O quase ‘bola murcha’ salvador da pátria

Gisele Krama
giselekrama@gazetadejoinville.com.br

A velha caixinha de surpresas do futebol foi aberta novamente. O meia Ricardinho, acordou no domingo (21) com duas expectativas em mente. A primeira, e mais importante, seria o confronto contra o Avaí, valendo o título do primeiro turno do Campeonato Catarinense. O jogo prometia ser quente, pois a goleada de 5 a 1 sofrida pelo Tricolor há alguns dias no estádio da Ressacada, em Florianópolis estava entalada na garganta de todos os jogadores do JEC.

O escorregão
A segunda ficou pelo misto de ansiedade e receio de ter de aguentar a gozação dos companheiros por ter sido considerado o “bola murcha” do Fantástico, revista eletrônica da TV Globo. No jogo que colocou o Joinville na decisão, contra o Metropolitano, de Blumenau, Ricardinho foi protagonista de uma cena hilária. Na hora da cobrança de um escanteio, o meia escorregou e jogou a bola a poucos metros de distância. O resultado foi as gargalhadas das torcidas do JEC e do Metrô.

Mas, certamente, Ricardinho acordou no domingo sem imaginar o que aquele dia reservava para ele. De “bola murcha” ele passou a herói, marcando o gol que deu o título ao JEC.

Quando ninguém mais acreditava...

Herói ou não, Ricardinho fez o gol que todo jogador gostaria de fazer. Livrou o time da derrota e deu o título tão esperado para o JEC, que nos últimos anos passou por momentos difíceis. Ele fez a torcida pular com o empate no último minuto de jogo, carimbando o passaporte do Tricolor para a grande final do Catarinense 2010.

Perto do final da partida, a ansiedade já tomava conta do atleta e a torcida deixava o campo. Os torcedores da Capital brincavam nas arquibancadas, gozando dos joinvilenses com o “chororô”. Mas no último lance do jogo, uma sobra de bola nos pés de Ricardinho tornou-se a explosão da torcida tricolor.

Sorte e competência
Era uma bola difícil e que normalmente não subiria, segundo o próprio autor do gol. Mas para felicidade dos jequeanos e lágrimas da torcida azurra, a bola desviou do zagueiro do Avaí e estufou a rede. “Estava com o coração a mil. Cheguei a esquecer do cansaço”, diz Ricardo.

“Imaginei que seria um jogo emocionante, mas não tanto”, conta Ricardinho, que considera este um momento feliz para o JEC e para os jogadores. Confiante de que o time vai conseguir o título do campeonato, ele curtiu a segunda-feira de ídolo dos jequeanos.

Ricardinho adianta que as coisas não vão mudar muito e que o objetivo é continuar com a receita para fazer um bom segundo turno. Sobre o gol feito aos 49 minutos do segundo tempo, ele aponta duas causas: sorte e competência. “Fui iluminado”, finaliza.

Ricardo de Souza Silva, 24 anos, sete deles dedicado ao futebol profissional. Chegou ao Tricolor em setembro do ano passado. Traz no currículo passagens pelo Ulbra do Rio Grande do Sul, Rio Preto e Marília, de São Paulo. Ele começou a jogar aos 12 anos em sua cidade natal, no time de Votuporanga, no interior paulista.

O ‘gringo’ extravasou

Do lado de fora do gramado, como era de se esperar depois de uma partida tão importante, o técnico Sérgio Ramirez chorava pelo empate inesperado naquele momento do jogo. Depois, ele foi agradecer à equipe pela partida que moveu a Arena no último domingo.

As comemorações já terminaram e a rotina de treino de oito horas por dia foi retomada pelos jogadores na última quarta-feira (24). Até então, o time pode curtir dois dias de folga. Com vaga garantida para a final do Catarinense, a equipe pode conquistar o título se vencer também no returno.

O tricolor estreia no returno fora de casa, contra o Criciúma, no estádio Heriberto Hulse no domingo 28.

Um comentário:

Thiago Klein disse...

* Correção:

5 x 1 na primeira partida :/