Bom para se morar, ruim para transitar

Dinilson Vieira
dinilson@gazetadejoinville.com.br

Considerado um dos bairros mais tradicionais de Joinville, o América que também é referência por servir de endereço ao Ginásio de Esportes Deputado Ivan Rodrigues e ao Centreventos Cau Hansen, apresenta números interessantes. Mais de 70,31% de seu território de 4,54 quilômetros quadrados são cobertos por rede de esgotos, impedindo que a sujeira produzida em casas atendidas pelo sistema se misture à rede de água pluvial – o que não significa a solução dos problemas, pois os dejetos ainda caem no rio Cachoeira sem tratamento.

Além disso, o bairro deve apenas 2.850 metros de asfalto de um total de 52,1 quilômetros que cobrem sua malha de 127 vias públicas. Como índice de comparação, por exemplo, no Centro o déficit de asfalto é de irrisórios 220 metros, mas o total de ruas não chega a somar 19 quilômetros.

O América é endereço de 40 indústrias, 690 pontos comerciais e de nada menos que 1.366 serviços espalhados por ruas bastante conhecidas, caso da Dr. João Colin, Blumenau, João Pessoa, Timbó, Max Colin, Visconde de Mauá, Orestes Guimarães, XV de Novembro e Lages. Outro número que chama a atenção é a renda média por chefe de família de R$ 1,800,00, valor que só o faz perder para o Atiradores e o próprio Centro, segundo o Diagnóstico Social da Criança e Adolescente, realizado pelo Conselho Municipal da Criança e Adolescente e Prefeitura.

“Moro no América há 76 anos, nasci aqui. É um bairro em que todos se respeitam. Se passa alguém dirigindo um carro muito rápido, pode ter certeza que não é daqui”, afirma o comerciante da rua Max Colin, Paulo Getulio Boehm, que já foi vereador da cidade por três vezes. Sua última legislatura data de 1973. Marcos Hardt, cliente assíduo da mercearia de Paulo Getulio e morador da rua Orleans, concorda: “Estamos no melhor lugar da cidade. Para melhorar, só cuidando do rio Cachoeira (bacia do qual pertence o América)”.

O bioquímico Omar Amin Ghanem Filho, que morou no América 25 anos, atualmente ainda passa a maior parte do tempo trabalhando no bairro, em um laboratório de análises clínicas localizado na famosa esquina das ruas Blumenau e Max Colin. Ele nunca deixou de gostar da região: “É bonita, de localização privilegiada e com infraestrutura completa. Também acho o trânsito tranquilo e a segurança, boa. Sou um entusiasta do América”, admite Omar.

O América também é endereço do Museu de Arte de Joinville (MAJ), situado na esquina das ruas Jaraguá e XV de Novembro, em frente à Cidadela Cultural Antarctica. Funcionária do local há três anos, a educadora de museu Alcione Resin Risteu faz elogios ao bairro: “É agradável, pois sua área comercial não é conturbada”.

“A administração sabe nos enrolar”

Vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos do América, Jordi Castan faz críticas ao bairro visíveis de serem constatadas. Alguns minutos de observação bastam para se verificar os problemas de trânsito no trecho de mão dupla da Max Colin, entre as ruas Jaraguá e Campos Salles. “Há comércios e carros estacionados nos dois lados da rua. É um perigo tanto para motoristas quanto aos pedestres”, afirmou Jordi.
“Faz tempo reivindicamos a construção do binário Max Colin/Timbó, mas o que a administração sabe fazer é nos enrolar”, completou ele. Responsável pela sinalização viária no município, a Conurb (Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Joinville) foi procurada pela reportagem para falar sobre o assunto e não deu retorno. A secretária regional do Centro, Rocheli Grandene, também não respondeu à Gazeta.

Descaracterização
Em texto publicado no blog da Associação de Moradores e Amigos do América (http://bairroamerica.blogspot.com), o arquiteto Sérgio Gollnick não concorda muito com a qualidade de vida do bairro. Segundo ele, o América está sendo progressivamente descaracterizado, isolando-se em alguns lugares e cercado por vias cada vez mais rápidas, “metamorfoseando-se em ilhas, situação que só agora alguns parecem reconhecer”.

De acordo ainda com o texto, cada vez mais o América vem se transformando de um bairro predominantemente residencial para uma zona de transposição da cidade. “Áreas importantes de Joinville pela sua história e peculiaridades são diariamente violentadas de forma verdadeiramente intolerável”, diz o arquiteto.

O vereador Adilson Mariano (PT), que mora no Aventureiro, elogiou o América (“é um bairro em ótimas condições”), mas criticou a forma como se pretende conquistar melhorias. “São moradores mais bem informados, mas tentam conquistar através de amizades. E só diálogo não resolve. No América, o trânsito é tão ruim como em toda a cidade”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adoro morar no América. Pode ser ruim de transitar, mas somente em alguns horários. Fora isso não troco o bairro por outro.

Mauro Fonseca disse...

O trânsito é complicado em todas às partes de Joinville, isso, por falta de planejamento dos governos anteriores e do atual.
O bairro América, há muito tempo é residencial/comercial, vide exemplo: existem moteis, restaurantes, indústrias.
Outro absurdo, existem vários terrenos sem construção e, sem previsão de empreendimentos que poderiam embelezar a cidade.
Alguém já caminhou pelas ruas João Colin e Blumenau, de ponta a ponta, dá medo, construções deteriorada, calçada danificada, enfim, tem muito a melhorar.