novas, os cadernos, os lápis de cor. As mães, embaixo do sol forte, ajudam a carregar o restante do material, como cartolina e diversos papeis.

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