EDITORIAL: A farsa que quase virou verdade

Quando o último dos nove desembargadores deu seu voto, pouco depois das 14 horas do dia 25 de março de 2010, a verdade finalmente foi restabelecida. Levou três anos e treze dias para a Justiça derrotar a maior farsa policial da história de Joinville.

Tudo começou em 2007, com a prisão do pedreiro Oscar do Rosário, acusado de matar brutalmente a menina Gabrielli Cristina Eicholz dentro de uma igreja adventista em Joinville. A Gazeta percebeu os indícios da farsa e decidiu fazer o que sempre faz: investigar.

Ouvimos a pediatra que, em vão tentou reanimar a menina no pronto socorro do hospital Regional e o perito do IML, Dr. Nelson Quirino. Ambos foram enfáticos em afirmar que a morte da menina foi por afogamento e que não havia sinais de abuso sexual.

Enviamos uma equipe de reportagem para Campinas-SP para ouvir um dos maiores especialistas do país, Dr. Badan Palhares, da Unicamp. Badan analisou o laudo cadavérico e foi taxativo: não houve crime, a morte da menina foi acidental.
O círculo se fechava contra a farsa policial, mas eles tinham ido longe demais para admitirem que tentaram enganar o país.

Por quatro vezes fomos a Canoinhas checar o álibi do acusado Oscar do Rosário. Os repórteres confirmaram o que afirmava o pedreiro.

Desmascaramos a farsa do exame de DNA. A polícia dizia que não havia material para fazer o exame quando na verdade foi coletado material no corpo da menina e analisado no Instituto Geral de Perícias de Florianópolis. O resultado dos exames não confirmavam a versão oficial.

Com a anulação do processo contra o pedreiro Oscar do Rosário, pelo Tribunal de Justiça, a farsa finalmente acabou, mostrando, mais uma vez, que a imprensa pode contribuir para que a verdade seja revelada.

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