Calote em empreiteiros pode chegar a R$ 15 milhões

Da Redação
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A Prefeitura de Joinville certamente entraria na lista do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) se para isso houvesse respaldo jurídico e dependesse da vontade dos empreiteiros que prestam serviços à administração e reclamam de um calote público. Enquanto à oposição ao governo Carlito Merss (PT) estima a dívida atual com os prestadores de serviço em cerca de R$ 15 milhões, a administração diz que o valor não ultrapassa R$ 4 milhões.

O resultado da inadimplência foi tratores e caminhões parados nas 14 secretarias regionais em dias ensolarados e trabalhadores de braços cruzados jogando dominó para passar o tempo. Enquanto isso, nas ruas de alguns bairros as reclamações aumentaram por causa do acúmulo da poeira e de buracos. Por meses seguidos, empreiteiros acumularam dívidas por falta de recebimento de pagamento. Faltou dinheiro para combustível e manutenção dos equipamentos.

Cansados e indignados com o impasse, na terça-feira (13) um grupo de proprietários das empresas compareceu a uma reunião convocada pela Comissão de Finanças da Câmara de Vereadores, a fim de buscar uma solução para seus problemas. Na ocasião, foi vinculada a hipótese de colocar a prefeitura no SPC, sobrando risos na plateia. Sobraram críticas a Carlito e sua equipe, porém nada foi resolvido. Empreiteiras como a Transporte Lindomar, que mantém cinco caminhões prestando serviço à prefeitura, tem a receber mais de R$ 500 mil, montante acumulado nos últimos 12 meses.

O secretário da Fazenda, Márcio Florêncio, que esteve na reunião para dar explicações à comissão, reconheceu a dívida do governo. No entanto, como em todos os encontros com os vereadores de oposição (DEM, PSDB, PPS e PSL), culpou a gestão passada por parte das dívidas. Florêncio adiantou que irá fazer um levantamento para listar todas as empreiteiras que não recebem os pagamentos.

O democrata Odir Nunes levou a discussão para além das dívidas com as empreiteiras. “Se eles (os empreiteiros) não recebem, os outros fornecedores também não ganham (como os de remédios)”, destaca.

“Eles são vingativos” denuncia empreiteiro

Empreiteiros, cuja maioria preferiu manter-se no anonimato com receio de retaliações, disseram que já estão com o “nome sujo” na praça por causa de dívidas com postos de combustíveis, por exemplo. Se questionarem a prefeitura, disseram alguns empresários, poderiam ser desqualificados na próxima licitação. “Por isso não falamos antes. Eles são vingativos”, disse um empreiteiro que alegou ter a receber mais de R$ 700 mil atrasados.

Lindomar Amado da Cunha, dono da Transporte Lindomar, explicou que em seu contrato com a administração ficou acertado que ele arcaria com todos os custos dos cinco caminhões – cada um custa cerca de R$ 15 mil por mês. O principal problema apontado pelos empresários é esse custo, já que como não recebem, também sequer podem abastecer os veículos. Arlindo Amado da Cunha, sócio de Lindomar, disse que já vendeu dois carros por causa das dívidas acumuladas na manutenção de equipamento. “Se não tem dinheiro, não contrata”, constata.

Odir apontou como possível solução que as Secretarias Regionais reduzam o número de caminhões e tratores contratados, a fim de sobrar dinheiro em caixa para pagar empreiteiras. “A prefeitura não tem moral para cobrar mais empenho dos credores no trabalho, porque também não paga o que deve”, ataca.

O secretário Florêncio tentou contornar a situação, argumentando que existe falta de pagamento desde 2004.

No fim da reunião, a comissão decidiu encaminhar ofício ao Executivo solicitando o valor que já foi recebido da dívida ativa do município desde janeiro de 2009 a março de 2010, assim como a relação de empreiteiras e fornecedores para os quais a prefeitura ainda está em débito e seus respectivos valores.

Serviços estão comprometidos

Um reflexo do impasse já atinge a auto-estima de funcionários de empreiteiras. No começo do ano passado, por exemplo, um trabalhador de uma empresa foi enviado para cuidar da manutenção da Estrado Rio do Júlio, em Pirabeiraba. Porém, desanimado porque estava com o salário atrasado, pediu demissão.

Renato Traldi, 55 anos, é dono de uma propriedade no Rio do Júlio e acompanhou de perto o sofrimento do funcionário. Renato chegou a dar gasolina e saibro para que a estrada fosse conservada. Um dos maiores problemas na região é a proliferação de borrachudos, que precisam ser eliminados a cada vinte dias. “Mas faz muito tempo que a prefeitura não espalha mais veneno”, comentou Renato à época. A estrada leva a uma famosa pousada da Serra Dona Francisca. Com a estrada ruim, os turistas não aparecem.

Briga política

Como já vem acontecendo há tempos, situação e oposição sempre brigam para encontrar um culpado. Enquanto a oposição cria reuniões e joga a responsabilidade para o governo petista, vereadores da situação dizem que os problemas já vinham da gestão anterior.

“Antigamente os empreiteiros não reclamavam sobre a falta de pagamento”, disse Jucélio Girardi (PMDB). Já Joaquim Alves (PSDB) destacou que nunca houve tanta dívida como a atual.

Já o vereador Juarez Pereira (PPS) diz que o Governo Municipal está desorientado. “O Executivo é um trem desgovernado”, ataca.

5 comentários:

Anônimo disse...

será que estão escondendo o dinheiro para a campanha da Marinete?

Anônimo disse...

é o pt no poder gente , isso ja sabiamos que iria acontecer
ja aconteceu em outras gestoes desastrosas do pt
unica soluçao seria o povo ir a rua e pedir a saida desse bando de imcompetentes que la se alojaram

Anônimo disse...

Queremos o impeachment desse prefeito.

Anônimo disse...

são apenas a turma que trabalhava com o Teba.....balde que estão com saudade dos desvios e gorjetas extras da gange anterior.. tem mais que não pagar mesmo e colocar novas pessoas pra exercerem estes trabalhosççççççç

Anônimo disse...

Para ser justo, com ambos os lados, o reporter deveria perguntar quanto significa no montante da dívida a parte deixada pela administração anterior a ser pago. Outra questão é o vereador dizer que se não pagar empreiteiros não paga outros fornecedores tbém. Isso é irracional, quando o dinheiro é pouco, há sempre uma priorização. Deixar de pagar tudo é aumentar a dívida. Não resolve e ainda piora. E tá na hora de se criar instrumentos para impedir a contratação de obras em final de campanha e deixar a dívida para administrações futuras. Empreiteiros vivem quebrando sempre pelo mesmo motivo. E já tem em suas tabelas o custo que isso significa.